Publicado em 11 de Janeiro às 20:51:56
A carteira recomendada de investimento em renda fixa de janeiro de 2024 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária, crédito privado e ETFs.
A continuidade no movimento de risk on dos mercados desenvolvidos continuou gerando ventos positivos para os países emergentes, e localmente os ativos de risco tiveram desempenho bastante positivo. Os sinais de moderação na atividade econômica global após o forte crescimento no terceiro trimestre do ano também contribuíram para que a retórica dos principais bancos centrais fosse mais característica de um final de ciclo de aperto monetário.
Com isso, os ativos de renda fixa local se beneficiaram e tanto os indexados à inflação, com os fechamentos na curva de juros reais, quanto os ativos pré-fixados, com os movimentos na curva futura de DI, tiveram retornos positivos. Nossa alocação se mantém concentrada nos títulos indexados ao IPCA de vencimento curto e intermediário, além da alocação do CDI curto, que se mantém pagando juros atrativos acima da inflação.
Atividade econômica em arrefecimento. A atividade econômica mostra desaceleração em vários setores, influenciada por uma política monetária contracionista e deterioração nos indicadores de crédito, com gradual desaceleração nas concessões. O mercado de trabalho mostra sinais mistos, com queda nas vagas criadas, mas com uma taxa de desemprego em 7,5%, influenciada por programas de transferência de renda. No entanto, espera-se uma depreciação da taxa de desemprego ao longo do segundo semestre. O time de macroeconomia da Genial projeta contração de 0,3% no PIB, devido ao cenário macroeconômico adverso, política monetária restritiva e desaceleração na agropecuária.
Inflação tem leve piora. A deflação anual do Índice Geral de Preços (IGP-M) em 2023 foi de 3,18%, a maior da série histórica, impulsionada por quedas expressivas nos preços de itens como milho, soja e óleo diesel. A mudança esperada para uma inflação em torno de 4,00% em 2024 pode impactar negativamente as contas públicas, pressionando a arrecadação e a razão dívida/PIB. Apesar do IPCA-15 de dezembro surpreender positivamente, a inflação anual caiu abaixo da meta, mas ainda existem desafios. Apesar desses cenários, há espaço para o Banco Central manter cortes na taxa de juros, com previsão de uma Selic terminal de 9,75%, superior à mediana do mercado.
Política fiscal segue incerta no Brasil. O Governo Central registrou um déficit de R$ 39,4 bilhões em novembro, superando as expectativas do mercado. A receita total cresceu 2,0% a/a em termos reais, enquanto a despesa total teve um aumento significativo de 20,0% a/a, impulsionada pela transferência extraordinária de R$ 12,1 bilhões aos estados e municípios. No acumulado do ano, o déficit primário atingiu R$ 114,5 bilhões, em contraste com o superávit de R$ 49,7 bilhões no mesmo período do ano anterior. Nosso time macro projeta um déficit primário de 1,1% do PIB no próximo ano.
Estados Unidos. A taxa anualizada de crescimento do PIB do terceiro trimestre foi revisada para 4,9% t/t, retornando ao mesmo número da primeira leitura e contrariando as expectativas após uma revisão altista na segunda prévia. No índice de preços do PCE, a revisão para baixo foi de 0,2 p.p., enquanto o núcleo do índice sofreu uma revisão mais significativa de 0,3 p.p.. Apesar da atividade econômica forte, os dados indicam que a medida de inflação preferida pelo Fed já atingiu níveis alinhados com a meta de 2,0% ao ano. Os dados de emprego apresentaram sinais mistos, com a criação de vagas abaixo do esperado e a taxa de desemprego caindo para 3,7%. A recente queda nas expectativas de inflação dos consumidores dá respaldo à posição mais “dovish” do Fed, sugerindo um ciclo de afrouxamento monetário mais intenso no próximo ano.
Zona do Euro. Apesar da fraca atividade econômica, os dados positivos do mercado de trabalho, aumento dos salários e queda na inflação estão fortalecendo a situação financeira das famílias. O Banco Central Europeu (BCE) optou pela manutenção das principais taxas de juros devido à melhora na desinflação, permitindo uma redução no portfólio do Programa de Compra de Ativos (APP). No que diz respeito à taxa de câmbio daqui em diante, existe a possibilidade do euro se desvalorizar em relação ao dólar devido à diferença no desempenho das duas zonas. Por outro lado, é possível que haja uma desvalorização global do dólar uma vez que o Fed iniciou discussões sobre corte de juros antes do BCE.
China. Após uma leve recuperação a partir de maio, a deflação nos índices de preços ao produtor e ao consumidor intensificou-se novamente na China, atingindo 3,0% e influenciada não apenas pela escassez de demanda interna e externa. A deflação nos preços de combustíveis e carne de porco contribuiu para o declínio no Índice de Preços ao Consumidor (CPI), enquanto a inflação de serviços desacelerou para 1,0% ao ano. O Banco Central Chinês (PBoC) tem espaço para afrouxar a política monetária, embora seja improvável devido à abordagem de “princípio da atenuação” adotada nos últimos anos. Apesar dos estímulos, a economia chinesa enfrenta desafios, incluindo a deterioração do mercado imobiliário, impactando a confiança dos consumidores e a expectativa de uma demanda externa fraca devido à desaceleração global.
Para saber mais detalhes da conjuntura macroeconômica, entre aqui.
O mês de dezembro foi marcado por boa performance nos ativos de renda fixa, tanto nos indexados à inflação, com o fechamento na curva de juros reais, nos ativos pré-fixados, com os movimentos na curva futura de DI, quanto em ativos de crédito privado indexados ao CDI, com fechamentos de spreads e reversões de provisões efetuadas ao longo do ano.
Nos Estados Unidos, as taxas de juros das treasuries mais longas fecharam quase 25 pontos ao longo do mês. Identificamos diversos fatores econômicos por trás dessa melhora, entre eles os dados de inflação cedendo de forma consistente, com o núcleo da inflação rodando próximo de 2,5% nos últimos 3 meses, continuação do processo de rebalanceamento do mercado de trabalho e desaceleração dos dados correntes do quarto trimestre, consistentes com um crescimento entre 1,0 e 1,5%, depois do número forte do PIB de 5% no terceiro trimestre.
Em termos de retorno, os ativos indexados à inflação de vencimento acima de 5 anos tiveram um retorno expressivo, com o índice IMAB5+ subindo 3,46% e o IMAB com alta de 2,42%, melhor mês do ano para os ativos de juro real. Os títulos préfixados também tiveram retornos positivos, com o IRFM fechando em alta de 1,34%.
O índice IDA-DI, que é composto por debêntures indexadas ao CDI segue sua trajetória positiva (0,88% no mês), em decorrência do leve fechamento dos spreads de crédito, com o mercado de renda fixa voltando a normalidade, com diversas novas emissões.
O fortalecimento notável do mercado secundário de debêntures em 2023 cria expectativas favoráveis para sua continuidade em 2024. O volume de transações nos primeiros 11 meses do ano atingiu a marca de R$ 433 bilhões, apresentando um acréscimo de 50% em comparação ao mesmo intervalo no ano anterior. Além disso, após um período de volatilidade no início do ano, os spreads experimentaram uma redução consistente, especialmente em títulos vinculados ao CDI, restabelecendo-se aos níveis pré-pandêmicos de 2019. O índice de debêntures da Anbima, que estava em 2,41% no final do primeiro trimestre de 2023, encerrou dezembro em 2,00%
Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.
A alocação em ativos indexados ao CDI segue tendo relevância para um portfolio equilibrado. Além disso, a liquidez da classe facilita rotação para a bolsa por exemplo, movimento visto fortemente nestes últimos meses. Projetando um CDI médio de 10% para 2024 com uma inflação de 4% (juro real ex-ante), é possível ter um juro real de 6% com baixo risco, que na nossa visão segue atrativo.
A classe de ativos que mais gostamos no universo da renda fixa são os títulos atrelados à inflação, por avaliar que o movimento de queda na inflação implícita ter acontecido em grande parte por queda nos juros nominais, que no relativo perdeu atratividade.
Como acreditamos que o FED será capaz de começar a cortar os juros no final do primeiro trimestre de 2024 graças ao processo desinflacionário contínuo, e levará o BCB a entregar um ciclo maior de corte na Selic, acreditamos que os rendimentos dos títulos de vencimento mais curto (NTN-B 2029 ~5 anos de duration) será a melhor alocação para 2024.
Em nossa visão os títulos mais longos estão com pouco prêmio, pois é apenas uma questão de tempo para o mercado focar com mais detalhe no problema fiscal, especialmente porque haverá eleição municipal em outubro, que será o primeiro teste para a administração e sua intenção de se reeleger em 2026, e isso pode gerar um stress maior no trecho longo da curva.
Retiramos os ativos prefixados de vencimento curto das carteiras, pois a parte curta da curva de juro nominal já mostra uma Selic terminal para 2024 em 9%, que em nossa visão é um cenário já mais próximo do que o BCB irá entregar este ano.
Efetuamos três alterações nas carteiras. Retiramos a debênture de Petro Rio e Copel e incluímos a debênture de MetrôRio e o ETF B5P211, indo ao encontro das nossas preferência pelos ativos de juro real de vencimento mais curto. E ambas se equilibram dentro do patamar de duration que acreditamos ser o sweet spot da curva de juros reais. A outra troca foi a adição da LCA do Banco BTG Pactual, para capturar o ganho de CDI, com exposição a um banco sólido e com baixo risco de crédito. As mudanças foram táticas, e as trocas não representam uma necessidade de venda dos ativos anteriores da carteira.
*taxas indicativas referentes ao dia 11 de janeiro, podendo sofrer variações.
Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:
A MetrôRio é uma empresa com base no Rio de Janeiro, responsável pelas operações das linhas 1, 2 e 4 do metrô. Sua concessão engloba 58km de linhas, 41 estações, 64 trens e é válida até 2038. Fundada em 1979, a empresa é responsável pelo transporte de mais de 170 milhões de passageiros. Em 2021, o fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala, passou a controlar a MetrôRio.
Acesse o relatório e veja a analise completa!
IMA-B 5 é um índice de renda fixa composto por títulos públicos federais indexados à inflação medida pelo IPCA com vencimento até 5 anos. Vale ressaltar que é um índice calculado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).
Os ETFs de Renda Fixa são uma ótima opção para quem deseja investir no mercado de renda fixa de forma diversificada e com baixo custo. Eles oferecem uma série de vantagens em relação aos outros tipos de investimentos, como:
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O BTG Pactual é um banco de investimento e gestor de ativos e fortunas, com posição dominante no Brasil, tendo estabelecido uma bem-sucedida plataforma internacional de investimentos e distribuição.
O banco atua nas seguintes áreas: banco de investimento, crédito corporativo, corretora, gestão de ativos, wealth management e participações societárias em empresas. Além de sua posição consolidada no mercado brasileiro, a BTG possui operações no Chile, Peru, Colômbia, Argentina, EUA e Europa.
Tem um sólido histórico de entrega de boa rentabilidade com solidez de capital. No 3T23, o BTG Pactual rodou com um ROE ajustado de 18,5% e índice de Basiléia de 15,4%.
Essa LCA tem Rating AAA pela Fitch.
Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.
Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.
Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.
Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.
Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.
Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.
High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.
High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.
Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.
ROE (Return on Equity): Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.
Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.
CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.
CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário