Publicado em 22 de Fevereiro às 19:14:22
A carteira recomendada de investimento em renda fixa de fevereiro de 2024 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, por meio de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária, crédito privado e ETFs.
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O movimento de risk on que o mercado observou no final de 2023 se arrefeceu no início de 2024. A divulgação dos dados do mercado de trabalho americano, que demonstraram criação de empregos e aumento do salário acima do esperado, alterou a perspectiva do mercado sobre a taxa de juros nos EUA. Agora, os agentes começam a precificar o início do ciclo de cortes da taxa de juros americana para o final do primeiro semestre de 2024, em detrimento à perspectiva de início dos cortes no final do primeiro trimestre. Essa mudança impactou o rendimento das treasuries, que apresentou alta no final de janeiro, impulsionando a curva de juros brasileira para cima.
Assim, os ativos de renda fixa no último mês não tiveram um desempenho positivo muito expressivo. Os ativos de crédito privado indexados ao CDI foram os principais ganhadores do período, como efeito da mudança no mercado de renda fixa isenta. Nossa alocação se mantém concentrada nos títulos indexados ao IPCA de vencimento curto e intermediário, além da alocação do CDI curto, que se mantém pagando juros atrativos acima da inflação.
Desaceleração da atividade econômica. A atividade econômica deve desacelerar em 2024, com crescente preocupação em relação a taxa de investimento da economia. As concessões de crédito devem acelerar ao longo de 2024 mas ainda em patamares baixos, em linha com o encarecimento do custo de crédito de 2023. O mercado de trabalho continua apresentando resiliência e deve se manter em estabilidade.
Composição desfavorável da inflação. O IPCA de janeiro desacelerou na passagem de dezembro para janeiro, de 0,56% m/m para 0,42% m/m, vindo acima da projeção de mercado. Na métrica em doze meses, o índice inicia o ano em 4,51%, desacelerando em relação a dezembro (4,62% a/a) e em relação a janeiro de 2023 (5,77% a/a). A inflação apresentou uma composição desfavorável, com um índice principal acima das expectativas do mercado e próximo ao teto do intervalo das projeções.
Política fiscal continua incerta. No acumulado do ano, o Governo Central registrou um déficit primário de R$ 230,5b (2,1% do PIB). A piora do resultado primário, em termos reais, quando comparado ao mesmo período do ano passado decorreu da queda de 2,2% a/a da receita líquida, ao passo em que a despesa total apresentou forte expansão de 12,5% a/a. A dívida bruta do Governo Geral alcançou 74,1% do PIB, demonstrando clara deterioração ao longo do ano de 2023. Vale destacar o anúncio da nova política de incentivo a indústria, movimento que intensificou as preocupações com a trajetória fiscal do país.
Mudanças nos títulos incentivados. No começo de fevereiro o CMN (Conselho Monetário Nacional) publicou novas resoluções sobre as emissões de títulos isentos de imposto de renda. As novas normas proíbem companhias que não tem seu core business no setor imobiliário ou no agronegócio de emitirem CRIs e CRAs, garantem a destinação do financiamento para as emissões de LCI, LCA e LIGs e alteram os prazos mínimos de vencimento dos títulos de emissão bancária isentos. Ainda é incerto o impacto concreto das novas normas no mercado de crédito privado, mas o movimento deve levar a alterações nos instrumentos de financiamentos das empresas além de diminuir a oferta de títulos incentivados.
Estados Unidos. A prévia do PIB dos EUA do 4T23 veio acima do teto das projeções dos analistas, avançando 3,3% t/t a uma taxa anualizada. O índice de preços do PCE apresentou alta de 0,2% m/m, vindo em linha com as expectativas do mercado. Apesar da primeira leitura do PIB do 4º trimestre de 2023 ter surpreendido para cima, a inflação trimestral medida pelo PCE caiu abaixo da meta, com o índice cheio apresentando alta anualizada de 1,7% t/t no 4º trimestre. Esses dados mostram que apesar de uma atividade econômica ainda forte no último trimestre de 2023, a medida de inflação favorita do Fed já passou a rodar em patamares condizentes com a meta de inflação de 2,0% ao ano. Ainda assim, os dados de criação de empregos e aumento de salários demonstram um mercado de trabalho aquecido, o que deve postergar o início de cortes de juros por parte do Fed.
Zona do Euro. O mercado de trabalho aquecido, os salários em alta e a inflação em queda continuam reforçando a situação financeira da população. No entanto, o momento de demanda fraca na Zona do Euro ainda prejudica a atividade econômica do bloco, com os recursos acumulados das famílias sendo guardados na forma de poupança precaucional e não usados em gastos. A expectativa de que o processo de queda de juros seja iniciado antes na Zona do Euro do que nos EUA deve levar a desvalorização cambial do Euro em relação ao Dólar.
China. A economia chinesa inicia o ano de 2024 com um diagnóstico não animador: uma demanda doméstica anêmica, muito influenciada pelas consequências diretas e indiretas da crise no setor imobiliário. Além disso, pelo segundo ano consecutivo, houve declínio populacional, reflexo da menor taxa de natalidade já registrada, sendo este o início de uma tendência iniciada em 2022 e deve pesar sobre o crescimento chinês nas próximas décadas. Nesse contexto, esperamos que o banco central chinês corte sua taxa de juros de 1 ano (MLF) em 30 bps e reduza a taxa de compulsório em 75 bps ao longo deste ano.
Em janeiro, os ativos de risco globais foram afetados pelo movimento de abertura na curva de juros futuros dos EUA. O sentimento de risk on, que predominava os mercados na virada do ano, arrefeceu após a divulgação de dados de criação de emprego e a prévia do PIB americano surpreenderem acima das expectativas. Essa mudança no cenário impactou o ambiente de juros nos EUA, e a Treasury de 10 anos, que se encontrava em patamares de 3,5% ao longo de janeiro, atingiu patamares de mais de 4,2% a.a. no meio de fevereiro.
Os efeitos do cenário local e externo causaram uma abertura na estrutura a termo da curva futura de juros no Brasil, com mais intensidade em vencimentos mais longos. Nos seus vértices mais curtos, a curva de juros brasileira no último mês fechou entre 5 e 10 pontos, enquanto os pontos mais longos apresentaram aberturas mais fortes, cerca de 15 pontos.
Em termos de retorno, o destaque do mês foi para os ativos pós-fixados, com o índice IDA-DI, que é composto por debêntures indexadas ao CDI, se valorizando +2,68% nos últimos 30 dias. Essa classe de ativo apresentou desempenho positivo devido as mudanças nas normas de títulos isentos. Um possível movimento de aumento na demanda por debêntures incentivadas impulsionou o rendimento desse modelo de título em fevereiro. Entre os ativos indexados à inflação e os prefixados, os ativos de duration mais curtos tiveram um mês mais positivo que os de duration mais longos.
Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância de uma manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco
A alocação em ativos indexados ao CDI segue tendo relevância para um portfólio equilibrado. Além disso, a liquidez da classe facilita rotação para outras classes de ativos como a bolsa, por exemplo, movimento observado nestes últimos meses. Projetando um CDI médio de 10% para 2024 com uma inflação de 4% (juro real ex-ante), é possível ter um juro real de 6% com baixo risco, que na nossa visão segue atrativo.
Continuamos com nossa visão construtiva dos ativos indexados ao IPCA de vencimento intermediário, ainda observando prêmio no movimento de queda da inflação implícita. Ainda estamos cautelosos com os títulos mais longos, acreditando que o mercado deve focar cada vez mais nos detalhes fiscais, o que configura risco para os ativos de duration mais longos.
Para essa atualização, adicionamos um título de crédito privado prefixado isento de imposto de renda, um CRI da Oncoclínicas no perfil arrojado. Acreditamos que o título de duration mais curto com isenção de imposto representa uma oportunidade para o investidor que queira colher mais retornos.
Ainda mais, estamos fazendo uma mudança tática de título indexado ao CDI, trocando o LCA do Banco BTG Pactual indexado ao CDI, por uma LCA do Banco ABC indexada ao CDI e isenta de imposto de renda que apresenta melhor taxa que o antigo componente da carteira ao mesmo duration.
Efetuamos duas alterações na carteira. Estamos tirando o LCA do Banco BTG Pactual para colocar uma LCA do Banco ABC. Também estamos adicionando um CRI da Oncoclínicas à carteira de perfil arrojado. As mudanças foram táticas, e as trocas não representam uma necessidade de venda dos ativos anteriores da carteira.
Melhores investimentos em renda fixa: análise de ativos
Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:
(ABCB4) Banco ABC: é um banco múltiplo de atacado, especializado na concessão de crédito e serviços financeiros para empresas de médio a grande porte e habilitado para operar nas carteiras Comercial, de Investimentos, Financeira, Crédito Imobiliário e Câmbio.
O banco tem histórico consistente de boa rentabilidade, finalizando 2023 com 15,5% de ROE (retorno sobre patrimônio líquido) e lucro líquido de R$ 852m. O índice de Basileia do ABC em dez/23 era de sólidos 14,9%
Essa LCA tem Rating AAA pela Fitch.
(ONCO3) Oncoclínicas: é uma prestadora de serviços médico-hospitalares, focada no mercado de oncologia. A companhia conta com 113 unidades que incluem: clínicas ambulatoriais, câncer centers, laboratórios de genômica e anatomia patológica, localizadas em 35 cidades do Brasil. A Oncoclínicas é considerada um dos principais players do mercado oncológico, desenvolvendo novos tratamentos e medicamentos contra o câncer.
Desde seu IPO a companhia passou por um período de expansão orgânica, investindo em câncer centers e parcerias com operadoras de planos de saúde. A tese de investimento da companhia é centrada no envelhecimento populacional brasileiro, além da maior incidência de câncer em populações mais velhas. Como o maior player puramente oncológico, a Oncoclínicas apresenta capacidade atrair médicos especializados que buscam avançar no tratamento do câncer, o que é um diferencial competitivo.
A companhia passa por um período de rentabilidade crescente, fruto de esforços internos em relação a ineficiências fiscais. Em termos operacionais, observamos expansão da margem bruta e da margem EBITDA nos últimos trimestres. O nível de endividamento de 3,1x no 3T23 é em linha com o observado pelo setor, uma vez que o setor de saúde é considerado de capital intensivo. Mesmo assim a companhia apresenta forte capacidade de geração de caixa, o que deixa preocupação sobre a situação do caixa mais amena.
IMA-B 5 é um índice de renda fixa composto por títulos públicos federais indexados à inflação medida pelo IPCA com vencimento até 5 anos. Vale ressaltar que é um índice calculado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).
Os ETFs de Renda Fixa são uma ótima opção para quem deseja investir no mercado de renda fixa de forma diversificada e com baixo custo. Eles oferecem uma série de vantagens em relação aos outros tipos de investimentos, como:
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A MetrôRio é uma empresa com base no Rio de Janeiro, responsável pelas operações das linhas 1, 2 e 4 do metrô. Sua concessão engloba 58km de linhas, 41 estações, 64 trens e é válida até 2038. Fundada em 1979, a empresa é responsável pelo transporte de mais de 170 milhões de passageiros. Em 2021, o fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala, passou a controlar a MetrôRio.
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Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.
Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.
Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.
Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.
Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.
Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.
High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.
High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.
Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.
ROE (Return on Equity): Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.
Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.
CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.
CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário