Ygor Bastos

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Publicado em 05 de Novembro às 07:00:38

Carteira Recomendada Top Dividendos – Novembro 2024

Acompanhe o conteúdo e veja as melhores ações para investir com foco em dividendos em novembro de 2024

Resumo

Outubro de 2024 foi um mês desafiador para a Carteira Top Dividendos, que registrou uma queda de 2,8%, performance abaixo do Ibovespa, que caiu 1,60%. A estratégia de equilibrar os pesos dos ativos, visando conservadorismo, não se mostrou eficaz diante das circunstâncias adversas enfrentadas por grandes componentes do portfólio, como Petrobras, Eletrobras e Vivo. Essas empresas foram impactadas por eventos específicos, sendo Petrobras o grande destaque negativo, que sofreu com a queda nos preços do petróleo e com preocupações sobre possíveis embargos na exploração da margem equatorial. Em termos de renda, o mês foi atípico, sem pagamento de proventos significativos, mantendo o retorno acumulado de dividendos no ano em 13,1%, o que equivale a uma média mensal de 0,7% desde o início da carteira. Apesar do mês sem novos dividendos, a carteira mantém seu compromisso de buscar renda passiva isenta de imposto de renda.

O cenário macroeconômico global e local continua a ser um desafio. A proximidade das eleições nos EUA e as propostas políticas protecionistas, causaram uma forte preocupação nos mercados em relação à trajetória da inflação no médio prazo. Esse movimento gerou uma forte alta nas taxas de juros americanas de longo prazo, fortalecendo o dólar globalmente. No Brasil, as saídas aceleradas de capital, tanto locais quanto estrangeiras, refletem um ambiente marcado por incertezas fiscais e políticas, com investidores reagindo à falta de medidas fiscais significativas e críveis por parte do governo brasileiro. Essa configuração resultou em uma desvalorização acentuada do real e um desempenho ruim das ações brasileiras.

Para novembro, consideramos que, apesar do cenário desafiador, há um risco x retorno potencialmente favorável para a bolsa brasileira. Propomos uma redução na exposição a commodities, ajustando o portfólio para uma postura ligeiramente mais arriscada, buscando capturar oportunidades em setores que possam se beneficiar de um cenário de mudança. Isso significa aumentar a exposição a papéis, que na nossa visão possam se beneficiar de um possível fechamento da curva de juros no Brasil. O governo brasileiro sinalizou que está elaborando um pacote de ajuste fiscal para conter as despesas obrigatórias, que têm crescido acima do teto, caso isso se confirme existe espaço para um bom desempenho dos ativos locais mais depreciados.

Objetivo da Carteira

A Carteira Top Dividendos visa superar o desempenho do IDIV no longo prazo por meio de empresas que apresentarão retornos totais acima da média do mercado. Elaboramos esta carteira para potencializar os retornos dos investidores via recebimento de proventos.

A seleção dos ativos se baseia em critérios fundamentalistas, alinhados com as opiniões do time do Genial Analisa. Analisamos as dinâmicas dos setores, a qualidade das empresas, a geração de caixa e a necessidade de investimento projetada das empresas no médio/longo prazo.

CENÁRIO MACRO

Os recentes desenvolvimentos no cenário político internacional, especialmente as eleições presidenciais nos Estados Unidos, provocaram mudanças significativas nas expectativas do mercado. A ascensão de Donald Trump nas pesquisas em estados decisivos, causou uma forte reação no mercado de juros nos EUA, que agora se ajustam à possibilidade de uma administração potencialmente inflacionária, que promete proteger os produtores locais por meio de tarifas elevadas, especialmente contra produtos chineses.

Para os ativos brasileiros, à medida que entramos em novembro, o cenário macroeconômico parece se tornar cada vez mais binário. Ainda que decisões de política monetária nos EUA e no Brasil ajudem a ampliar o diferencial de juros entre os países, a abertura da curva juros americano tem fortalecido o dólar globalmente. Como agravante, o ruído fiscal continua a ser a principal fonte de preocupação para os investidores locais.

EUA

Nos Estados Unidos, o clima político está carregado de incertezas à medida que as eleições presidenciais avançam. A possibilidade de Donald Trump retornar à presidência tem gerado reações mistas nos mercados, tendo em vista seu histórico de políticas protecionistas e a promessa de implementar tarifas significativas contra importações, particularmente da China. Além disso, a política monetária americana está em um ponto de inflexão, com o Federal Reserve avaliando a necessidade de ajustar as taxas de juros em resposta às condições econômicas internas e às pressões inflacionárias. Essas decisões são cruciais, pois afetam diretamente os mercados globais, influenciando taxas de câmbio, fluxos de capital e decisões de investimento internacional.

A atividade econômica apresentou sinais mistos ao longo do último mês, o PIB recebeu um impulso significativo do consumo pessoal e dos gastos governamentais, o que sustentou o crescimento mesmo em meio à desaceleração da inflação, conforme apontado pelo PCE, a métrica preferida do FED. O mercado de trabalho permanece resiliente, com baixos níveis de desemprego, o que sugere que as pressões inflacionárias ainda estão longe de se dissipar completamente. Esse quadro reforça a percepção de uma economia robusta, embora com desafios contínuos para controlar a inflação.

Em resposta a essas condições, o banco central americanos deverá seguir seu ciclo de corte de juros. No entanto, adotando uma postura cautelosa, possivelmente reduzindo o ritmo dos cortes para evitar instabilidades adicionais em um ambiente de inflação ainda elevada e de mercado de trabalho aquecido. Após o avanço de Donald Trump nas pesquisas, o mercado rapidamente revisou suas expectativas quanto aos rumos da trajetória das taxas de juros no EUA. Quando olhamos para a evolução ao longo dos meses dos juros implícitos na curva de juros americana para junho e dezembro de 2025, é possível notar uma rápida revisão, justificada por esse cenário mais inflacionários carregado no discurso do candidato republicano.

BRASIL

No Brasil, a atividade econômica continua a apresentar um quadro misto, refletindo a complexidade do ambiente econômico atual. A produção industrial e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, avançaram modestamente no mês de outubro. No entanto, os setores de serviços e varejo não seguiram o mesmo caminho, ambos recuando, e ficando abaixo das expectativas de mercado. Em termos de política monetária e inflação, o Comitê de Política Monetária sinalizou que o ciclo de alta dos juros está apenas no começo, dada a continuidade das pressões inflacionárias e a robustez do mercado de trabalho, que demandam uma postura cautelosa e vigilante por parte do Banco Central.

No âmbito fiscal, a situação é desafiadora, com o governo lutando para controlar o déficit sem comprometer o crescimento econômico. A política fiscal do governo tem sido expansionista, com um aumento significativo dos gastos públicos e uma ausência de reformas fiscais substanciais que poderiam estabilizar as contas públicas. As incertezas fiscais e as respostas políticas, serão determinantes para a confiança do mercado, que atualmente já precifica uma Selic terminal em torno de 13,5%.

Ainda que o processo de corte de juros nos EUA tenha iniciado, ele não será suficiente para observarmos uma retomada do ciclo de afrouxamento monetário no Brasil. Mesmo com o diferencial de juros aumentando, os prêmios de risco ficam cada vez maiores, oriundos da deterioração fiscal, penalizando cada vez mais o câmbio se valorize conforme.

Para o Brasil, as implicações de uma possível reeleição de Trump são significativas, principalmente devido à estreita relação comercial com a China, o maior parceiro comercial do Brasil. Uma política americana mais protecionista sob Trump poderia aumentar as tensões comerciais entre EUA e China, afetando negativamente a atividade econômica na china e por consequências as exportações brasileiras, especialmente commodities.

CENÁRIO AÇÕES

Outubro de 2024 foi um mês desafiador para os ativos locais, que caíram pelo segundo mês seguido. No mês o Ibovespa, acumulou uma queda de 1,60%, marcado novamente pela saída de investimento estrangeiro na B3. Até o dia 29 de outubro, as saídas somaram quase R$ 2 bilhões, atingindo no ano o valor acumulado negativo de R$ 30,6 bilhões. Entre os investidores locais, o investidor institucional também registrou uma saída de R$ 2,3 bilhões em outubro, após uma retirada significativa de R$ 1,4 bilhão no mês anterior, marcando seis meses consecutivos de saídas do segmento institucional.

Diante de um cenário tão caótico, achamos que agora seja um momento oportuno para aumentar a exposição em ativos que se beneficiam do movimento de fechamento da curva de juros.

Primeiramente, percebemos que há um elevado nível de risco já precificado na bolsa e no mercado de juros brasileiro, que atualmente estão muito depreciados. Diante disso, qualquer desenvolvimento contrário a esse pessimismo, principalmente no âmbito fiscal, onde o mercado tem dúvidas significativas quanto à capacidade do governo de implementar medidas eficazes, pode ser uma janela de oportunidade.

Se o governo conseguir superar, ainda que minimamente, as expectativas do mercado, isso poderia desencadear um rally de Natal na Bovespa e um fechamento de juros no Brasil. Acreditamos que estar posicionados nesse momento pode nos colocar em uma situação vantajosa para capturar possíveis ganhos decorrentes desses ajustes.

O Ibovespa está sendo negociado a 7,9x P/L projetado para os próximos 12 meses, o que representa um desconto de 28% em relação à sua média histórica de 10,9x. Quando excluímos Petrobras e Vale, o índice está sendo negociado a 10,1x P/L, também abaixo da média histórica de 12,2x, com um desconto de 17%. As ações de empresas ligadas à economia doméstica estão sendo negociadas a 9,3x P/L, um desconto de 22% em relação à média histórica de 12,0x. Já as empresas exportadoras estão com múltiplos ainda mais descontados, sendo negociadas a 7,1x P/L, o que representa um desconto de 28% em relação à média histórica de 9,8x. Por fim, as Small Caps estão sendo negociadas a 9,4x P/L projetado para os próximos 12 meses, significativamente abaixo da média histórica de 14,2x, com um desconto de 34%.

CARTEIRA TOP DIVIDENDOS | GENIAL ANALISA

Outubro de 2024 foi um mês desafiador para a Carteira Top Dividendos, que registrou uma queda de 2,8%, performance abaixo do Ibovespa, que caiu 1,60%. Apesar do desempenho fraco em outubro, uma análise detalhada do desempenho da Carteira Top Dividendos revela um cenário onde o rebalanceamento estratégico desempenhou um papel defensivo importante. Nos primeiros três dias de outubro, a carteira sofreu uma queda de 1,1%, muito pior que o IDIV que ficou estável e que a leve queda de 0,1% no Ibovespa, desempenho obtido com a composição antiga da carteira.

Desde o último rebalanceamento 03 de outubro de 2024, a Carteira Top Dividendos apresentou uma queda de mês de 2,6%, em linha com o Ibovespa no período que caiu 2,7% e com o IDIV que caiu 2,6%. Portanto, a dinâmica do último rebalanceamento foi crucial para estabilizar a carteira após um início de mês desafiador, reafirmando a importância de ajustes táticos e estratégicos contínuos na gestão de portfólios em resposta às flutuações do mercado. O Dividend Yield acumulado até o momento na Carteira Top Dividendos é de 13,1%. No mês em análise, a distribuição foi menos diversificada, com apenas o pagamento de JCP de ITUB3, que contribuiu com um modesto retorno de 0,1% via proventos.

A estratégia de equilibrar os pesos dos ativos, visando conservadorismo, não se mostrou eficaz diante das circunstâncias adversas enfrentadas por grandes componentes do portfólio, como Petrobras, Eletrobras e Vivo. Essas empresas foram impactadas por eventos específicos, sendo Petrobras o grande destaque negativo, que sofreu com a queda nos preços do petróleo e com preocupações sobre possíveis embargos na exploração da margem equatorial. As ações de PETR4 foram as que mais contribuíram negativamente, com queda de 6,6% no período. Apesar das quedas, alguns ativos se destacaram positivamente dentro da carteira, como CYRE3 e CSMG3 que apresentaram performances relativamente melhores, com variações de 0,5%, 0,3% respectivamente.

Desde o lançamento da carteira, alcançamos um retorno total de 20,4%, abaixo dos principais índices de referência.

MUDANÇAS

Sai Vale (VALE3): A decisão de retirar a Vale da Carteira foi fundamentada em 4 principais aspectos, que levam em consideração um cenário mais sensível para comodities metálicas no médio prazo, com perspectivas pouco otimistas para a China, e o fim da possibilidade de a empresa realizar o pagamento de dividendos extraordinários o intensificar as recompras de ações. Dessa forma, decidimos reduzir nossa exposição nesse setor

Volatilidade do Preço do Minério de Ferro: No começo de outubro, observamos uma alta expressiva no preço do minério de ferro, que saltou de US$92/t para US$112/t em apenas 15 dias, impulsionada por estímulos fiscais e monetários na China. Esta alta, no entanto, parece ter sido movida mais por especulação do que por fundamentos sólidos, visto que uma correção rápida para US$104/t (-7%) ocorreu em poucos dias. Esse comportamento de mercado sugere uma reação emocional e um possível superdimensionamento dos efeitos dos estímulos, indicando um desequilíbrio entre oferta e demanda que pode não sustentar um preço elevado do minério a longo prazo.

Excesso de Oferta de Imóveis na China: A situação imobiliária na China, um dos maiores consumidores de produtos de mineração para construção, apresenta desafios estruturais significativos. O excesso de oferta de imóveis é evidenciado pelo aumento das vendas de casas já concluídas, o que reflete a hesitação dos compradores em adquirir imóveis ainda em construção devido ao risco de não entrega. Os estímulos recentes do governo chinês, apesar de abrangentes, são insuficientes para alterar as preferências de compra do mercado, o que pode limitar a demanda por aço e, consequentemente, por minério de ferro

Acordo de Compensação pelo Desastre de Mariana: A Vale, junto com a BHP e a Samarco, acordou pagar R$100 bilhões ao governo brasileiro pelos danos causados pelo desastre de Mariana. Este pagamento será realizado ao longo de 20 anos e inclui indenizações e obrigações socioambientais. Esse compromisso financeiro extenso, apesar de proporcionar alguma previsibilidade e reduzir incertezas para o mercado, também impõe uma pressão significativa sobre o valor presente líquido (VPL) dos fluxos de pagamento, estimado em uma redução de US$3,7 bilhões.

Potenciais Impactos na Distribuição de Dividendos: Com a pressão financeira decorrente tanto da volatilidade do mercado quanto dos compromissos de longo prazo, avaliamos que a capacidade da Vale de manter o patamar atual dividendos ou eventualmente realizar um pagamento extraordinários está comprometida. Ainda que nossas projeções apontem para um Dividend Yield de 10% para 2025, os riscos associados à volatilidade das commodities metálicas, especialmente com a possível eleição de Trump nos EUA, não justificam a manutenção da empresa na carteira.

A carteira agora fica com a seguinte concentração:

  • 36% em utilidades básicas (elétricas + saneamento),
  • 27% em bancos,
  • 10% no setor financeiro excluindo bancos,
  • 10% em telecomunicações,
  • 10% em óleo e gás e
  • 7% em Real Estate.
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