Publicado em 04 de Outubro às 07:00:38
Acompanhe o conteúdo e veja as melhores ações para investir com foco em dividendos em outubro de 2024
Em setembro de 2024, a Carteira Top Dividendos mostrou resiliência, registrando uma queda de -2,4%, desempenho que superou o Ibovespa, o qual caiu -3,1%. Em termos de dividendos, nossa carteira gerou um retorno de 0,3% no mês, elevando o Dividend Yield acumulado para 13,6%. Continuamos comprometidos em gerar renda passiva consistente para os investidores que seguirem nossa carteira, mesmo em meio a um ambiente extremamente desafiador.
O mês foi marcado por forte volatilidade, alinhado às nossas expectativas, mas contrastando com os desenvolvimentos favoráveis no cenário internacional. Nos EUA, houve o início do ciclo de corte de juros, enquanto a China anunciou novos estímulos econômicos. Apesar dos ventos favoráveis vindo de fora, o mercado brasileiro não respondeu positivamente. No Brasil, as expectativas de início de um ciclo de alta dos juros se confirmaram, colocando os ativos brasileiros diante de desafios, com as preocupações fiscais prejudicando a confiança do mercado.
Diante deste cenário, não enxergamos motivos claros para aumentar o risco da nossa carteira. Para outubro, estamos mantendo uma postura conservadora, priorizando uma maior equilíbrio entre os pesos dos ativos que compõem nosso portfólio, dando maior ênfase aos que possuem menor volatilidade. Este posicionamento busca proteger o capital dos ruídos locais à medida que seguimos expostos aos potenciais catalisadores externos, como o corte de juros nos EUA e os estímulos na China, enquanto mantemos uma vigilância sobre os desenvolvimentos fiscais e política monetária no Brasil.
A Carteira Top Dividendos visa superar o desempenho do IDIV no longo prazo por meio de empresas que apresentarão retornos totais acima da média do mercado. Elaboramos esta carteira para potencializar os retornos dos investidores via recebimento de proventos.
A seleção dos ativos se baseia em critérios fundamentalistas, alinhados com as opiniões do time do Genial Analisa. Analisamos as dinâmicas dos setores, a qualidade das empresas, a geração de caixa e a necessidade de investimento projetada das empresas no médio/longo prazo.
Em setembro de 2024, os Estados Unidos iniciaram o ciclo de corte de juros com uma redução de 0,50 pontos percentuais, sugerindo uma postura proativa do Fed em resposta à inflação mais controlada e sinais de arrefecimento econômico. Enquanto isso, o Brasil enfrenta um cenário oposto com o aumento da taxa Selic para 10,75%, refletindo uma política monetária contracionista em resposta à inflação persistente e um mercado de trabalho resiliente. Ainda que o início do processo de corte de juros nos EUA tenha iniciado, as incertezas em torno dos impactos dos cortes sobre as economias no resto do mundo prevalecem.
Nos Estados Unidos, setembro marcou o início do ciclo de corte de juros pelo banco central americano. O mercado já especulava que isso fosse acontecer, mas a grande dúvida era a intensidade e a duração do ciclo de redução devido à inflação ainda acima da meta e uma economia mostrando sinais de arrefecimento. Surpreendendo parte do mercado, o Fed optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 0,50pp, levando a taxa básica de juros para o intervalo entre 4,75% e 5%.
Uma interpretação possível para esse início de maior magnitude (0,50pp ao invés de 0,25pp) é a de que, como alguns diretores já haviam manifestado o desejo de ter iniciado os cortes na reunião de julho e o cenário evoluiu conforme o previsto pelo próprio Fed no período entre as reuniões, haveria espaço para realizar um corte mais robusto. Uma segunda interpretação possível é que o Fed estaria adotando uma postura proativa ao invés de uma reativa, no intuito de evitar que uma piora no mercado de trabalho ou uma desaceleração mais forte da atividade econômica ocorram para só então o Fed agir. O problema é que praticamente nenhum dado econômico até agora dá suporte para essa ação preventiva por parte do Fed. Na verdade, os dados mais recentes contribuíram para reforçar o cenário de um pouso suave, apontando para uma economia aquecida e para um mercado de trabalho que não está apresentando sinais de piora acentuada.
Confirmando nossas expectativas, o Brasil vive um cenário oposto, com a retomada do ciclo de alta de juros. Na última reunião, o Copom elevou a taxa básica de juros para 10,75%, uma alta de 0,25pp. Diante da desencorajem das expectativas de inflação, o comitê sinalizou que o nível atual de atividade econômica, impulsionado pelo mercado de trabalho resiliente e política fiscal expansionista, deve seguir pressionando a taxa de inflação.
Dessa forma, alteramos a nossa projeção de Selic para 2024 de 10,5% para 11,50%, ou seja, esperamos que na próxima reunião haja uma alta de 0,25pp e 0,50pp reunião de dezembro. Para 2025, esperamos uma taxa Selic que suba até 12,00% no primeiro trimestre, e fique nesse nível até o último trimestre de 2025, período em que se inicia o ciclo de corte de juros, fechando o ano em 11,50%. Ainda assim, nossas projeções indicam que se mantivermos a política fiscal atual nos próximos anos, o ciclo de alta teria que ir até 13,50% para trazer a inflação para meta.
Ainda que o processo de corte de juros nos EUA tenha iniciado, ele não será suficiente para observarmos uma retomada do ciclo de afrouxamento monetário no Brasil. Mesmo com o diferencial de juros aumentando, os prêmios de risco ficam cada vez maiores, oriundos da deterioração fiscal, podem seguir impedindo que o câmbio se valorize conforme. No longo prazo, vemos um ambiente estruturalmente prejudicado, com a credibilidade da política fiscal e monetária em xeque. O cumprimento da meta fiscal, está diretamente ligado à contabilização de receitas extraordinárias e exclusão de R$ 40,5 bilhões de despesas do cálculo do resultado primário. Apesar de enquadrem o governo dentro do “déficit zero” em 2024, essa exclusão impactará a trajetória do endividamento público brasileiro.
Se no mês passado estávamos pessimistas com as commodities como petróleo e minério, por conta das pressões devido à desaceleração econômica na China, a última semana do mês de setembro observamos o sentimento dos investidores das teses de commodities metálicas melhorar. Entretanto, continuamos descrentes em um ganho aparente de performance da economia chinesa, uma vez que as raízes do problema são mais profundas e não cíclicas. O desempenho negativo dos ativos locais foi agravado pela interrupção do fluxo de entrada de investimento estrangeiro na B3. Em contraste com os dois meses anteriores, em que havíamos observado entradas significativas de recursos, o mês passado registrou uma saída de R$ 903 milhões de capital estrangeiro. No acumulado do ano, saída total é de R$ 27,9 bilhões.
Quando olhamos para os investidores locais, institucionais e pessoas físicas, vemos movimentos distintos. Enquanto o institucional, se manteve avesso ao risco diante da sacando R$ 1,7 bilhão, diante da deterioração do cenário local, o investidor pessoa física se manteve resiliente, aumentando em R$ 2,1 bilhões sua posição na B3.
O Ibovespa está sendo negociado a 7,9x P/L projetado para os próximos 12 meses, o que representa um desconto de 28% em relação à sua média histórica de 10,9x. Quando excluímos Petrobras e Vale, o índice está sendo negociado a 10,1x P/L, também abaixo da média histórica de 12,2x, com um desconto de 17%. As ações de empresas ligadas à economia doméstica estão sendo negociadas a 9,3x P/L, um desconto de 22% em relação à média histórica de 12,0x. Já as empresas exportadoras estão com múltiplos ainda mais descontados, sendo negociadas a 7,1x P/L, o que representa um desconto de 28% em relação à média histórica de 9,8x. Por fim, as Small Caps estão sendo negociadas a 9,4x P/L projetado para os próximos 12 meses, significativamente abaixo da média histórica de 14,2x, com um desconto de 34%.
Desde o lançamento, alcançamos um retorno total de 25,5%, com um Dividend Yield acumulado de 13,6%. Os proventos pagos neste mês atingiram 0,3% de dividend yield, cumprindo nosso foco em distribuição de renda passiva. As ações de ITUB3, BBAS3 e CSMG3, geraram 0,9%, 0,6% e 1,3% de retornos via proventos respectivamente.
O dividend yield da carteira é calculado pela diferença entre a performance dos ativos ajustada por proventos e não ajustada.
Em setembro, a Carteira Top Dividendos registrou uma queda 2,4%, 0,6pp a menos que o Ibovespa, que caiu 3,1% no período. Desde o último rebalanceamento no dia 3 de setembro de 2024, os destaques positivos da nossa carteira ficaram concentrados em posições pequenas, VALE3, VIVT3 e CYRE3 foram as únicas contribuições positivas no mês, com rendimentos de 13,5%, 5,4% e 1,6% respectivamente.
Sem entradas ou saídas: na atualização de outubro, decidimos manter nossa seleção de ativos, sem realizar alterações nas escolhas existentes. Ajustamos os pesos de determinadas empresas, visando equilibrar a carteira e aproveitar oportunidades de mercado que emergem do cenário externo.
Reajustando os pesos: aumentando a alocação em Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) para capitalizar sobre potenciais eventos de curto prazo advindos do cenário econômico internacional, especialmente em resposta aos estímulos econômicos na China e altas dos preços do petróleo. No caso de Vale, é importante ressaltar que não vemos fundamentos que justifiquem um movimento expressivo e duradouro de alta no minério de ferro, porém, ainda que os estímulos sejam insuficientes no longo prazo, a combinação com um valuation extremamente descontado, deve trazer um folego extra para a ação no curto a médio prazo. Em contrapartida, ao aumento da participação das empresas de commodities em nossa carteira, subimos a o peso do setor de telecomunicações, com o objetivo manter o beta da carteira baixo. Dessa forma, podemos capturar ganhos potenciais sem aumentar significativamente o risco geral. Essas mudanças são projetadas para capitalizar sobre oportunidades específicas de mercado, enquanto mantêm a consistência com nossa estratégia focada em dividendos e crescimento sustentável.
A carteira agora fica com a seguinte concentração: