Publicado em 01 de Julho às 17:24:55
O mês não foi positivo para a indústria de FIIs. Ifix termina o mês de junho em queda de -2,2%. A maior responsável pela queda foi a proposta de reforma tributária enviada ao Congresso no dia 25 que aborda a tributação dos dividendos em 15% para fundos imobiliários, fazendo com que o índice caísse mais de 2% no dia. Outro fator que vinha reduzindo a atratividade dos ativos de risco era o aumento da taxa de juros, que foi definida na última reunião do Copom em 4,25% com sinalização de um aumento mais forte de 100 bps na próxima reunião.
Dado o cenário mais incerto para o mercado de FIIs no curto prazo, estamos apenas aumentando o peso em ativos de menor risco sem realizar nenhuma troca na Carteira Renda. Na Carteira Valor, seguimos sem ajustes.
As mudanças de peso na Carteira Renda são:
No mês de junho o desempenho da Carteira de Valor foi de -2,3% versus -2,2% do Ifix, e a de Renda foi de -2,1% com 0,67% de dividendos. Os maiores detratores da carteira foram: PATL11 e BRCO11. Os dois fundos são de logística, segmento que corrigiu a forte valorização que teve em 2020 pela expansão da área de armazenagem durante a pandemia, impulsionada pelo e-commerce. Outros dois detratores foram o RBRF11 e o MGFF11, ambos fundo de fundos, que têm sido duramente impactados pela desvalorização dos fundos imobiliários.
Em um mês conturbado de acontecimentos, destacamos:
O BTCR11 possui carteira indexada ao DI e à inflação, trazendo boa composição para o momento atual por poder se beneficiar da alta dos juros e do aumento na inflação. Atualmente, 97% de seu PL está investido em CRIs com devedores como o GPA, HBR, BRF, GJP e Vitacon e garantias sólidas. Vemos o fundo com baixo risco e boa diversificação de indexadores de forma a trazer resiliência à carteira mesmo em momentos de volatilidade.
No mês de maio foi realizada a aquisição de R$ 15 milhões do CRI SuperFrio, com remuneração de IPCA+6.15%, prazo de 10 anos, garantia de alienação fiduciária dos imóveis, cessão fiduciária de Direitos Creditórios e Fundo de Despesas. Com esta aquisição, o fundo ficou com 1,4% do PL em caixa.
O BRCO11 possui um portfólio irreplicável tanto pela localização dos ativos quanto por sua qualidade. Atualmente, possui 11 imóveis espalhados da Bahia ao Rio Grande do Sul, locados a empresas como GPA, Magazine Luisa, Natura entre outras.
O fundo possui alta exposição a ativos last mile, que tendem a ter vacância baixa pela expansão do e-commerce no país e a demanda por entregas em até 2 dias úteis. Além disso, 59% de seus contratos são na modalidade atípica com inquilinos investment grade, garantindo a previsibilidade da receita pela mitigação do risco de inadimplência e distrato.
Em nossa visão, o fundo possui portfólio de lajes comerciais capazes de se beneficiar da volta dos escritórios pelo seu conceito de boutique office, além de sua localização estratégica. O VINO11 também possui 47% do seu portfólio na modalidade atípica, nos demais ativos, o valor de locação encontra-se abaixo do de mercado. Acreditamos que esses dois fatores mitigam o risco de distrato. Alguns pontos que merecem ser acompanhados são, o reajuste do aluguel da própria gestora e o repasse do IGPM, que é o índice de reajuste de 44% da receita.
O PVBI11 possui portfólio premium com imóveis de altíssima qualidade e localização em regiões primárias, como Av. Faria Lima, Rua Leopoldo de Couto Magalhaes Jr e Av. Brigadeiro Luis Antônio, trazendo grande resiliência ao portfólio. O fundo não possui vacância em seus dois imóveis prontos, mas possui renda mínima garantida no imóvel em desenvolvimento Union Faria Lima. Apesar de 33% da sua receita ser reajustada pelo IGP-M não vemos dificuldade no repasse do indicador, dado o valor de aluguel dos ativos encontrarem-se abaixo do valor de mercado.
O fundo possui portfólio diversificado e tem conseguido gerar ganho de capital de forma consistente, principalmente em fundos de recebíveis, em que a gestão tem conseguido vender os ativos com ágio. No mês, as maiores movimentações foram a compra de R$ 20 milhões de BLMG11 via oferta pública, R$ 12 milhões de CCRF11 via oferta restrita e R$ 12 milhões de BCFF11 também via oferta pública. Já na ponta da venda, foi a venda de R$ 21 milhões de TRXF11, R$ 15 milhões de BTLG11 e R$ 15 milhões de CPTS11 que fizeram o fundo realizar ganhos de capital e liberou recursos para o fundo investir em outros ativos com preços mais interessantes.
O HGRU11 possui 81 imóveis espalhados da Bahia à Santa Catarina, locados a varejistas como Big, Sams Club e Pernambucanas, além de imóveis educacionais como o Ibmec Rio e a Estácio. 91% dos contratos deste fundo são na modalidade atípica, com duração média de 11 anos com reajuste pela inflação. Vemos a atipicidade dos contratos e a exposição a grandes varejistas, dos quais alguns pertencem ao setor de serviços essenciais, como características que tornam o portfólio resiliente.
Em maio foi assinado o Compromisso de Compra e Venda, no qual o fundo se comprometeu a adquirir 10 ativos 100% locados à varejistas de grande porte espalhados pelo território nacional.
Nossa recomendação do fundo se baseia na qualidade dos recebíveis em carteira, que contam com garantia real e alienação fiduciária dos imóveis. O PLCR11 conta com 34 CRIs em carteira com duração de 4,3 anos e taxa média IPCA + 5,88%, o equivalente a 238 bps de spread sobre a NTN-B. A carteira encontra-se madura com quase todos os papéis tendo saído do período de carência, ao ponto de que também vem sendo atualizada monetariamente, repassando a inflação acumulada.
Acreditamos que o fundo encontra-se com desconto na cota de mercado e possui potencial de continuar pagando dividendos elevados nos próximos meses devido ao repasse da inflação, possuindo ótima relação de risco x retorno ajustada pela qualidade dos papéis em carteira.
O fundo possui ativos estratégicos e difíceis de replicar, o Complexo Intermodal Itatiaia, ligado ao porto do Rio de Janeiro e o Galpão Ribeirão das Neves próximo a Belo Horizonte e com área refrigerada. 96% da receita contratada é na modalidade atípica, com locatários como BRF e Xerox.
Aqui vale ressaltar que o ativo de Ribeirão das Neves possui 62,5% de sua área locada à BRF, e o restante está vago, porém, conta com renda mínima garantida pelo vendedor no mesmo valor pago pela BRF, sendo esse o principal risco do fundo. A gestão ainda indica o avanço para a finalização do processo de aquisição de um novo imóvel que poderá aumentar os dividendos em até R$ 0,06/ cota.
Dada a desvalorização do fundo, acreditamos que este é um bom ponto de entrada. O fundo possui boa diversificação entre suas estratégias e segmentos, o que contribuiu para a redução do risco, além da alocação de parte de seu patrimônio em CRIs e fundos de recebíveis. Atualmente, o fundo encontra-se bem posicionado em ativos que tendem a se beneficiar com a reabertura da economia e tem aumentado a sua posição em CRIs diretamente.
O fundo possui R$ 150 milhões em pipeline de CRI e mais R$ 70 milhões em operações que exigirão um giro do portfólio.
Apesar de novas medidas de restrição ao funcionamento dos shopping centers não estarem fora do radar, vemos que a evolução da vacinação da população e a retirada das restrições ao funcionamento dos shopping centers tendem a gerar um aumento nas vendas, levando a redução dos descontos e queda da inadimplência, refletindo em maiores dividendos distribuídos, além do próprio desconto com que os ativos são negociados como reflexo da pandemia.
Em nossa visão, vemos a diversificação geográfica e o diferencial estratégico de cada um dos seus ativos como um ponto positivo para o fundo, uma vez que quase não há competição na área de influência dos ativos, favorecendo o fluxo de visitantes. Além disso, o fundo consegue manter algum fluxo de recebimento mesmo com a segunda onda de Covid-19 devido as diferentes adoções de medidas restritivas em cada um dos estados.
Neste fundo, também ficamos atentos a novas medidas restritivas, que acabam afetando o setor de shopping centers como um todo. Vemos também o fundo sendo negociado com desconto e perspectiva de aumento nos dividendos distribuídos.
Neste fundo, o ponto que mais gostamos é a alta ocupação do portfólio, próximo de 97%, além do mecanismo de renda mínima garantida para um terço dos ativos, com cap rate de 8%, condição honrada mesmo no pior momento da crise do Covid-19. A gestão também foi capaz de aproveitar oportunidades no mercado com a compra de FIIs descontados, potencializando seu resultado.
ABL: Área bruta locável.
Benchmark: Índice de referência.
Cap rate: Taxa de capitalização.
Data ex: Data em que as cotas se tornam ex-dividendos.
Dividend yield: Rendimento anual de um FII, calculado pela divisão dos proventos pelo preço de mercado por cota.
Dividend yield (Forward): Rendimento anual de um FII para os próximos 12 meses.
Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis.
Follow-on: Oferta pública subsequente ao IPO.
FFO (Funds from Operation): Geração de caixa de um fundo imobiliário.
Ifix: Índice dos fundos de investimento imobiliário.
IPO: Oferta pública inicial.
Liquidez: Capacidade e rapidez com que um ativo é convertido em dinheiro.
LTV (Loan-to-Value): Saldo devedor da operação/valor da garantia.
Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.
Taxa de administração: Remuneração dos administradores.
Taxa de gestão: Remuneração dos gestores.
Ticker: Código de negociação do FII na Bolsa.
TIR: Taxa interna de retorno.
P/VPA: Desconto ou prêmio de negociação entre o valor de mercado e o patrimônio líquido.
WAULT (Weighted Average of Unexpired Lease Term): Média Ponderada do Prazo dos Contratos dos Aluguéis pela Receita Vigente de Aluguel Próprio.
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