Ygor Bastos

Carteiras Recomendadas > Dividendos > Carteira Recomendada > Carteira Recomendada Top Dividendos – Agosto 2023

Publicado em 03 de Agosto às 04:28:58

Carteira Recomendada Top Dividendos – Agosto 2023

Resumo

O Ibovespa emplacou o 4º mês de alta consecutivo! A redução do ruído político e a iminência do corte de juros colaboraram mais uma vez para o aumento do fluxo de investidores estrangeiros no país. Diante das expectativas positivas, a aposta mais óbvia seria posicionar a carteira em ações ligadas a economia domésticas e setores de consumo, porém ressaltamos que ainda encontramos boas oportunidades em setores defensivos, com boas perspectivas de pagamento de proventos. Manteremos o percentual de ativos dolarizados da composição anterior, reiterando a estratégia conservadora, escolhendo ativos com boa de geração de caixa projetada e baixa alavancagem. Estamos adicionando Aliansce Sonae (ALSO3). Apesar de seu bom desempenho operacional, os múltiplos seguem descontados frente aos seus pares. Acreditamos que tal desconto não se justifica!

Cenário Macro

Enquanto o Brasil entrou em um novo ciclo de corte de juros, os Estados Unidos e outros países desenvolvidos podem manter ou até aumentar suas taxas. Esse diferencial de juros pode tornar o Brasil menos atraente para investimentos de curto prazo e o desempenho do Real dependerá do equilíbrio entre os fatores internos e externos. Olhando para a curva de juros, é possível notar que o mercado já precifica a Selic em torno de 9% ao final de 2024, mas lembramos que ainda existem muitos eventos importantes nos próximos meses que podem mudar o rumo dessa trajetória. É preciso considerar que a inflação permanece acima da meta, e a redução da Selic deve ser gradual. Os indicadores de demanda mostram resultados fracos, indicando que a política monetária está desacelerando a economia.

Objetivo da Carteira

A Carteira Top Dividendos visa superar o desempenho do IDIV no longo prazo por meio de empresas que apresentarão retornos totais acima da média do mercado. Elaboramos esta carteira para potencializar os retornos dos investidores via recebimento de proventos.

A seleção dos ativos se baseia em critérios fundamentalistas, alinhados com as opiniões do time do Genial Analisa. Analisamos as dinâmicas dos setores, a qualidade das empresas, a geração de caixa e a necessidade de investimento projetada das empresas no médio/longo prazo.

CENÁRIO MACRO — BRASIL

O Congresso demonstrou independência ao sinalizar que não aprovaria a reversão de reformas já implementadas, e o Banco Central, apesar dos ataques, manteve uma política monetária contracionista, o que levou à desaceleração da economia e à redução das taxas de inflação. Esses fatores contribuíram para a decisão do Copom, de cortar a Selic em 50 pontos-base. A partir de agora, o grande desafio será manter a estabilidade econômica e encontrar o equilíbrio entre as perspectivas para a inflação e os estímulo à economia.

Apesar disso, as projeções apontam para recessão técnica a partir do 3T23 trimestre, devido à demanda doméstica fraca e incerteza jurídica. Mercado de crédito desacelerando gradualmente, 13º resultado consecutivo de arrefecimento das concessões. Cartão de crédito rotativo continua em expansão, mas elevada taxa de juros pode aumentar inadimplência.

CENÁRIO MACRO — INTERNACIONAL

Nos EUA, o banco central americano (FED) elevou a taxa de juros em 25 pontos-base, saindo de 5,25% para 5,5%. Os dados econômicos apresentam sinais mistos. O PIB do segundo trimestre superou as expectativas, mas setores industriais estão em desaceleração. Enquanto a inflação permanece em níveis elevados (5,5% a/a), o núcleo mostra-se mais baixo que o esperado. Ainda existe incerteza sobre o futuro da política monetária, com a possibilidade de mais uma alta de juros ou repetição da estratégia de pausa seguida de elevação.

A Zona do Euro superou a recessão técnica com um crescimento de 0,3% no PIB no segundo trimestre, mas a desaceleração ainda preocupa. O PMI de serviços mostra expansão, enquanto a indústria desacelera. A inflação continua resiliente, mas o alto nível de poupança das famílias pode ajudar a sustentar o consumo, apesar dos preços elevados. A política monetária do Banco Central Europeu (BCE) pode depender do equilíbrio entre a atividade econômica e a inflação.

A China segue enfrentando um cenário adverso, com desaceleração da economia devido à crise imobiliária e ao ambiente externo desfavorável. O PIB cresceu abaixo das expectativas, e o mercado imobiliário continua desafiador. A taxa de desemprego entre os jovens atingiu níveis elevados, limitando a recuperação da confiança do consumidor e o investimento das empresas. A demanda interna permanece anêmica, contribuindo para o arrefecimento da economia.

CENÁRIO AÇÕES BRASIL

Analisando os efeitos da queda da taxa Selic, a maioria desse movimento já foi precificada pelo mercado. Porém, as reduções da Selic, se conduzidas de maneira adequada, historicamente tendem a influenciar a queda das taxas de juros de longo prazo. Novos movimentos de fechamento da curva de juros na ponta longa poderiam trazer um folego extra para o movimento de alta observado nos últimos 4 meses.

Mesmo subindo 21,20% em dólar em 2023, a bolsa brasileira ainda negocia a 8,4x lucro para os próximos 12 meses, abaixo de sua média histórica de 11,1x. Excluindo Vale e Petro da conta, esse número sobe para 10,3x, ou seja, 7% abaixo da média histórica.

Outra ótica importante a ser observada é a relação entre esse indicador (Preço/Lucro 12M) e o Yield da NTN-B de 10 anos (que representa o retorno do investidor acima da inflação ao investir em um título IPCA+ com vencimento de 10 anos). Essa correlação nos mostra que quanto menor o Yield, maior tende a ser o Preço/Lucro que o Ibovespa negocia. Esse gráfico nos leva a conclusão de que ainda temos espaço para o juro futuro cair a medida que novos cortes na Selic sejam anunciados. Consequentemente, acreditamos que a bolsa ainda tem espaço para subir.

Quando analisamos o spread entre o Earnings Yield¹ do IDIV e o Yield da NTN-B de 10 anos, encontramos uma assimetria significativa, com o spread atual em 9,4p.p. em comparação com a média histórica de 5,6pp. Importante destacar que o prêmio de risco do Ibovespa está convergindo para a média mais rapidamente do que o IDIV.

¹O Earnings Yield indica a relação entre o lucro líquido de uma ação ou índice e seu valor de mercado.

Existe espaço, mas será que existe fluxo?

Fluxo estrangeiro na B3 atingiu o maior valor no acumulado de 2023. Com o clico de corte de juros, batendo na porta, novas ofertas voltaram a surgir no mercado de capitais e isso pode gerar uma disputa por recurso e limitar os movimentos mais intensos de alta. No fim do dia, embora o Brasil esteja recebendo maior atenção dos investidores, a brasileira precisará da entrada de dinheiro novo.

CARTEIRA TOP DIVIDENDOS | GENIAL ANALISA

Desde o lançamento da carteira em 30/03/2023, aproximadamente 4 meses atrás, a carteira recomendada Top Dividendos se valorizou 12,4%, levemente abaixo dos principais índices de referência. A carteira segue com um perfil defensivo, com objetivo de reduzir a volatilidade da carteira e focando nos ativos que possuem maior margem de segurança, com múltiplos distantes dos que julgamos justos.

A carteira agora fica com a seguinte concentração:

  • 46% no setor elétrico,
  • 10% no setor financeiro excluindo banco,
  • 21% em bancos,
  • 11% em siderurgia e mineração,
  • 7% em telecomunicações e
  • 5% em shoppings.

#1 | ELETROBRAS (ELET3)

Seguimos confiantes com a tese de Eletrobras. Com o risco da reestatização afastado, devemos observar no médio/longo prazo os reflexos da reestruturação da empresa. O planejamento é reduzir custos na linha de PMSO (pessoal, material, serviço de terceiros e outros) em R$3,7 bilhões até 2026. A reestruturação dos suprimentos também trará economias de aproximadamente R$400 milhões no ano e mais R$83 milhões no 2º semestre de 2023. Complementarmente, a empresa está trabalhando nas evoluções relacionadas aos passivos previdenciários, unificando planos e colocando indexadores bem definidos.

Desde a privatização, o desempenho ruim nas ações é justificada pela queda nos preços da energia de longo prazo. Sendo assim, uma mudança de perspectivas derivada de alguns fenômenos meteorológicos (como o El Niño) pode levar a uma rápida reprecificação no case da empresa.

Dito isso, ainda acreditamos que a empresa negocia a múltiplos muito inferiores aos pares privados de geração/transmissão (5,5x EV/EBITDA 23E e P/VP 0,8x). Estimamos um dividend yield de 7,5% para 2023.

#2 | BANCO DO BRASIL (BBAS3)

Permanecemos otimistas com Banco do Brasil. Além de esperarmos um trimestre sólido a ser reportado no 2T23, continuamos não observando possíveis sinais de uma intervenção política. Além disso, de sua inadimplência relativamente inferior aos incumbentes continuar permitindo uma expansão de suas operações.

Esperamos que a margem financeira (NII) do banco mantenha-se em níveis favoráveis, enquanto o NII clientes deve continuar sendo impulsionado pelo spread atual e pelo crescimento da carteira. Além disso, o NII mercado deve continuar apresentando resultados positivos, beneficiado pelos juros altos, o que é uma vantagem em relação aos concorrentes do setor. Esses fatores indicam que o banco está bem posicionado para manter seu desempenho financeiro sólido e diferenciado no mercado.

Para nós, o valuation da empresa segue bastante atrativo, com um P/L de 3,9x, além de um P/VP de apenas 0,74x, ambos para 2023. Adicionalmente, projetamos um dividend yield de 10,6% para o ano corrente.

#3 | BB SEGURIDADE (BBSE3)

Apesar da queda da receita financeira esperada para o segundo semestre devido à queda da Selic, acreditamos que a companhia deve continuar reportando melhora na sinistralidade. Além disso, a divulgação do Plano Safra deve fazer com que os prêmios emitidos se recuperem ao longo de 2023. Sendo assim, esperamos que os prêmios fiquem acima do topo do guidance para o ano corrente.

Acreditamos que o valuation de BB Seguridade segue atrativo, negociando a 8,4x P/L 23E. Esperamos um payout próximo a 90% para 2023, com um dividend yield de 10,4%.

#4 | TRANSMISSÃO PAULISTA (TRPL4)

Após os números do 2T23 divulgados, observamos aumento das receitas, além de um bom gerenciamento dos custos operacionais, dado o início de operação de alguns dos projetos que estavam sendo desenvolvidos. Além disso, a companhia divulgou números elevados de investimentos em reforços e melhorias, o que para nós é um ótimo indicativo de que a RAP aumente em um futuro próximo.

Também cabe citar o recente resultado da empresa no último leilão de transmissão, com aquisição de dois lotes com investimentos previstos totais de R$2,4 bilhões, que deve garantir bons retornos no longo prazo para Companhia.

Mesmo com sua recente valorização, que por sua vez reduziu o prêmio de risco para se investir nas ações, estimamos que ISA CTEEP negocia a uma TIR de 10%. Projetamos um dividend yield de 5,9% para 2023 e 7,4% para 2024.

#5 | ENGIE (EGIE3)

A Engie continua demonstrando um excelente nível de contratação para o seu portfólio de geração nos anos de 2023 e 2024. Mesmo em meio a um cenário de queda nos preços futuros da energia, a empresa possui contratos já firmados a preços atrativos. A perspectiva de longo prazo também é promissora, com uma geração de caixa saudável e um significativo pipeline de investimentos que serão implementados nos próximos anos. Controle adequado do endividamento permitirá à empresa oferecer generosos dividendos, reforçando seu potencial como uma boa aposta para os investidores. A qualidade e a estabilidade da Companhia a tornam uma escolha sólida para os interessados em investir no setor de energia. Projetamos um dividend yield de 8,3% para 2023 e 9,6% para 2024.

#6 | AUREN (AURE3)

O destaque do trimestre recém divulgado foi a conclusão da securitização da indenização da Usina Três Irmãos, gerando R$4,2 bilhões em caixa e reduzindo o endividamento líquido para apenas R$456 milhões, resultando em uma relação de 0,3x dívida líquida/EBITDA 12M. Com uma geração de caixa operacional estimada para 2023 de R$1,1 a 1,3 bilhões e poucos investimentos planejados, a empresa tem espaço para o pagamento de dividendos adicionais além dos já distribuídos. Embora não seja possível precisar um valor exato, a empresa poderia distribuir até R$4 por ação. Contudo, é importante considerar que a empresa pode optar por novos projetos e aquisições. Com as cotações atuais, a empresa está negociando com uma taxa implícita de retorno de 8,5% em termos reais.

É importante ressaltar que a empresa possui um alto grau de contratação, garantindo mais de 90% do seu portfólio para os próximos anos. Isso significa que seu fluxo de caixa está protegido mesmo diante da recente queda nos preços de geração. Dessa forma, nossas estimativas quanto à geração de caixa operacional e o potencial de pagamento de dividendos da empresa se mantêm inalteradas. A sólida contratação de energia proporciona uma base estável para suas operações financeiras.

#7 | ITAÚ (ITUB3)

Seguimos confiantes com Itau no longo prazo. Olhando para as expectativas do 2T23, também esperamos bons números. O banco segue apresentando uma carteira de crédito mais conservadora, o que por sua vez reduz seu custo de crédito frente aos seus principais competidores. Sabemos que a maioria dos investidores prefere as PN ao invés das ON de Itaú pela liquidez. Porém, olhando especificamente para a estratégia de dividendos, com o desconto da ON atingindo ~15% em relação a PN, injustificada a não ser por conta da menor liquidez. Como o payout é igual para ITUB3 e ITUB4, o dividend yield de ITUB3 se torna bem mais atraente.

Estimamos um payout próximo de 50% para Itaú em 2023. Sendo assim, nosso dividend yield projetado é de aproximadamente 6,7% para 2023 e 7,6% para 2024.

#8 | VIVO (VIVT3)

Acreditamos que a Vivo segue sendo uma escolha sólida no setor. Em nossa abordagem defensiva, a empresa continua desempenhando bem o seu papel. Operacionalmente, ainda acreditamos que suas estratégias para migrar clientes pré-pagos para planos pós-pagos são mais eficientes do que as de seus concorrentes. Essa eficácia reforça nossa confiança na Vivo como uma opção atraente, devido às suas características distintas e abordagem estratégica bem-sucedida no mercado.

Segundo nossas estimativas, Vivo negocia a 4,0x EV/EBITDA 23E, o que na nossa visão é um múltiplo atrativo. Projetamos um dividend yield de 6% para o ano corrente.

#9 | VALE (VALE3)

Apesar dos efeitos não recorrentes terem afetado o lucro do 2T23 de Vale, ainda assim temos boas perspectivas para o segundo semestre. A confirmação da venda de parte de sua na unidade de metais básicos para um parceiro estratégico, mesmo que seja uma fatia minoritária, agrega valor no longo prazo. Além disso, o valuation mais alto da unidade de metais básicos evidencia o quão descontada está Vale ex-metais básicos, a unidade de metais ferrosos, que já gera caixa robusto.

Estimamos que o preço do minério de ferro caia no segundo semestre de 2023 devido à sazonalidade favorável das mineradoras brasileiras. Apesar disso, a Vale deve reportar resultados melhores nos próximos trimestres, impulsionados pelo fechamento de gap entre produção e vendas, diluição de custos e a entrada em operação da barragem de Torto, que melhorará a qualidade do mix de aglomerados e proporcionará um incremento de prêmio.

Em termos de valuation, estimamos que Vale-ex metais básicos negocia a um múltiplo de 3,55x EV/EBITDA vs. uma média histórica de 4,84x. O dividend yield projetado é de 9,2% que ainda a serem pagos em 2023.

#10 | ALIANSCE SONAE (ALSO3)

Uma das formas de conseguirmos nos expor a setores mais ligados a economia domésticas, que podem se beneficiar da retomada do consumo e sem abir mão do recebimento de proventos, foi buscando alternativas no segmento de Shopping. Dentre os pares do setor, Aliansce nos parece uma ótima opção. Apesar de seu bom desempenho operacional, os múltiplos seguem descontados frente às outras empresas do setor. Acreditamos que tal desconto não se justifica!

No preço atual, a empresa negocia a um P/FFO 2023E de 12,8x e P/E 2022E de 11,6x vs 14,23 da média dos comparáveis.

Além disso, após um resultado fraco no 1T23, completamente poluído por despesas não recorrentes relacionadas ao processo de fusão entre Aliansce Sonae e brMalls, acreditamos que a melhora sequencial deve se traduzir em boa geração de caixa para a Companhia.

#11 | GERDAU (GGBR4)

Diante da recente valorização das ações, acreditamos que o potencial de valorização adicional é limitado. Não vemos razões para um otimismo significativo, considerando que a Gerdau, embora seja uma empresa de qualidade é altamente cíclica. Dito isso, estamos reduzindo nossa exposição à Gerdau de 8% para 4%.

No entanto, mesmo com um aumento marginal do múltiplo, ainda enxergamos Gerdau como uma empresa sólida, com um dividend yield de 6,9% projetado para 2023.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica