André Fialho

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Publicado em 16 de Janeiro às 01:21:54

Carteira Recomendada de Renda Fixa – Janeiro 2023

A carteira recomendada de investimento em renda fixa de janeiro de 2023 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária e crédito privado.

Renda fixa: Fechamento das taxas levou a um bom retorno no período

Após um inicio turbulento de governo, com ainda muitas incertezas, algumas indicações do atual ministro da fazenda e da ministra do planejamento, sendo mais favoráveis a um equilíbrio dos gastos públicos, fez com que o mercado reagisse positivamente, o que gerou ganhos interessantes nesse período.

Desta forma, os retornos dos ativos foram positivos, com destaque para o índice IRFM, que representa os títulos pré fixados, com alta de 2,19%. Outro destaque vai para o índice das debentures incentivadas indexadas ao IPCA, o IDA-IPCA, que fechou com alta de 1,24%.

Cenário local: Melhora marginal na questão politica e fiscal

Olhando para a inflação, o IPCA avançou mais que o esperado em dezembro, 0,62%. Esse resultado veio bem acima das expectativas do mercado (mediana de 0,45% e teto de 0,61%, Broadcast). Com esse resultado, o IPCA fechou 2022 em 5,79%.

Já a atividade econômica continua dando sinais de arrefecimento, com o IBC-Br, proxy da atividade mensurada pelo Banco Central, tendo queda de 0,55% ante o mês anterior.

Diante do forte ciclo de aperto monetário desempenhado ao longo dos últimos meses, os dados do mercado de crédito apresentam sinais de desaceleração na margem, tanto para empresas quanto para as famílias.

Apesar da resiliência da economia, com demanda ainda aquecida, o aumento generalizado da inadimplência é uma sinalização que merece atenção. Essa deterioração deve se agravar ao longo de 2023, refletindo os efeitos da política monetária contracionista e as incertezas em torno da política econômica do próximo governo.

Cenário Externo: China reabrindo e inflação americana mais estável

Em relação aos Estados Unidos, índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI) recuou 0,1% em dezembro na comparação mês a mês, em linha com as expectativas do mercado.

Desse modo, a inflação acumulada em doze meses (2022) ficou em 6,5%, desacelerando 0,6 p.p. frente aos 7,1% do mês imediatamente anterior e vindo melhor que as expectativas.

O mercado de trabalho norte americano segue forte, com a taxa de desemprego caindo e taxa de participação aumentando e os ganhos salariais esfriando indicam que as principais variáveis relativas ao mercado de trabalho que o Fed acompanha estão se movendo ainda muito lentamente em direção aos patamares que a autoridade monetária deseja.

Com base nisso, a instituição manterá o seu plano de voo de continuar a elevar a taxa de juros. Porém, caso decida dar mais ênfase à direção, o fato de os dados estarem caminhando no sentido correto pode dar espaço para o Fed desacelerar o ritmo de alta de juros dos 50 pontos-base em dezembro para 25 pontos-base na reunião de fevereiro.

Agora, a taxa básica de juros americana está no range de 4,25% – 4,5% a.a., com o FED já antecipando novas altas.

Já na China, a reabertura do país após longo lockdown para combater a Covid 19 gerou efeito positivo em diversas economias e bolsas ao redor do mundo, com uma perspectiva de aumento da demanda por commodities, e atividade chinesa mais pujante em 2023. Mas ainda tem conflitos a serem vencidos internamente.

Análise das curvas de juros: Forte queda nas taxas nominais longas

Algumas indicações por parte do novo ministro da fazenda e da ministra do planejamento, indicando algum cuidado com a questão fiscal, somado ao movimento de queda das treasuries nos EUA, ocasionaram uma grande valorização do real frente ao dólar, e uma queda considerável nas taxas de juros tanto nominais quanto reais.

Nisto, tanto a curva pre-fixada, representada pelos derivativos de DI futuro, tanto a curva de juros reais, representadas pelas NTNBs tiveram queda em todos os vértices, no caso dos DI’s, nos vencimentos mais longos, e das NTNbs nos mais curtos e intermediários.

A inflação implicita, que é a diferença entre a taxa dos títulos pré fixados e dos títulos indexados a inflação também fechou em forte queda, mostrando uma melhora na perspectiva inflacionária para os próximos meses.

Portanto, como destaques positivos ficam os investimentos em títulos nos pré fixados, representados pelo IRFM (+2,2%) e nos títulos de debêntures indexadas ao IPCA, o IDA-IPCA com (+1,24%) de alta.

Investimento em renda fixa: Com inflação surpreendendo negativamente, peso dos indexados ao IPCA aumenta

Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.

A alocação em ativos indexados ao CDI segue como primordial para um ambiente de maior volatilidade. O juro real ex-ante* dos próximos 12 meses (8% aproximadamente) continua um como um grande atrativo. Além disso, liquidez da classe facilita rotação caso o mercado abra espaço para maior apetite ao risco.

Mantivemos a exposição aos indexados ao IPCA de duration curto e intermediario, dado o carrego maior de IPCA que teremos nos próximos meses, e do fator de proteção em um cenário desafiador da parte fiscal, que pode gerar instabilidade no nível de preços.

Juro real ex-ante*: Selic esperada para os próximos 12 meses – Inflação implícita para os próximos 12 meses.

Recomendações renda fixa janeiro 2023: títulos pós-fixados, prefixados e indexados à inflação

Indexados ao CDI

Os títulos indexados ao CDI continuam garantindo tranquilidade para absorver os choques no curto prazo, com possibilidade de aproveitar taxas ainda mais atrativas caso a percepção se deteriore.

Por ora, as projeções apresentadas indicam que essa classe se manterá atrativa também no ano de 2023, com uma inflação projetada pelo mercado na casa dos 5,5%, isso gera um ganho real de quase 8%, o que é extremamente relevante.

Títulos pré-fixados

Conforme demonstramos aqui, o que permeia uma decisão de alocação nos títulos pré-fixados, é avaliar se a inflação que o mercado está projetando nos títulos públicos para os próximos anos, será mais baixa do que está precificado atualmente.

Além disso, é necessária alguma previsibilidade com relação a dinâmica de atividade e inflação. Com a grande piora na perspectiva na dinâmica de gastos públicos que serão adotados pelo próximo governo, alocar em títulos pré fixados perde atratividade, com isso, reduzimos a exposição a eles neste momento.

Indexados a inflação

Mantivemos nossa exposição em indexados a inflação, reflexo da melhora do cenário de carrego de IPCA e das taxas ainda elevadas como ponto de entrada. Como consequência da instabilidade com relação a politica econômica, mantivemos as durations até no máximo a NTN-B com vencimento em 2030.

Investimento em renda fixa para janeiro 2023

Fizemos algumas alterações nessa primeira carteira de 2023, após o caso envolvendo Lojas Americanas, achamos melhor reduzir a exposição a alguns títulos de crédito privado, dando maior preferencia ao de emissão bancária e tesouro direto. A predileção pelos ativos indexados ao CDI com vencimento até três anos, e nos indexados ao IPCA com duration curto e intermediário seguem como as principais recomendações.

*taxas indicativas referentes ao dia 13 de janeiro, podendo sofrer variações.

Melhores investimentos em renda fixa: análise de ativos

Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:

(EQTL3) Equatorial

A Equatorial Energia atua no setor elétrico brasileiro e se consolidou através da aquisição e recuperação de concessões adquiridas de outros grupos. O segmento de distribuição de energia elétrica representa cerca de 98% do EBITDA ajustado do grupo.

A companhia também investiu no segmento de transmissão, tendo concluído no 2T21 todos os 8 lotes (conquistados no leilão de 2017) com RAP consolidada de R$1.220,2 milhões. A exposição ao segmento de transmissão é positiva, pois tratam-se de receitas por disponibilidade – reduzindo o risco de demanda por energia que é inerente ao segmento de distribuição.

(BPAC11) Banco BTG Pactual

O BTG Pactual é um banco de investimento e gestor de ativos e fortunas, com posição dominante no Brasil, tendo estabelecido uma bem-sucedida plataforma internacional de investimentos e distribuição.

O banco atua nas seguintes áreas: banco de investimento, crédito corporativo, corretora, gestão de ativos, wealth management e participações societárias em empresas. Além de sua posição consolidada no mercado brasileiro, a BTG possui operações no Chile, Peru, Colômbia, Argentina, EUA e Europa.

Tem um sólido histórico de entrega de boa rentabilidade com solidez de capital. No 3T22, a BTG Pactual rodou com um ROE ajustado de 20,2% e índice de Basiléia de 15,2%.

NBC Bank

Fundado em maio de 1997, o NBC Bank é um banco múltiplo especializado em soluções financeiras direcionadas as crédito, investimento e câmbio para PMEs para pessoas físicas. Em 2013, o Banco Continental, maior banco do Paraguai, assumiu o controle acionário do NBC Bank, prevendo a sua expansão internacional através de sua operação brasileira.

O Novo Banco Continental S.A. – Banco Múltiplo tem como objetivos principais a captação de CDBs junto a Pessoas Físicas e Jurídicas e a concessão de créditos a pequenas e médias empresas do mercado brasileiro.

Atua com diferentes produtos que atendem as principais necessidades financeiras, tanto para capital de giro como para projetos de investimentos, procurando dedicar uma atenção personalizada e uma oferta de produtos flexíveis que se adaptem às necessidades de seus clientes, através de financiamento, câmbio e outras operações.

(ABCB4)Banco ABC

O Banco ABC Brasil é um banco múltiplo que opera nas carteiras comercial, financeira, de investimento, de câmbio e de crédito imobiliário.

O foco são as empresas de médio e grande portes, sendo que sua principal linha de negócios é a intermediação financeira de operações com análise e aceitação de riscos de crédito. No entanto, também há atendimento a pessoas físicas.

O banco é controlado pelo Arab Banking Corporation. Com quase 1000 colaboradores, o banco terminou o 3T22 com um ROE de 14,8% e um índice de Basiléia de 15,4%.

Glossário

Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.

Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.

Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.

Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.

Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.

Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.

Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.

High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.

High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.

Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.

ROE (Return on Equity):  Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.

Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.

CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.

CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário

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