Publicado em 05 de Fevereiro às 07:00:00
Acompanhe o conteúdo e veja as melhores ações para investir com foco em dividendos em fevereiro de 2024
O mês de janeiro foi marcado por uma correção nos mercados, afetando principalmente os ativos considerados mais arriscados, como a bolsa brasileira. Diante deste cenário, o Ibovespa registrou uma queda de 4,8%, refletindo os ajustes de portfólio dos investidores globais. Em contraste, a nossa carteira Top Dividendos cumpriu bem seu papel defensivo, limitando as perdas a 3,3%. Desde o lançamento, a valorização acumulada caiu para 21,9%
Mesmo após um mês difícil, nossa visão estratégica permanece a mesma para o restante de 2024. A tendência de queda dos juros globais reforça nosso foco em empresas que se beneficiam desse contexto, especialmente em ativos com capacidade de pagar bons proventos. Continuaremos com a abordagem adotada em janeiro, mantendo um viés positivo sobre empresas de qualidade e acreditamos que as mudanças pontuais que fizemos no início do ano, começarão a render bons frutos com a chegada da temporada de resultados.
Estamos aumentando nossa exposição à Petrobras, antecipando uma possível distribuição de dividendos extraordinários no curto prazo.
Contrariando as expectativas de um 2024 menos volátil, janeiro revelou uma realidade oposta. As taxas de juros nos Estados Unidos apresentaram alta, influenciadas pelos dados recentes do mercado de trabalho. Essa situação ajustou as previsões para o início do ciclo de afrouxamento monetário, agora esperado para ser postergado da reunião do Federal Reserve (Fed) de maio para a de junho. Apesar desses ajustes, a perspectiva de juros mais baixos na maior economia mundial favorece a continuidade da redução da taxa Selic no Brasil, atualmente em 11,25%, com expectativas de alcançar um patamar próximo a 9% ao final do ciclo.
A Carteira Top Dividendos visa superar o desempenho do IDIV no longo prazo por meio de empresas que apresentarão retornos totais acima da média do mercado. Elaboramos esta carteira para potencializar os retornos dos investidores via recebimento de proventos.
A seleção dos ativos se baseia em critérios fundamentalistas, alinhados com as opiniões do time do Genial Analisa. Analisamos as dinâmicas dos setores, a qualidade das empresas, a geração de caixa e a necessidade de investimento projetada das empresas no médio/longo prazo.
Importante ressaltar que o cenário mudou pouco em relação ao que falamos no começo de janeiro, mas alguns pontos chamam nossa atenção. À medida que avançamos em 2024, o cenário macroeconômico apresenta uma mistura de otimismo com cautela, refletindo tanto as perspectivas internacionais quanto os desafios domésticos. Internacionalmente, apesar de um cenário global relativamente positivo, marcado pela expectativa de queda nas taxas de juros e um crescimento sólido da economia americana, emergem preocupações específicas. A Europa, enfrentando estagflação, e a China, com sua economia em uma trajetória de deflação persistente, acendem um sinal de alerta. Em particular, a crise no mercado imobiliário chinês e a subsequente deflação têm implicações diretas para a economia global, incluindo o Brasil, que sofre com essas dinâmicas devido à sua posição como um grande exportador de commodities.
A desaceleração da inflação tem permitido ao Banco Central prosseguir com cortes na taxa Selic desde agosto do ano passado. Essa desaceleração inflacionária tem sido impulsionada, em parte, pela deflação de bens. Reforçamos nossa abordagem mais cautelosa devido à preocupação com a situação fiscal. Em um cenário negativo, o BC pode encerrar o ciclo de cortes em um patamar mais alto do que o inicialmente projetado.
Do ponto de vista de atividade econômica, os últimos dados evidenciam um crescimento modesto no setor de serviços. Paralelamente, o mercado de crédito mostra sinais de recuperação, impulsionado pela queda das taxas de juros e refletido na inadimplência, um cenário que sugere um potencial estímulo ao consumo em 2024. Além disso, o mercado de trabalho brasileiro se mostra resiliente, com uma queda significativa na taxa de desemprego e um aumento na formalização, contribuindo para sustentar o consumo por meio do crescimento da massa salarial.
O cenário fiscal do Brasil ainda é marcado pela urgência em aumentar receitas e controlar despesas. A probabilidade de estarmos diante de um ambiente de aumentos na carga tributária é enorme. Após um déficit significativo de R$ 116,1 bilhões em dezembro, o contexto fiscal foi tomado por uma necessidade de ajustes na política tributária, evidenciado pela proposição da MP que reintroduz a tributação sobre a folha de pagamentos. Juntamente as discussões sobre reformas e medidas tributárias, como a tributação de dividendos e ajustes nas alíquotas do imposto de renda, podem reaparecer no fim do mês de fevereiro.
A principal diferença do cenário traçado no começo de janeiro para o cenário atual está na expectativa em relação à política monetária do Fed e na percepção do mercado sobre a trajetória das taxas de juros. No início de janeiro, havia um otimismo em relação ao ciclo de cortes nas taxas de juros mais cedo, possivelmente entre o final do primeiro e o início do segundo trimestre de 2024. Esse otimismo estava ancorado na expectativa de que a economia dos EUA desaceleraria de forma gradual, controlando a inflação sem cair em uma recessão significativa, o que, por sua vez, abriria espaço para uma redução das taxas de juros mais cedo, aliviando as condições monetárias.
No entanto, o mercado pode ter sido excessivamente otimista quanto ao timing e à extensão dos cortes de juros pelo Fed. Os dados recentes do mercado de trabalho, com a geração de empregos e os salários surpreendendo muito para cima, confirmam a nossa visão de que os cortes não ocorreriam em maio mas sim em junho. Quando confrontamos os dados do começo de janeiro versus os do começo de fevereiro, implícitos na curva de juros dos EUA, conseguimos ilustrar esse movimento de ajuste de expectativas.
A Europa, particularmente, lida com a estagnação econômica, enquanto espera por uma recuperação que permanece tênue diante de uma demanda externa fraca e problemas de competitividade no setor industrial, especialmente na Alemanha. O Banco Central Europeu sinaliza uma abordagem de cautela, projetando o início de um ciclo de afrouxamento monetário apenas ao redor do verão europeu, refletindo a complexidade de estimular a economia sem gerar inflação.
Na China, embora esforços de estímulo econômico tenham começado a mostrar resultados, o mercado imobiliário continua a ser uma fonte de preocupação. O suporte governamental ao setor de habitação social e a manutenção do preço do minério de ferro acima da média histórica são sinais positivos, mas a projeção de crescimento para 2023 e a abordagem cautelosa para 2024 evidenciam um caminho desafiador à frente.
O cenário para ações no Brasil e as perspectivas globais continuam se ajustando a cada dado divulgado sobre a economia americana. Em janeiro, voltamos a observar o mercado de títulos de dívida do governo nos EUA muito volátil, algo que acaba exercendo uma influência gigante sobre o fluxo para os mercados emergentes, incluindo o Brasil. Globalmente, a possibilidade de o Fed iniciar o ciclo de cortes de juros apenas em junho, exigiu uma reavaliação do apetite dos investidos por risco.
Além da virada nas taxa de juros de longo prazo nos EUA, os dados de fluxo de capital para países emergentes, mostram que, as movimentações de capital ainda não favoreceram os ativos brasileiros em 2024. Uma forma de verificar isso é analisando os principais ETFs relacionados à bolsas emergentes O EWZ, que representa ações brasileiras, e o EEM, que representa um índice mais amplo de mercados emergentes. Eles são bons termômetros para entendermos se o que está acontecendo é um fenômeno local, ou se está ligado apenas à classe de ativos.
A variação do AUM (Assets Under Management) para o EEM e EWZ durante o mês de janeiro mostrou uma tendência geral de retirada de recursos para ambos os índices. Porém, o gráfico sugere que as ações brasileiras, enfrentaram desafios maiores em termos de saída de capital do que o conjunto mais amplo de mercados emergentes. A “retirada adicional” começou se acentuar após o dia 18, justamente quando ruídos relacionados à Vale (VALE3) começaram a surgir. Na nossa visão, além das incertezas sobre China, a tentativa do governo de indicar Mantega foi vista de maneira muito negativa pelo investidor estrangeiro, culminando em uma saída de capital acima da média dos pares.
Até o dia 31 de janeiro, os investidores estrangeiros retiraram R$ 7,9 bilhões, enquanto os institucionais tiveram uma saída de R$ 0,56 bilhão. Em contraste, os investidores pessoa física apresentaram uma entrada de quase R$ 4 bilhões. Um ponto que chama atenção é o comportamento do investidor institucional. Apesar do fluxo acumulado de saída em janeiro, notou-se uma entrada significativa de capital por parte desses investidores na segunda quinzena do mês. Esse movimento pode indicar um interesse renovado do investidor institucional pelas oportunidades no mercado acionário brasileiro, sugerindo uma atenção maior às valorações e potenciais de ganho no contexto local.
Embora janeiro tenha sido um mês de confronto à nossa tese, seguimos confiantes que 2024 será um ano bom para os ativos de risco. O cenário para ações no Brasil permanece fundamentalmente positivo, impulsionado pela expectativa de um ambiente global favorável e pela valuation relativo dos ativos locais. No entanto, a evolução das condições econômicas globais, a política monetária dos EUA e os desenvolvimentos internos no Brasil exigem uma reavaliação contínua das perspectivas. Permaneceremos atentos às mudanças no cenário. Ainda consideramos os preços dos ativos atrativos em termos de valuation, com uma assimetria mais favorável e um aspecto técnico mais saudável após a recente correção.
O Ibovespa está sendo negociado a um múltiplo Preço/Lucro (P/L) projetado para os próximos 12 meses de 8,2 vezes, o que representa um desconto de 26% sobre sua média histórica de 11,0 vezes. As Small Caps, empresas de menor capitalização, estão sendo negociadas a 9,6 vezes o P/L projetado para os próximos 12 meses, significativamente abaixo da média histórica de 14,4 vezes, com um desconto de 34%.
Em um estudo recente que divulgamos, falamos sobre as empresas de maior capitalização e como elas tendem a se beneficiar do cenário de queda de juros no Brasil. Nos últimos cinco ciclos, 12 meses após o início das reduções da taxa básica de juros, o desempenho médio observado da classe small caps foi o melhor em termos de valorização das ações. Porém, no último ciclo, iniciado em 2023, temos observado o oposto. Empresas de maior capitalização com desempenho superior, justamente puxadas pelo retorno do investidor estrangeiro.
Lembramos que os investidores locais sofreram com os resgates ao longo de 2023. À medida que os juros caíam, e os resgates diminuam na indústria de fundos, a volta desse fluxo institucional pode ser o grande impulsionador chave para setores como consumo doméstico e empresas alavancadas.
Desde seu lançamento em março de 2023, a carteira Top Dividendos apresenta um rendimento de 21,9% já contabilizando os proventos pagos. Até o momento, já passamos por 9 rebalanceamentos, com a participação de apenas 16 empresas diferentes na carteira. Nosso foco é justamente esse, poucas trocas e boas escolhas à longo prazo. Quando olhamos para evolução dos retornos obtidos com proventos, percebemos que ficamos apenas 2 meses sem entrada de recursos, ótimo para os investidores que têm um viés previdenciário. No total, nosso retorno via proventos é de 6,1%.
Mesmo tendo a obrigação de ser uma carteira mais defensiva, cumprimos bem o nosso papel de garantir bons retornos via proventos sem abrir mão da rentabilidade. Durante o mês de janeiro, ficamos acima dos principais índices de referência. Desde nosso último rebalanceamento em 03 de janeiro, nossa carteira teve um rendimento de -1,9%, melhor que a queda de 2,2% do IDIV e 3,2% do IBOV no mesmo período.
No mês passado, a saída de Engie, que tinha peso de 10% na carteira, nos protegeu de uma queda maior. No período, as ações de EGIE3 tiveram um rendimento de -9,1%. Por outro lado, Vale contribuiu de maneira significativa para o desempenho negativo da carteira, duramente prejudicada pelas incertezas sobre China e tentativas do governo de eleger Guido Mantega como CEO da Companhia.
Estamos aumentando nossa exposição à Petrobras, antecipando uma possível distribuição de dividendos extraordinários no curto prazo. O alinhamento entre o governo, acionista majoritário, e os acionistas minoritários reforça o desejo de maximizar o pagamento de dividendos, justamente em um momento em que o governo precisa aumentar suas fontes de arrecadação
Como forma de aumento parcial de risco, reduzimos o peso do setor elétrico e do setor de telecomunicações dentro das nossa carteira. Os ajustes foram feitos na tentativa de concentrar a carteira em empresas que apresentam maior possibilidade de surpreender positivamente os investidores nos resultados do 4T23.
A carteira agora fica com a seguinte concentração:
Itaú segue sendo o maior peso da nossa carteira, com a expectativa de mais um bom trimestre, com expansão de ROE, acreditamos que o aumento payout pode ajudar a sustentar o desempenho da ação no curto prazo. O Itaú deve encerrar 2023 com um lucro no meio do guidance (R$ 35,4b), para o 4T23, esperamos que o principal driver de geração de lucro venha do custo de crédito que deve começar a se estabilizar com a inadimplência mostrando sinais positivos, enquanto as receitas seguem evoluindo. Também esperamos um aumento relevante de dividendos no trimestre por conta uma combinação de capital em excesso e decisões regulatórias favoráveis (limite de juros no cartão de crédito, aumento de Basiléia operacional e modificações no JCP).
Para 2024, esperamos lucro crescendo acima de 10%, ROE crescente e payout de dividendo aumentando, ou seja, continuidade do desempenho do 4T23. Estimamos que a carteira de crédito cresça em linha com o mercado e que a receita de juros acompanhe essa evolução. Além disso, esperamos que as receitas com tarifas apresentem uma melhora com a retomada do mercado de capitais. Estimamos que o custo de crédito deve ficar estável nominalmente a/a com a melhora dos indicadores de inadimplência. Por fim, acreditamos que o Itaú deve melhorar a distribuição de lucro para 2024 (payout) devido ao capital estar em níveis satisfatórios e a determinação de que a nova regulação do BACEN será implementada de forma faseada.
Nossas projeções incorporam um lucro de R$ 39,8b para 2024 (+12,4% a/a) e um ROE de 21,5% (+0,6pp a/a). Estimamos o payout de dividendos aumentando de 28% do lucro em 2022 para 42% em 2023 (65% no 4T23) e 61% para 2024. Vemos as ações ordinárias (ITUB3), negociando a 6,9x P/L 24E e 1,4x P/VP 23E, implicando em um dividend yield de 8,9% para 2024.
Nossa expectativa segue positiva quanto a melhora no setor de geração, com aumentos no preço de contrato de energia de longo prazo, possibilitando às empresas se recontratarem à preços mais atrativos. O mesmo é válido para os preços spot, que apresentaram uma leve alta no último trimestre, devido ao El Niño e as secas no norte do país, possibilitando melhores vendas de energia excedentes no trimestre.
A manutenção do peso de Eletrobras na carteira reflete nossa percepção do potencial subvalorizado deste ativo, especialmente ao considerar que segue negociando a 0,8x o valor patrimonial, um desconto significativo quando comparado às avaliações de empresas privadas do setor.
Após nova aparição no noticiário político mais calmo, durante o mês de janeiro, a empresa realizou a incorporação de Furnas – o que julgamos positivo tendo em vista a redução de custos operacionais, apropriação de crédito tributários e simplificação da estrutura societária. Ainda assim, achamos que o grande gatilho para empresa diz respeito a decisão relacionada ao direito de voto da empresa, que deve ser decidida via STF.
Enxergamos as ações de ELET3, negociando com a maior uma TIR real do setor de geração/transmissão, de 13,5% e um dividend yield projetado para 2024 de 5%.
O aumento no peso de Petrobras em nossa carteira reflete uma visão otimista sobre o potencial da empresa pagar dividendos extraordinários de até US$ 7 bilhões no curto prazo. Esta expectativa é suportada por um robusto fluxo de caixa livre. Com o brent em níveis estáveis durante o trimestre, variando entre US$70-85/barril, a Companhia conseguiu apresentar bons níveis de vendas, com patamar de produção recorde. Isso, aliado aos preços elevados que observamos no trimestre para o barril de petróleo, deverá resultar em uma expressiva geração de caixa no trimestre.
Adicionalmente, a recente certificação de reservas da Petrobras para 2023, realizada pela DeGolyer & MacNaughton, revelou um incremento líquido de aproximadamente 500 milhões de barris equivalentes em reservas provadas, um aumento de cerca de 4% em relação ao ano anterior. Este crescimento nas reservas, especialmente considerando a produção da companhia, sublinha o potencial sustentado de geração de valor para os acionistas. A relação Reservas Provadas/Produção de 12,2 anos indica um horizonte produtivo extenso, embora reitere a importância de investimentos contínuos no segmento de Exploração & Produção para manter ou expandir a produção atual. O nível de investimento atual em E&P, aproximadamente US$ 73 bilhões, parece adequado.
A manutenção do peso de BBAS3 em nossa carteira reflete a expectativa de outro trimestre positivo para o Banco do Brasil. Projetamos um 2024 sem grandes surpresas, mantendo a consistência no bom desempenho que o banco tem apresentado, com crescimento de lucro no patamar de +10% a/a, beneficiado por provisões nominalmente estáveis com a inadimplência começando a dar sinais de estabilidade. Além disso, as receitas com juros (NII) devem continuar atrativas, mas com desaceleração a/a por um efeito de normalização. Assim, estimamos um lucro recorrente de R$ 38,6 bilhões com um ROE de 20,6%.
Com um sólido índice de capital principal de 12,5% e sustentando uma rentabilidade consistente, acreditamos que o banco possui espaço para um incremento estrutural no pagamento de dividendos, atualmente situado em aproximadamente 40% do lucro. O potencial aumento de payout se evidencia, especialmente após o anúncio de que o aumento do risco operacional na Basileia prevista para 2025 foi menor do que o previsto, com previsão de uma implementação gradual ao longo de quatro anos (2025-2028).
Dessa forma, estimamos um dividend yield robusto de 9,9% para este 2024. Vemos os múltiplos do banco ainda em patamares atrativos em relação à rentabilidade que vem entregando, negociando a apenas 4,0x P/L 2024E e 0,8x P/VP 2024E. Contudo, não vislumbramos o banco sendo negociado a um valuation muito acima de 1,0-1,2x P/VP, ao menos, nesse momento do ciclo político-econômico.
Entendemos que a BB Seguridade deva continuar reportando números sólidos e as quedas de juros não devem ser tão significativas ao ponto de impactar negativamente a geração de resultado da empresa.
Para 2024, com a redução mais forte da taxa de juros do que esperávamos até pouco tempo atrás, é esperado que a seguradora sinta um impacto negativo no desempenho financeiro. A grande incógnita, talvez, é se o lado operacional vai conseguir crescer o bastante para compensar essa queda no financeiro. Acreditamos que se os volumes continuarem a crescer e a seguradora não enfrentar sinistros inesperados, especialmente no setor agrícola, a BB Seguridade manterá seu crescimento de lucro, embora com uma desaceleração significativa após o aumento de 27% em 2023.
Estimamos um lucro de R$ 8,1 bilhões em 2024, o que representa um crescimento mais modesto de +6% ano a ano. Nas nossas projeções, consideramos a Selic caindo para 9,25% no final de 2024, aumento moderado do número de sinistros na seguradora por conta do El Niño (seca nas regiões norte/nordeste e chuvas no sul) e uma desaceleração nos prêmios ganhos na seguradora.
Enxergamos um valuation atrativo, negociando a apenas 8,5x P/L 24E e com um dividend yield interessante de 10,2% 24E. Recentemente alteramos ajustamos nosso preço-alvo para o final de 2024, saindo de R$ 48,30 para R$ 50,4 (upside de 46,3% ex-dividendos).
O peso menor de Vale reflete a desvalorização das ações no mês de janeiro. Além das incertezas sobre China, os ruídos políticos referentes à tentativa do governo de emplacar Guido Mantega como CEO da companhia geraram queda de 12% das ações no período. Mesmo afastando a possibilidade, as ações seguem descontadas, a medida que a Companhia poderia gerar um fluxo de caixa significativo, com um FCF yield 24E de 11%, mesmo que o preço do minério de ferro 62% Fe caia para US$110-120/t (hoje em ~US$120/t). Sem dividendos extraordinários, o Dividend Yield 24E é superior a 10%, aumentando para cerca de 14% se for redistribuído. Isso depende de outras variáveis, como o programa de recompra de ações. Essas projeções também levam em conta o pagamento de indenização pelo acidente de Mariana. O gap entre o preço da ação da Vale e o preço do minério de ferro continua significativo, mesmo que o preço do minério de ferro tenha aumentado 20%. A Vale continua negociando com uma margem atraente abaixo do preço spot de 62% Fe.
Apesar das incertezas ligadas a China, acordo de Mariana (MG) e pressão do governo em meios a tentativas de intervenções políticas na gerência da Companhia, mantemos a nossa confiança no desempenho operacional frente a um valuation que sofre com os overhangs de maneira desproporcional.
Atualmente, a Vale é negociada a 3,95x EV/EBITDA 24E, o que parece descontado ao se considerar sua capacidade de gerar fluxo de caixa e pagar dividendos.
A leve redução do peso de B3 em nossa carteira reflete uma perspectiva de um 4T23 ainda sem muitas surpresas positivas. Acreditamos que, apesar de um cenário atualmente neutro, há potencial de melhoria a médio prazo, especialmente se o ambiente macroeconômico, tanto local quanto global, favorecer a diminuição das taxas de juros. Essa expectativa de queda na Selic e uma recuperação gradual na demanda por produtos de renda variável devem catalisar um incremento no volume financeiro médio negociado na B3, impulsionando, assim, sua geração de receita. Adicionalmente, consideramos que a B3 está estrategicamente posicionada para se beneficiar de um aumento no interesse por parte dos investidores estrangeiros, dada a sua qualidade operacional e um valuation atrativo em comparação com seus pares globais.
Negociando a 14,8x P/L 24E, um desconto substancial em relação aos seus pares globais, 20,8x nas bolsas globais e 21,1x nas bolsas emergentes.
Seguimos com a expectativa de que a JBS continuará a mostrar uma trajetória de melhoria em seus resultados, refletindo o sucesso de sua estratégia de diversificação. A potencial listagem dupla da empresa nos Estados Unidos representa um catalisador significativo para o destravamento de valor, atraindo um conjunto mais amplo de investidores e melhorando a liquidez das ações. Além disso, a empresa demonstrou capacidade de adaptar-se às flutuações do mercado e às mudanças na dinâmica da oferta global de proteínas, o que se espera que continue contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros.
A expectativa de uma normalização na oferta global de frango, junto com preços mais baixos dos grãos, sugere um cenário favorável para as operações de frango da JBS, como a Seara no Brasil. Nos Estados Unidos, a normalização da oferta de suínos e a consequente melhoria nas margens de JBS USA Pork apontam para uma continuação do desempenho operacional positivo. No segmento de bovinos, a divergência entre as dinâmicas de mercado nos EUA e no Brasil destaca a resiliência e a adaptabilidade da JBS. Enquanto nos EUA a empresa enfrenta desafios devido ao ciclo pecuário negativo, no Brasil, a alta oferta de gado favorece a expansão das margens. Essa capacidade de navegar efetivamente por mercados distintos reforça nossa confiança na JBS e justifica a manutenção de sua posição em nossa carteira, antecipando benefícios de sua diversificação estratégica e otimização de operações.
Atualmente, a JBS opera com um múltiplo EV/EBITDA de 4,8x para 2024, bem abaixo da média histórica de 5,5x.
Com um portfólio de contratos de energia assegurado acima de 70% até 2027, a Auren se beneficia de preços que lhe proporcionam uma margem segura. Esta solidez não só garante a previsibilidade dos fluxos de caixa futuros, mas também abre espaço para a possibilidade de dividendos extraordinários, principalmente se não houver necessidade imediata de alocação de capital em novos projetos.
Além disso, a empresa demonstra uma abordagem estratégica de crescimento, evidenciada pelo seu interesse em participar dos leilões de transmissão previstos para o primeiro semestre de 2024. Vemos a empresa negociando a uma taxa implícita de retorno de 9,5% em termos reais com a possibilidade de distribuir até 4% de dividendos recorrentes fora a possibilidade de dividendos extraordinários.
O cenário de aumento nos preços dos contratos de longo prazo e as condições favoráveis para a venda de energia excedente, devido a fatores como o El Niño e secas regionais, reforçam nossa confiança na capacidade da Auren de continuar entregando resultados sólidos.
Reduzimos o peso de Taesa na carteira especificamente por entender que aos atuais níveis de preço, temos outras oportunidades melhores dentro do setor elétrico. Olhando para o 4T23, esperamos resultados dentro do padrão do setor, sem muitas novidades, mas ainda assim positivos. Com o próximo leilão de transmissão à vista, provavelmente não veremos o anúncio de dividendos extraordinários. Por outro lado, a queda nas taxas de juros, confirmada pela trajetória de afrouxamento monetário do Banco Central, sugere um ambiente favorável para a melhoria dos resultados financeiros da Taesa, que possui alavancagem próxima a 4,0x. Caso consiga operar abaixo disso, a empresa entraria em um nível que permitiria pagar de dividendos e a otimizar sua estrutura de capital.
Novamente reduzimos nossa alocação em Vivo, ainda que apresente um panorama positivo para o 4T23. Esperamos um aumento de receita acima da inflação refletindo a eficácia das estratégias de precificação da empresa, especialmente no segmento de serviços móveis. Este aumento é esperado mesmo diante de um ambiente altamente competitivo, onde a capacidade de manter um baixo churn destaca a fidelidade e a satisfação da base de clientes. Além disso, esperamos novas melhorias nas margens operacionais, potencializadas pelo término do TSA.
Vale lembrar que durante o mês de janeiro, houve a decisão favorável dos acionistas da Vivo de aprovar a redução do capital social em R$ 1,5 bilhão, restituindo valores aos acionistas sem cancelar ações. O pagamento de R$ 0,91 por ação, equivalente a um yield de aproximadamente 1,8%, é apenas uma parcela da redução de capital prevista para os próximos trimestres, abrindo caminho para a distribuição de até R$ 5 bilhões em dividendos.
Projetamos um dividend yield de 11%-12% para 2024 para a empresa em 2024.