Publicado em 15 de Dezembro às 01:01:23
A carteira recomendada de investimento em renda fixa de dezembro de 2022 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária e crédito privado.
Com a confirmação de Haddad no ministério da Fazenda, mudança na lei das estatais, e indicação de Mercadante para o BNDES, o premio de risco da renda fixa se elevou muito, com a perspectiva de uma politica fiscal mais desordenada.
Desta forma, os retornos dos ativos foram bastante negativos no período, com destaque para o índice IMAB5+, que representa os títulos indexados ao IPCA com vencimento acima de 5 anos, com queda de 2,37%. Já o CDI segue sendo um porto seguro, fechando com alta de 1,12%.
Olhando para a inflação, o IPCA avançou bem menos em novembro do que em outubro, 0,41% ante 0,59%. Esse resultado veio bem no piso das expectativas do mercado (mediana de 0,54% e teto de 0,65%, Broadcast). Nos últimos 12 meses, o IPCA passou de 6,47% para 5,90% e acumula alta de 5,13% no ano.
Já a atividade econômica continua dando sinais de arrefecimento, com o IBC-Br, proxy da atividade mensurada pelo Banco Central, teve queda de 0,05% ante o mês anterior.
Porém, o fator mais relevante no mercado local é a questão fiscal após as escolhas ministeriais do candidato eleito, e as primeiras indicações não são nada animadoras.
A equipe de transição já enviou ao Congresso uma proposta de PEC que eleva os gastos acima do teto (na forma como é atualmente definido) em R$ 145 bilhões, para os próximos 2 anos, e foi aprovado por maioria no Senado.
Se tal proposta for aprovada na câmara integralmente, em 2023 a relação dívida/PIB aumentará em 5 pontos porcentuais, e deverá atingir perto de 90% do PIB em 2026.
Estes gastos muito acima do teto elevariam consideravelmente a relação dívida/PIB. Em primeiro lugar, teremos um aumento do risco fiscal, o que significa um aumento da taxa de juros por eles demandada para financiar a dívida pública.
Neste cenário de desvalorização cambial, uma pressão adicional ocorre na taxa de inflação, que vai aumentar, como pudemos observar nas ultimas semanas, com a inflação implícita nos títulos subindo fortemente.
Em relação aos Estados Unidos, índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI) avançou 0,1% em novembro na comparação mês a mês, abaixo das expectativas do mercado, que apontavam para uma alta de 0,3%.
Desse modo, a inflação acumulada em doze meses é de 7,1%, desacelerando 0,6 p.p. frente aos 7,7% do mês imediatamente anterior e vindo melhor que as expectativas, que esperavam uma desaceleração mais modesta, de 7,3%.
O FED decidiu, de forma unânime, elevar a taxa básica de juros americana em 0,50 p.p., reduzindo o ritmo de aperto monetário em relação as reuniões anteriores, nas quais o Fed deu 75 bps de aumento por quatro vezes consecutivas.
Agora, a taxa básica de juros americana está no range de 4,25% – 4,5% a.a., com o FED já antecipando novas altas.
Indicações de enfraquecimento do arcabouço fiscal atual e de expansão significativa das despesas públicas ocasionaram uma disparada da taxa de câmbio e piora da curva de juros.
Nisto, tanto a curva pre-fixada, representada pelos derivativos de DI futuro, tanto a curva de juros reais, representadas pelas NTNBs tiveram elevação em todos os vértices, mas principalmente nos de vencimento mais longo.
A inflação implicita, que é a diferença entre a taxa dos títulos pré fixados e dos títulos indexados a inflação também fechou em forte alta, indicando um cenário inflacionário mais desafiador caso o descontrole fiscal venha a acontecer.
Portanto, como destaques negativos ficam os investimentos em títulos de vencimento mais longos, seja nos pré fixados, representados pelo IFRM (-0,87%) e nos juros reais, representados pelo IMAB5+(-2,37%).
Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.
A alocação em ativos indexados ao CDI segue como primordial para um ambiente de maior volatilidade. O juro real ex-ante* dos próximos 12 meses (8% aproximadamente) continua um como um grande atrativo. Além disso, liquidez da classe facilita rotação caso o mercado abra espaço para maior apetite ao risco.
Mantivemos a exposição aos indexados ao IPCA de duration curto e intermediario, dado o carrego maior de IPCA que teremos nos próximos meses, e do fator de proteção em um cenário desafiador da parte fiscal, que pode gerar instabilidade no nível de preços.
Juro real ex-ante*: Selic esperada para os próximos 12 meses – Inflação implicíta para os próximos 12 meses.
Os títulos indexados ao CDI continuam garantindo tranquilidade para absorver os choques no curto prazo, com possibilidade de aproveitar taxas ainda mais atrativas caso a percepção se deteriore.
Por ora, as projeções apresentadas indicam que essa classe se manterá atrativa também no ano de 2023, com uma inflação projetada pelo mercado na casa dos 5%, isso gera um ganho real de quase 9%, o que é extremamente relevante.
Conforme demonstramos aqui, o que permeia uma decisão de alocação nos títulos pré-fixados, é avaliar se a inflação que o mercado está projetando nos títulos públicos para os próximos anos, será mais baixa do que está precificado atualmente.
Além disso, é necessária alguma previsibilidade com relação a dinâmica de atividade e inflação. Com a grande piora na perspectiva na dinâmica de gastos públicos que serão adotados pelo próximo governo, alocar em títulos pré fixados perde atratividade, com isso, reduzimos a exposição a eles neste momento.
Mantivemos nossa exposição em indexados a inflação, reflexo da melhora do cenário de carrego de IPCA e das taxas ainda elevadas como ponto de entrada. Como consequência da instabilidade com relação a politica econômica, mantivemos as durations até no máximo a NTN-B com vencimento em 2030.
Não fizemos nenhuma alteração nas alocações neste mês, a predileção pelos ativos indexados ao CDI com vencimento até dois anos, e nos indexados ao IPCA com duration de até 5 anos seguem como as principais recomendações.
*taxas indicativas referentes ao dia 14 de dezembro, podendo sofrer variações.
Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:
Controlada pela holding Simpar, o Grupo Vamos (VAMO3) posiciona-se como líder no setor de locação de máquinas e equipamentos no Brasil, operando há mais de 20 anos pela JSL S.A.
O grupo conta com mais de 15 mil ativos alugados; uma vasta rede de 43 lojas distribuídas em 11 estados, sendo 14 concessionárias de caminhões e ônibus da marca Volkswagen/Man, 15 concessionárias de máquinas e equipamentos agrícolas da marca Valtra, 11 lojas de seminovos, duas lojas da marca Komatsu e uma da marca Fendt; e uma rede com mais de 2600 oficinas credenciadas para fazer a manutenção doas ativos alugados pelo serviço da Vamos.
O grupo atua por meio de 3 segmentos de negócio: Vamos Locação, Vamos Concessionárias e Vamos Seminovos.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp (SBSP3) é uma empresa brasileira de economia mista e capital aberto que detém a concessão dos serviços públicos na parte de saneamento básico no Estado de São Paulo, sendo seu principal acionista o governo do Estado São Paulo detentora de 50,3% das ações totais, que controla a gestão da companhia.
Atua no abastecimento de água e na coleta de esgoto em 371 municípios paulistas, incluindo a capital São Paulo.
A Raizen (RAIZ4) foi constituída em junho de 2011 como uma joint venture entre a Cosan (50%) e a Shell (50%), incorporando ativos de ambos os acionistas e visão estratégica de longo prazo fundamentada no mercado de biocombustíveis, energia renovável, marketing e serviços.
A estrutura da empresa é verticalmente integrada em todas as etapas da cadeia de valor, desde o plantio, colheita, processamento, armazenamento, logística, distribuição e comercialização do seu amplo portfólio de produtos e serviços que abrangem até o consumidor final.
A Equatorial Energia atua no setor elétrico brasileiro e se consolidou através da aquisição e recuperação de concessões adquiridas de outros grupos. O segmento de distribuição de energia elétrica representa cerca de 98% do EBITDA ajustado do grupo.
A companhia também investiu no segmento de transmissão, tendo concluído no 2T21 todos os 8 lotes (conquistados no leilão de 2017) com RAP consolidada de R$1.220,2 milhões. A exposição ao segmento de transmissão é positiva, pois tratam-se de receitas por disponibilidade – reduzindo o risco de demanda por energia que é inerente ao segmento de distribuição.
A JBS é a maior empresa de proteína animal do mundo e a segunda maior de alimentos. Com presença nos seis continentes, seu negócio central é o processamento e distribuição de carnes bovina, suína e de frango, além de atuar na produção de diversos outros tipos de alimentos, como processados, embutidos, produtos à base de plantas, entre outros.
Seu portfólio contém dezenas de marcas reconhecidas no Brasil e no mundo. Suas 5 principais unidades de negócio são: Seara, JBS Brasil, JBS USA Beef (inclui Austrália e Canadá), JBS USA Pork e Pilgrim’s Pride Corporation (PPC).
A empresa tem um ritmo de crescimento fora da curva. Sua receita subiu mais de 70% nos últimos 5 anos, aumento em mais de R$ 100 bilhões.
Acreditamos que toda essa geração de valor ainda não foi refletida no preço da sua ação. O frigorífico tem espaço para continuar utilizando seus recursos para expandir seu portfólio, ampliar seu programa de recompra de ações e distribuir mais dividendos. Isso trará novas fontes de receita e maior geração de valor para o acionista.
O BTG Pactual é um banco de investimento e gestor de ativos e fortunas, com posição dominante no Brasil, tendo estabelecido uma bem-sucedida plataforma internacional de investimentos e distribuição.
O banco atua nas seguintes áreas: banco de investimento, crédito corporativo, corretora, gestão de ativos, wealth management e participações societárias em empresas. Além de sua posição consolidada no mercado brasileiro, a BTG possui operações no Chile, Peru, Colômbia, Argentina, EUA e Europa.
Tem um sólido histórico de entrega de boa rentabilidade com solidez de capital. No 1T22, a BTG Pactual rodou com um ROE ajustado de 21,5% e índice de Basiléia de 15,0%.
Fundado em maio de 1997, o NBC Bank é um banco múltiplo especializado em soluções financeiras direcionadas as crédito, investimento e câmbio para PMEs para pessoas físicas. Em 2013, o Banco Continental, maior banco do Paraguai, assumiu o controle acionário do NBC Bank, prevendo a sua expansão internacional através de sua operação brasileira.
O Novo Banco Continental S.A. – Banco Múltiplo tem como objetivos principais a captação de CDBs junto a Pessoas Físicas e Jurídicas e a concessão de créditos a pequenas e médias empresas do mercado brasileiro.
Atua com diferentes produtos que atendem as principais necessidades financeiras, tanto para capital de giro como para projetos de investimentos, procurando dedicar uma atenção personalizada e uma oferta de produtos flexíveis que se adaptem às necessidades de seus clientes, através de financiamento, câmbio e outras operações.
O Banco ABC Brasil é um banco múltiplo que opera nas carteiras comercial, financeira, de investimento, de câmbio e de crédito imobiliário.
O foco são as empresas de médio e grande portes, sendo que sua principal linha de negócios é a intermediação financeira de operações com análise e aceitação de riscos de crédito. No entanto, também há atendimento a pessoas físicas.
O banco é controlado pelo Arab Banking Corporation. Com quase 1000 colaboradores, o banco terminou o 1T22 com um ROE de 15,5% e um índice de Basiléia de 15,1%.
Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.
Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.
Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.
Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.
Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.
Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.
High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.
High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.
Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.
ROE (Return on Equity): Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.
Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.
CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.
CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário