André Fialho

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Publicado em 12 de Junho às 03:20:25

Carteira Recomendada Renda Fixa Junho 2023

A carteira recomendada de investimento em renda fixa de Junho de 2023 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária, crédito privado e ETFs.

Renda fixa: Mais um mês com destaque para o retorno dos títulos longos

Os investimentos em renda fixa tiveram forte valorização, com o IMA-B 5+(ativos indexados ao IPCA com vencimento acima de 5 anos) subindo 3,91% no mês e 13,37% no ano, assim como do IRF-M 1+(titulos pré fixados com vencimento acima de 1 ano) valorizando 2,64% no mês e 9,90% no ano. As últimas semanas foram marcadas pela queda dos juros nominais e reais, em decorrência dos dados do IGP-M e IPCA abaixo do consenso de mercado, sustentando o discurso de um processo de desinflação em curso.

No cenário externo, no início do mês, o FED elevou a taxa de juros em 25 pontos-base e membros divergem sobre o que o Banco Central deve fazer na próxima reunião. Após as turbulências no setor bancário, o mercado se estabilizou e as taxas de treasuries mais curtas fecharam em 9 pontos-base. Ademais, na segunda metade do mês, a Casa Branca e a Câmara dos Representantes chegaram num acordo para evitar o default da dívida, aliviando ainda mais a pressão sobre as treasuries.

Cenário local: Apostas para corte da Selic em agosto se intensificam

Os últimos dados de inflação vêm mostrando que há uma tendência de queda nos preços, com IGPM e IPCA vindo com valores muito abaixo do esperado pelo consenso de mercado.

Em maio, o Índice Geral de Preços (IGP-M) contraiu 1,84% m/m segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), vindo bem no piso das projeções (Broadcast+). Com este resultado, o índice acumula queda de 2,58% no ano e registra -4,47% em doze meses.

Já o IPCA apresentou variação de 0,23% na comparação mensal, abaixo do piso das projeções do mercado, acumulando 3,94% em 12 meses e 2,95% no ano. Além disso, vale destacar o arrefecimento dos núcleos de inflação (0,35% m/m ante 0,51% m/m), com destaque para serviços (-0,06% ante 0,52% m/m).

Estes resultados indicam uma desinflação mais forte em curso, com uma composição mais positiva tanto do índice cheio quanto dos núcleos, variável que mais impacta na decisão de política monetária por parte do Banco Central.

Observando as projeções de Selic na curva futura de juros e nos derivativos de decisão do Copom, já existe precificado com 100% de chance, um corte na taxa Selic de 0,25 p.p na reunião que acontece no mês de agosto.

Do lado da atividade econômica, as surpresas positivas continuam, com o PIB registrando alta de 1,9% t/t, no primeiro trimestre de 2023 comparado ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal, resultado veio significativamente melhor do que a estimativa mediana de mercado de 1,2% t/t (Broadcast+).

Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a expansão foi de 4,0% a/a, também significativamente acima do consenso de mercado que projetava alta de 3,1% a/a (Broadcast+).

Cenário Externo: Risco de default nos EUA sai do radar

O Payroll ainda segue registrando forte criação de postos de trabalho, com o setor de serviços responsável pela maior parte das vagas. Além disso, a economia norte-americana continua a exibir sinais mistos com as vendas no varejo surpreendendo para baixo (0,4% m/m, ante expectativa de 0,8% m/m), enquanto a produção industrial surpreendeu para cima (0,5% m/m, ante expectativa de estabilidade).

Com relação a inflação, tem ocorrido uma queda no nivel de preços nas categorias de commodities (alimentícias e energéticas) e de bens. A métrica de inflação de serviços ex-habitação (supercore) tem apresentado inflação mais persistente, embora os primeiros sinas de queda tenham começado a aparecer nas leituras mais recentes.

Após o acordo entre o partido Republicano e a Casa Branca, o risco de default nos EUA vai aos poucos saindo de cena, para que se dê foco novamente à análise padrão de atividade-inflação e seus impactos sobre política monetária.

Já sobre os próximos passos do FED, alguns membros explicitaram em discursos públicos a intenção de subir mais 0,25 p.p o Fed Fund em junho. Subindo ou não na próxima reunião, nos parece irrelevante para a narrativa positiva mais estrutural de uma economia global no início do processo de desinflação. Nossa visão é de que os cortes no Fed Fund só irão ocorrer no inicio de 2024.

Análise das curvas de juros: Juros longos fecham mais de 100bps no mês

As taxas de juros em toda a extensão da curva futura fecharam em queda com relação ao mês anterior, com destaque para os DIs e Bs longos, que caíram mais de 100 e 30bps respectivamente. Se comparado ao ponto máximo do ano, no momento pré arcabouço fiscal, já são mais de 200 bps de queda na taxa pré de 10 anos, saindo de 13,5% a.a. para 11,5% a.a.

A inflação implícita, que foi a grande responsável por esse fechamento de curva, continua na sua toada de queda, com a implícita para 1 ano abaixo dos 4%, e as longas mais próximas dos 5%, representando mais de 100bps de queda com relação a 3 meses atrás.

Dada essa queda nos juros nominais e reais, os retornos dos ativos de renda fixa no ano estão bastante positivos, com destaque para os ativos de vencimento mais longo (IMAB5+, de indexados ao IPCA com vencimento acima de 5 anos e IRFM1+, de titulos pré fixados com vencimento acima de 5 anos).

Investimento em renda fixa: Reduzindo exposição à títulos prefixados de vencimento intermediário

Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.

A alocação em ativos indexados ao CDI segue com extrema importância para um portfolio equilibrado. O juro real ex-ante* (9,8% aproximadamente) continua um como um grande atrativo. Além disso, a liquidez da classe facilita rotação para a bolsa por exemplo, movimento visto fortemente este mês.

Porém, com a projeção de cortes na Selic se fortalecendo ainda esse ano, e talvez no inicio do segundo semestre, a atratividade se reduziu marginalmente, abrindo espaço para maior alocação nos títulos indexados a inflação e nos pré-fixados de vencimento curto.

Aumentamos a exposição aos indexados ao IPCA de vencimento intermediário/longo, pois o movimento de fechamento dos prefixados intermediários/longos foi muito maior do que do juro real, e a forte queda da inflação implícita reduz a atratividade da alocação nos prefixados, reduzindo sua expectativa de retorno.

Juro real ex-ante*: Selic esperada para os próximos 12 meses – Inflação implícita para os próximos 12 meses.

Recomendações renda fixa junho 2023: títulos pós-fixados, prefixados e indexados à inflação

Indexados ao CDI

Os títulos de taxa pós-fixados ainda são atraentes, pois o carrego está bem acima da inflação, e o BCB provavelmente manterá as taxas inalteradas nos próximos dois meses. No entanto, à medida que o BCB se prepara para o início do ciclo de flexibilização, mais espaço deve ser aberto para títulos mais arriscados, como Bs e pré-fixados, como recomendamos nas ultimas carteiras.

Títulos pré-fixados

Com as taxas pré caindo consistentemente nos últimos meses, a atratividade dessa classe se reduziu se comparado as NTN-Bs. Nas ultimas alocações, adicionamos os prefixados na carteira com vencimento intermediário e longo, com taxas acima de 13%, o que já gerou um ganho relevante na marcação a mercado.

Olhando pra frente, preferimos os títulos mais curtos, pois os longos, dado a queda das taxas e da inflação implícita, perdeu atratividade frente ao juro real capturado nas NTN-Bs.

Indexados a inflação

Aumentamos nossa exposição em indexados a inflação de vencimento intermediário, pois ainda consideramos o juro real que obtemos nas NTN-Bs ainda atrativo, mesmo com a queda de mais de 90bps em relação ao período mais critico que passamos este ano. Observando o movimento dos leilões efetuados pelo Tesouro Nacional, a demanda pelas Bs segue elevada, com o ultimo leilão saindo com quase toda a oferta capturada, com taxas em média de IPCA + 5,5%.

Investimento em renda fixa para junho 2023

Efetuamos apenas duas alterações nas carteiras. Primeiro retiramos o CRA de JBS da carteira, pelo fechamento expressivo dos prêmios, e trocamos o CDB pré do BTG Pactual para um CDB do NBC Bank de vencimento mais curto. Ambas as mudanças foram táticas, e as trocas não representam uma necessidade de venda dos ativos anteriores da carteira.

*taxas indicativas referentes ao dia 07 de junho, podendo sofrer variações.

Melhores investimentos em renda fixa: análise de ativos

Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:

NBC Bank

Fundado em maio de 1997, o NBC Bank é um banco múltiplo especializado em soluções financeiras direcionadas as crédito, investimento e câmbio para PMEs para pessoas físicas. Em 2013, o Banco Continental, maior banco do Paraguai, assumiu o controle acionário do NBC Bank, prevendo a sua expansão internacional através de sua operação brasileira.

O Novo Banco Continental S.A. – Banco Múltiplo tem como objetivos principais a captação de CDBs junto a Pessoas Físicas e Jurídicas e a concessão de créditos a pequenas e médias empresas do mercado brasileiro.

Atua com diferentes produtos que atendem as principais necessidades financeiras, tanto para capital de giro como para projetos de investimentos, procurando dedicar uma atenção personalizada e uma oferta de produtos flexíveis que se adaptem às necessidades de seus clientes, através de financiamento, câmbio e outras operações.

(ABCB4)Banco ABC

O Banco ABC Brasil é um banco múltiplo que opera nas carteiras comercial, financeira, de investimento, de câmbio e de crédito imobiliário.

O foco são as empresas de médio e grande portes, sendo que sua principal linha de negócios é a intermediação financeira de operações com análise e aceitação de riscos de crédito. No entanto, também há atendimento a pessoas físicas.

O banco é controlado pelo Arab Banking Corporation. Com quase 1000 colaboradores, o banco terminou o 3T22 com um ROE de 14,8% e um índice de Basiléia de 15,4%.

B5P211

O B5P211 é um ETF criado pelo Itaú, que replica o índice IMA-B5 índice calculado pela Anbima, formado por uma carteira teórica composta por títulos públicos indexados à inflação, as NTN-Bs, com prazos inferiores a cinco anos de vencimento e controle de prazo médio de repactuação da carteira de, no mínimo, dois anos.

O IMA-B 5 tem uma metodologia de rebalanceamento dos títulos que torna esse índice um investimento muito atrativo. Em seu funcionamento, é como se os recursos vindos de vencimentos ou pagamentos de juros fossem automaticamente reinvestidos numa taxa mais elevada, em um título público indexado ao IPCA com prazo de até 5 anos.

Consequentemente, o comportamento do prazo médio (duration) do IMA-B 5 é muito mais previsível. Já no caso do IMA-B, o comportamento é mais difícil de se prever e tem correlação muito alta com os movimentos nas curvas de juros, tanto de DI futuro, quanto dos preços das NTN-Bs.

Saiba mais sobre esse índice aqui.

LFTS11

O ETF LFTS11 (índice Teva Tesouro Selic) é um fundo de índice listado na B3 que acompanha a performance de títulos públicos pós fixados ligados a Selic, o tesouro Selic, da plataforma do tesouro direto.

O índice é composto por títulos Tesouro Selic com prazo acima de 2 anos, que possuem performance aderente ao CDI. 

grande vantagem deste ETF é o imposto de renda de no máximo 15%, independente do prazo que o titulo for mantido em carteira, o que o torna um excelente ativo para deixar o “caixa” rentabilizando.

Os custos também são bastante vantajosos, 0,19% a.a., mais baixo que o custo da custódia do Tesouro Direto, que é de 0,20% a.a. para investimentos acima de 10 mil reais.

Copel (CPLE6)

A Copel distribui, transmite e comercializa energia elétrica para diversos estados e conta com 53 usinas próprias (incluindo eólicas, térmicas e hidrelétricas), além de participação em empreendimentos de geração de energia.

Com bons resultados no último trimestre de 2022, impulsionados por G&T (Geração e Transmissão) a companhia apresentou um EBITDA de R$ 754m e uma relação Dívida Líquida/EBITDA de 2,5x, representando um aumento tanto t/t quanto a/a. Devido ao crescimento de geração distribuída, a divisão de geração de energia da Copel não acompanhou o crescimento das outras áreas, mas não colocou em risco o desempenho da empresa.

Glossário

Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.

Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.

Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.

Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.

Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.

Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.

Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.

High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.

High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.

Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.

ROE (Return on Equity):  Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.

Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.

CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.

CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário

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