Publicado em 13 de Fevereiro às 00:46:56
A carteira recomendada de investimento em renda fixa de fevereiro de 2023 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária e crédito privado.
O IDA (Índice de Denbentures da Anbima) teve uma das maiores quedas da história em 12 de janeiro por conta das debentures da Americanas, que representavam cerca de 3% do índice. Contudo, a queda não ficou limitada à Americanas.
O IDA fechou em queda em janeiro e continua em queda em fevereiro apesar do IMA (índice de RF de títulos públicos) ter apresentado alta. O que explica esta piora do IDA é o aumento da percepção de risco, menor oferta de crédito e resgates na indústria. As notícias negativas sobre Ambev, Light, entre outras empresas, só pioram a situação.
O retorno dos ativos de vencimento mais curto, tanto os prefixados, quanto os de juro real, representados respectivamente pelos índices da Anbima IRFM e IMAB5 foram positivos, com altas de 1,12% e 1,16%. Já os títulos de vencimento mais longo fecharam o período em queda, com o IMAB5+ caindo 1,66%.
Olhando para a inflação, o IPCA desacelerou para 0,53% m/m em janeiro, ante 0,62% m/m em dezembro, vindo levemente abaixo da mediana (0,57%, Broadcast). Na métrica em doze meses, a redução apresentada na passagem de dezembro para janeiro foi apenas marginal, de 5,79% para 5,77%.
Algumas medidas de projeção de inflação, como a feita pelo banco central, o boletim Focus, se comparado há um mês atrás, o IPCA de 2024 já subiu quase 30 bps, saindo de 3,70% para 3,93%, mostrando uma aceleração na elevação do nível de preços para os próximos anos.
Com relação a politica monetária, ata da última reunião do Banco Central para decisão da taxa Selic ressaltou o caráter hawkish do comunicado que manteve a Selic em 13,75% a.a.
O Copom disse que as expectativas de inflação não demonstram convergência para a meta no horizonte relevante de política monetária, mas, reforçando o cenário apresentado no último comunicado, foi reiterado que um aperto monetário mais prolongado gera impacto relevante nas projeções em direção à meta.
Além disso, foi destacada a preocupação com o movimento mais recente nos horizontes mais longos da inflação. Dentre os principais fatores de influência, o risco fiscal se coloca como um grande desafio, sendo que a falta de previsibilidade quanto ao novo arcabouço fiscal e à continuação de políticas de estímulos fiscais introduzem prêmios nos preços dos ativos e impactam as expectativas de inflação.
Diante do forte ciclo de aperto monetário desempenhado ao longo dos últimos meses, os dados do mercado de crédito apresentam sinais de desaceleração na margem, tanto para empresas quanto para as famílias.
Apesar da resiliência da economia, com demanda ainda aquecida, o aumento generalizado da inadimplência é uma sinalização que merece atenção. Essa deterioração deve se agravar ao longo de 2023, refletindo os efeitos da política monetária contracionista e as incertezas em torno da política econômica do próximo governo.
A criação líquida de 517 mil empregos em setores não agrícolas (nonfarm payroll) nos EUA surpreendeu muito as expectativas dos analistas que esperavam a criação de apenas 188 mil vagas (mediana, Bloomberg) em janeiro.
Além disso, revisões positivas nos meses de novembro e dezembro adicionaram 71 mil empregos criados a mais. O número de novembro saiu de 256 mil para 290 mil, enquanto o número de dezembro saiu de 223 mil para 260 mil.
A combinação de um resultado robusto na criação de vagas, com a taxa de desemprego caindo, a taxa de participação aumentando e os ganhos salariais esfriando indica que as principais variáveis relativas ao mercado de trabalho estão se movendo ainda muito lentamente em direção aos patamares que o Fed deseja.
O resultado desse payroll de janeiro não deve fazer o Fed alterar o seu plano de voo de empreender altas de juros de 25 pontos-base daqui em diante.
O que pode mudar é o número de altas dessa magnitude adotadas nas reuniões futuras, com a autoridade monetária podendo levar a taxa de juros para patamar além da taxa terminal de 5,25% (limite superior) projetada pelos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ou então manter a fed funds rate em nível elevado por mais tempo.
Com a continuidade dos ataques ao Banco central por diversos políticos, questionando o patamar da Selic, e com os dados do mercado de trabalho americano vindo muito mais forte que o esperado, houve uma elevação na inclinação nas curvas de juros (parte mais curta constante ou caindo, com a parte longa subindo).
Isso denota um ceticismo do mercado com relação a perspectiva econômica no futuro, com um cenário de descontrole fiscal, questionamentos a autonomia do BCB e por consequência, um nível de inflação muito mais alto do que um país emergente deveria ter.
Nisto, tanto a curva pre-fixada, representada pelos derivativos de DI futuro, tanto a curva de juros reais, representadas pelas NTNBs tiveram queda em todos os vértices de vencimento até 4 anos, e alta nos véritices de vencimento acima de 5 anos, elevando a inclinação das curvas.
A inflação implícita, que é a diferença entre a taxa dos títulos pré fixados e dos títulos indexados a inflação fechou em forte alta, mostrando uma grande piora na perspectiva inflacionária para os próximos anos.
O mercado de crédito vem sendo penalizado após o evento de americanas, os spreads (diferença entre a taxa do titulo contra o titulo publico de mesma duration) subiram fortemente para todos os tipos de ratings, sinalizando uma aversão a risco e uma piora no nivel de endividamento de algumas empresas, o que afeta o mercado como um todo.
O impacto direto é maior custo de crédito, negativo para empresas endividadas (que já vinham sofrendo com Selic alta). O impacto indireto é que isto pode desacelerar ainda mais a atividade econômica. Nos próximos dias o BC divulga o relatório de crédito de janeiro e será possível visualizar melhor o impacto do evento “Americanas”.
Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.
A alocação em ativos indexados ao CDI segue como primordial para um ambiente de maior volatilidade. O juro real ex-ante* (8% aproximadamente) continua um como um grande atrativo. Além disso, liquidez da classe facilita rotação caso o mercado abra espaço para maior apetite ao risco.
Mantivemos a exposição aos indexados ao IPCA de duration curto e intermediario, dado o carrego maior de IPCA que teremos nos próximos meses, e do fator de proteção em um cenário desafiador da parte fiscal, que pode gerar instabilidade no nível de preços.
Juro real ex-ante*: Selic esperada para os próximos 12 meses – Inflação implícita para os próximos 12 meses.
Os títulos indexados ao CDI continuam garantindo tranquilidade para absorver os choques no curto prazo, com possibilidade de aproveitar taxas ainda mais atrativas caso a percepção se deteriore.
Por ora, as projeções apresentadas indicam que essa classe se manterá atrativa também no ano de 2023, com uma inflação projetada pelo mercado na casa dos 5,8%, isso gera um ganho real de quase 8%, o que é extremamente relevante.
Conforme demonstramos aqui, o que permeia uma decisão de alocação nos títulos pré-fixados, é avaliar se a inflação que o mercado está projetando nos títulos públicos para os próximos anos, será mais baixa do que está precificado atualmente.
Além disso, é necessária alguma previsibilidade com relação a dinâmica de atividade e inflação. Com a grande piora na perspectiva na dinâmica de gastos públicos que serão adotados pelo atual governo, alocar em títulos pré fixados perde atratividade, com isso, reduzimos a exposição a eles neste momento.
Mantivemos nossa exposição em indexados a inflação, reflexo da melhora do cenário de carrego de IPCA e das taxas ainda elevadas como ponto de entrada. Como consequência da instabilidade com relação a politica econômica, mantivemos as durations até no máximo a NTN-B com vencimento em 2035.
Não fizemos alterações na carteira de fevereiro, após o caso envolvendo Lojas Americanas, achamos melhor reduzir a exposição a alguns títulos de crédito privado, dando maior preferencia ao de emissão bancária e tesouro direto. A predileção pelos ativos indexados ao CDI com vencimento até três anos, e nos indexados ao IPCA com duration curto e intermediário seguem como as principais recomendações.
*taxas indicativas referentes ao dia 10 de fevereiro, podendo sofrer variações.
Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:
A Equatorial Energia atua no setor elétrico brasileiro e se consolidou através da aquisição e recuperação de concessões adquiridas de outros grupos. O segmento de distribuição de energia elétrica representa cerca de 98% do EBITDA ajustado do grupo.
A companhia também investiu no segmento de transmissão, tendo concluído no 2T21 todos os 8 lotes (conquistados no leilão de 2017) com RAP consolidada de R$1.220,2 milhões. A exposição ao segmento de transmissão é positiva, pois tratam-se de receitas por disponibilidade – reduzindo o risco de demanda por energia que é inerente ao segmento de distribuição.
O BTG Pactual é um banco de investimento e gestor de ativos e fortunas, com posição dominante no Brasil, tendo estabelecido uma bem-sucedida plataforma internacional de investimentos e distribuição.
O banco atua nas seguintes áreas: banco de investimento, crédito corporativo, corretora, gestão de ativos, wealth management e participações societárias em empresas. Além de sua posição consolidada no mercado brasileiro, a BTG possui operações no Chile, Peru, Colômbia, Argentina, EUA e Europa.
Tem um sólido histórico de entrega de boa rentabilidade com solidez de capital. No 3T22, a BTG Pactual rodou com um ROE ajustado de 20,2% e índice de Basiléia de 15,2%.
Fundado em maio de 1997, o NBC Bank é um banco múltiplo especializado em soluções financeiras direcionadas as crédito, investimento e câmbio para PMEs para pessoas físicas. Em 2013, o Banco Continental, maior banco do Paraguai, assumiu o controle acionário do NBC Bank, prevendo a sua expansão internacional através de sua operação brasileira.
O Novo Banco Continental S.A. – Banco Múltiplo tem como objetivos principais a captação de CDBs junto a Pessoas Físicas e Jurídicas e a concessão de créditos a pequenas e médias empresas do mercado brasileiro.
Atua com diferentes produtos que atendem as principais necessidades financeiras, tanto para capital de giro como para projetos de investimentos, procurando dedicar uma atenção personalizada e uma oferta de produtos flexíveis que se adaptem às necessidades de seus clientes, através de financiamento, câmbio e outras operações.
O Banco ABC Brasil é um banco múltiplo que opera nas carteiras comercial, financeira, de investimento, de câmbio e de crédito imobiliário.
O foco são as empresas de médio e grande portes, sendo que sua principal linha de negócios é a intermediação financeira de operações com análise e aceitação de riscos de crédito. No entanto, também há atendimento a pessoas físicas.
O banco é controlado pelo Arab Banking Corporation. Com quase 1000 colaboradores, o banco terminou o 3T22 com um ROE de 14,8% e um índice de Basiléia de 15,4%.
Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.
Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.
Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.
Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.
Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.
Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.
High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.
High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.
Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.
ROE (Return on Equity): Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.
Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.
CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.
CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário