Publicado em 10 de Agosto às 01:44:59
A carteira recomendada de investimento em renda fixa de agosto de 2023 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária, crédito privado e ETFs.
Os melhores retornos na renda fixa no mês, e também no ano, seguem sendo os títulos indexados ao IPCA de vencimento longo. O IMA-B 5+ (ativos indexados ao IPCA com vencimento acima de 5 anos) registrou uma valorização de 2,69% no mês e 18,14% no ano. Outro destaque foram as debêntures indexadas ao IPCA, com retorno de 2,30%, acompanhando o fechamento da curva de juro real e queda nos spreads de crédito.
No Brasil, os principais acontecimentos foram o corte de 0,5 p.p. na taxa Selic, levando a taxa para 13,25% a.a., com uma ata mostrando que caso a trajetória inflacionária continue positiva, os cortes a frente podem ter magnitude maior do que a da reunião de agosto. Os dados de atividade, como do mercado de crédito e do setor de serviços dão sinais que um leve arrefecimento econômico está em andamento. No cenário externo, os Bancos Centrais dos EUA (FED) e da Zona do Euro (ECB) confirmaram em julho os movimentos de alta de juros que já haviam sido amplamente sinalizados em suas comunicações.
Nos últimos meses, observou-se um cenário mais benigno para a trajetória de desinflação. Tal movimento está associado, entre outros fatores, com a deflação dos índices de preços ao produtor, arrefecimento das medidas mais inerciais da inflação, sobretudo ligados ao setor de serviços e aos núcleos da inflação, e à convergência das expectativas em direção a meta.
Com isso, o Banco Central (BCB) reduziu a Selic em 0,5 p.p. para 13,25% a.a., em função da melhora do quadro inflacionário descrito acima, após 12 meses de estabilidade em 13,75% a.a., o patamar mais elevado desde dezembro de 2016. Apesar do corte ter surpreendido o mercado que tinha como expectativa um ajuste de -0,25 p.p. (Broadcast+), não houve consenso no Copom.
Agora a estimativa de qual será o tamanho do ciclo de cortes vai depender da inflação continuar essa trajetória mais positiva que vem tendo nos últimos meses e de um arrefecimento na atividade econômica, que já mostra pequenos sinais, como o dado do setor de serviços do mês junho e do mercado de crédito.
A equipe de Macroeconomia da Genial vê a atividade contraindo mais forte no último trimestre, o que pode levar o Banco Central a uma Selic terminal mais próxima dos 9% a.a. ao final de 2024.
Os Bancos Centrais dos EUA (FED) e da Zona do Euro (ECB) confirmaram em julho os movimentos de alta de juros que já haviam sido amplamente sinalizados em suas comunicações. Além disso, ficou claro que a conjuntura atual não favorece o uso de “forward guidance”, tanto por parte do ECB e do Fed, mas também pela maioria dos bancos centrais do G10: a mensagem é de que os dados econômicos divulgados até as próximas reuniões terão grande peso na definição entre estabilidade e alta adicional nas taxas de juros.
Apesar dessa indefinição a respeito dos próximos passos, as evidências em torno da convergência da inflação e da transmissão da política monetária sobre as condições financeiras e a atividade econômica, embora em nuances diferentes entre os diversos blocos econômicos, deixam claro que os ciclos de aperto monetário estão muito próximos do fim.
Em um desenvolvimento paralelo, as novidades vindas do banco central do Japão (BOJ) representaram um contraponto a este ambiente de fim de ciclo de alta de juros. A decisão de flexibilizar a zona de flutuação dos rendimentos dos títulos de 10 anos, que surpreendeu pelo timing, trouxe certa volatilidade aos mercados, evidenciando a relevância da política monetária do Japão para as condições de liquidez global.
No entanto, as comunicações oficiais e a dinâmica dos acontecimentos subsequentes acabaram amenizando os efeitos da decisão, principalmente devido a dois pontos: (i) as projeções do BOJ e os dados correntes de inflação ainda não apontam para uma taxa de inflação consistentemente próxima da meta de 2% no horizonte relevante, de forma que não há a perspectiva de uma mudança na taxa de política monetária (atualmente negativa em 0,1%) no curto prazo; (ii) o perfil das atuações do BOJ no mercado de bonds demonstra ser pouco provável uma convergência rápida para o novo limite superior de 1% e pressões para alargamento adicional da banda.
Para saber mais detalhes da conjuntura macroeconômica, entre aqui.
As taxas de juros nominais curtas foram as que mais se reduziram após a decisão do Copom, que de certa maneira surpreendeu o mercado, que passou a projetar uma Selic ainda menor no final do ciclo de cortes. Com isso, também pelo impacto da alta nas treasuries, os juros longos fecharam com alta nas taxas, como o DI de vencimento em Janeiro de 2033, que subiu 13bps.
A inflação implícita, que vinha em trajetória descendente nos últimos meses subiu com relação ao mês anterior, muito em decorrência da decisão do Copom, e de alguns riscos mais pró inflação no radar, como a mudança nos membros do Banco Central no final do ano e a alta no preço do petróleo.
Portanto, os ativos de melhor retorno no mês foram os indexados ao IPCA de vencimento longo, representados pelo IMA-B5+, que tiveram alta de 2,60% no mês. As debêntures também tiveram desempenho positivo, com o índice IDA-IPCA subindo 2,30%, acompanhando o fechamento das taxas das NTN-Bs e dos spreads de crédito.
Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.
A alocação em ativos indexados ao CDI segue tendo relevância para um portfolio equilibrado. Além disso, a liquidez da classe facilita rotação para a bolsa por exemplo, movimento visto fortemente nestes últimos meses.
Porém, com a projeção de cortes na Selic se fortalecendo ainda esse ano, e talvez no inicio do segundo semestre, a atratividade se reduziu marginalmente, abrindo espaço para maior alocação nos títulos indexados a inflação.
Mantivemos a exposição aos indexados ao IPCA de vencimento intermediário, pois o movimento de fechamento dos prefixados intermediários/longos foi muito maior do que do juro real, e a forte queda da inflação implícita reduz a atratividade da alocação nos prefixados, reduzindo sua expectativa de retorno.
Nossa visão é de que o juro real das NTN-Bs deve se reduzir gerando ganho na marcação a mercado, apesar dos ganhos do carrego de IPCA serem menores nos próximos meses.
Os títulos de taxa pós-fixados ainda são atraentes, pois o carrego está bem acima da inflação, mesmo com o Banco Central podendo levar a Selic próximo dos 9% até o final de 2024. Porém, reduzimos a exposição acima da estrutural para os ativos de vencimento mais curto desta classe da renda fixa.
Com as taxas pré caindo consistentemente nos últimos meses, a atratividade dessa classe se reduziu se comparado as NTN-Bs. Nas ultimas alocações, adicionamos os prefixados na carteira com vencimento intermediário e longo, com taxas acima de 13%, o que já gerou um ganho relevante na marcação a mercado.
Dado nosso cenário da equipe de macroeconomia para inflação é um pouco mais pessimista que a média de mercado, os títulos pré fixados de vencimento mais curto estão menos atrativos que há meses atrás e não recomendamos a entrada nesse tipo de ativo no momento.
Mantivemos nossa exposição em indexados a inflação de vencimento intermediário, pois ainda consideramos o juro real que obtemos nas NTN-Bs ainda atrativo, mesmo com a queda de mais de 100bps em relação ao período mais critico que passamos este ano. No trecho mais longo, continuamos com a visão positiva de que posições indexadas à inflação possuem uma relação de risco/retorno superior às dos prefixados, dado o nível atual da inflação implícita, o histórico de boa performance em diversos ciclos de corte de juros.
Efetuamos quatro alterações nas carteiras. Retiramos o ETF LFTS11 (para saber mais detalhes, leia este relatório), incluímos uma LCI do Banco ABC, uma debênture de Ecorodovias (Holding do Araguaia) e adicionamos também o ETF IMAB11. As mudanças foram táticas, e as trocas não representam uma necessidade de venda dos ativos anteriores da carteira.
*taxas indicativas referentes ao dia 10 de agosto, podendo sofrer variações.
Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:
O B5P211 é um ETF criado pelo Itaú, que replica o índice IMA-B5 índice calculado pela Anbima, formado por uma carteira teórica composta por títulos públicos indexados à inflação, as NTN-Bs, com prazos inferiores a cinco anos de vencimento e controle de prazo médio de repactuação da carteira de, no mínimo, dois anos.
O IMA-B 5 tem uma metodologia de rebalanceamento dos títulos que torna esse índice um investimento muito atrativo. Em seu funcionamento, é como se os recursos vindos de vencimentos ou pagamentos de juros fossem automaticamente reinvestidos numa taxa mais elevada, em um título público indexado ao IPCA com prazo de até 5 anos.
Consequentemente, o comportamento do prazo médio (duration) do IMA-B 5 é muito mais previsível. Já no caso do IMA-B, o comportamento é mais difícil de se prever e tem correlação muito alta com os movimentos nas curvas de juros, tanto de DI futuro, quanto dos preços das NTN-Bs.
Saiba mais sobre esse índice aqui.
A Eneva atua nos setores de exploração e produção de gás natural, geração de energia e soluções em energia no mercado de gás natural e no mercado livre de energia. Seu modelo de negócios integra os processos de exploração do gás natural até a geração de energia termoelétrica, bem como a comercialização de gás e energia.
Atualmente a companhia possui parque operacional com 10 usinas termelétricas (8 a gás e 2 a carvão) e o complexo Solar Futura I, que iniciou sua operação comercial em maio/2023, totalizando uma capacidade de geração de 5,9 GW. Até 2026, deve atingir capacidade de 6,3 GW com a entrada em operação de 3 novas usinas termelétricas, além da possibilidade de expandir com as produções dos parques solares Futura II e Futura III (podem somar 2,3 GW de capacidade instalada ao projeto).
A Eneva reportou EBITDA de R$ 1,2 bilhão no 1T23, contra R$ 474 milhões no 1T23. Já a dívida líquida foi de R$ 17,1 bilhões no 1T23, o que representou um aumento de 3% vs. 4T22, impulsionado principalmente pelos efeitos não caixa de juros acumulados e atualização monetária sobre a dívida bruta, o que mais do que compensou a geração de caixa (após investimentos) de R$ 186 milhões.
Essa debênture tem rating AAA pela Fitch.
Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.
Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.
Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.
Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.
Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.
Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.
High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.
High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.
Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.
ROE (Return on Equity): Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.
Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.
CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.
CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário