André Fialho

Carteiras Recomendadas > Renda Fixa > Carteira Recomendada > Carteira Recomendada Renda Fixa Maio 2023

Publicado em 10 de Maio às 01:32:12

Carteira Recomendada Renda Fixa Maio 2023

A carteira recomendada de investimento em renda fixa de Maio de 2023 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária, crédito privado e ETFs.

Renda fixa: Valorização dos juros longos é o destaque do mês na renda fixa

No Brasil, o mês de abril foi caracterizado por um fechamento nas taxas dos DIs futuro, principalmente nos de vencimentos mais longos. Além disso, vimos uma boa performance das NTN-Bs longas, representadas pelo IMA-B 5+, e retornos positivos dos índices que acompanham Debêntures indexadas ao CDI (IDA-DI) e à inflação (IDA-IPCA).

No cenário externo existe um receio maior quanto a uma crise econômica. Com a crise nos bancos regionais nos EUA , o FED em seu comunicado, na decisão onde elevou a taxa básica em 25bps, parece ter indicado o fim do ciclo de alta nos juros. Olhando as taxas das treasuries, todas elas subiram com relação ao mês anterior, muito em razão de dados mistos com relação a atividade, e a inflação, devido ao núcleos reduzindo apenas 0,1 p.p, deixando a inflação em patamares que ainda não estão em consonância com a meta do banco central norte americano.

Cenário local: Copom segue com comunicado duro e atividade surpreende positivamente

O Copom decidiu manter, de forma unânime, a taxa Selic em 13,75% a.a., permanecendo no patamar mais elevado desde dezembro de 2016.

Apesar da manutenção, o comunicado enfatiza que seguirá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de garantir a convergência da inflação no horizonte relevante, que engloba o ano de 2024.

Foi sinalizado pela primeira vez que a apresentação da proposta do novo arcabouço fiscal foi responsável por reduzir parte da incerteza advinda da política fiscal, entretanto, a conjuntura segue particularmente incerta, sobretudo no que diz respeito ao desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado no Congresso Nacional.

Com relação a atividade econômica, alguns dados surpreenderam positivamente, como por exemplo o setor de serviços, que se encontra 11,5% acima do nível pré-pandemia e apenas 2,0% abaixo do ponto mais alto da série histórica. Já o varejo teve a sétima expansão na comparação interanual, ainda que seis das oito atividades analisadas pela pesquisa tenham apresentado taxas negativas no mês.

Outro dado de atividade, o IBC-Br, teve alta de 3,32% m/m, na série com ajuste sazonal, acima do teto das expectativas, que era de uma alta de 2,0% m/m.

Já os dados de inflação divulgados para o mês de março mostram que itens mais voláteis, como energia e alimentação, tiveram forte contribuição positiva. Os preços de gasolina, que voltaram a subir com a reinstauração do ICMS, foram responsáveis por elevar os índices. Por outro lado, houve uma desaceleração no IPCA-15, mas com núcleos ainda elevados.

Na nossa visão, as condições para mudança no ciclo de politica monetária tem muitas incertezas, entre elas, as condições em que o arcabouço fiscal passará no congresso, alguns setores ainda mostrando resiliência e os núcleos de inflação convergirem para patamares mais próximos do esperado pelo Banco Central.

Cenário Externo: Ciclo de aperto monetário nos EUA pode ter chegado ao fim

O banco central norte-americano (FED) decidiu novamente por elevar a taxa de juros em 25 pontos-base. Assim como na reunião de março, essa decisão foi precedida por turbulências no setor bancário que coincidiram com o período de silêncio do Fed, o que torna mais opaca a forma como se deu o processo de tomada de decisão da autoridade monetária.

O comunicado optou por retirar o trecho que sinalizava mais altas de juros à frente, sinalizando um possível fim ao ciclo atual.

A continuidade dos desdobramentos referentes ao sistema bancário impõe uma realidade na qual a taxa de juros não poderá subir tanto quanto subiria num cenário contrafactual de não ocorrência de uma crise bancária.

Não obstante, o Fed não descartou por completo novas altas na fed funds rate e segue avaliando se os juros, após essa alta de maio, já se encontram em um patamar suficientemente restritivo para combater a inflação e assegurar a sua convergência para a meta de 2,0% ao ano.

Já na China, os primeiros dados do ano para a atividade chinesa demonstraram que há sinais de moderada recuperação, com o PIB apresentando crescimento de 4,5% (frente a uma expectativa de 4,0%) e a produção industrial superando as expectativas de crescimento após 5 retrações seguidas em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Análise das curvas de juros: Mais um mês com queda forte nos juros longos

Apesar do grande destaque ter sido mais um mês de queda nos juros (intermediários e longos), o que mais chama a atenção é a queda na inflação implícita.

Em linha com este cenário de juros possivelmente mais baixo em um futuro próximo, o mercado vem reduzindo expectativas quanto ao ritmo de evolução dos preços nos próximos meses. Pela primeira vez em 2023, observamos nesta semana a inflação implícita para este ano vir abaixo do último dado disponível do Relatório Focus (5,90% vs. 6,09%).

Ou seja, o mercado está agora antecipando os economistas na redução das estimativas para o IPCA, após longos meses receososos de que surpresas altistas estariam logo adiante.

Dada essa queda nos juros nominais e reais, os retornos dos ativos de renda fixa no ano estão bastante positivos, com destaque para os ativos de vencimento mais longo (IMAB5+, de indexados ao IPCA com vencimento acima de 5 anos e IRFM1+, de titulos pré fixados com vencimento acima de 5 anos).

Investimento em renda fixa: Mesmo com queda nas taxas, prêmios seguem atrativos

Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.

A alocação em ativos indexados ao CDI segue como primordial para um ambiente de maior volatilidade. O juro real ex-ante* (8,2% aproximadamente) continua um como um grande atrativo. Além disso, liquidez da classe facilita rotação caso o mercado abra espaço para maior apetite ao risco.

Porém, com a projeção de cortes na Selic se fortalecendo ainda esse ano, e talvez no inicio do segundo semestre, a atratividade se reduziu marginalmente, abrindo espaço para maior alocação nos títulos indexados a inflação e nos pré-fixados de vencimento intermediário e longo.

Mantivemos a exposição aos indexados ao IPCA de vencimento intermediário/longo, dado o carrego maior de IPCA que teremos nos próximos meses, e do fator de proteção em um cenário desafiador da parte fiscal, que pode gerar instabilidade no nível de preços. Por mais que as taxas tenham fechado, os prêmios continuam altos. Taxas acima de IPCA + 5,5%, historicamente geram bons retornos esperados.

Mantivemos também a exposição aos ativos pré fixados (para perfis mais agressivos) com vencimento próximo de 5 anos, por enxergar um premio ainda elevado na inflação implícita, o que fará com que o juros se manterá em patamares menores que os projetados nas curvas futuras de juros.

Juro real ex-ante*: Selic esperada para os próximos 12 meses – Inflação implícita para os próximos 12 meses.

Recomendações renda fixa maio 2023: títulos pós-fixados, prefixados e indexados à inflação

Indexados ao CDI

Os títulos indexados ao CDI continuam garantindo tranquilidade para absorver os choques no curto prazo, com possibilidade de aproveitar taxas ainda mais atrativas caso a percepção se deteriore.

Por ora, as projeções apresentadas indicam que essa classe perdeu um pouco da atratividade para os vencimentos até um ano. Isso ocorreu com a projeção das quedas na taxa Selic ainda no inicio do segundo semestre de 2023, com isso, reduzimos nossa exposição ao CDI de vencimento curto (até 3 anos);

Títulos pré-fixados

Conforme demonstramos aqui, o que permeia uma decisão de alocação nos títulos pré-fixados, é avaliar se a inflação que o mercado está projetando nos títulos públicos para os próximos anos, será mais baixa do que está precificado atualmente.

Além disso, é necessária alguma previsibilidade com relação a dinâmica de atividade e inflação. Com o arcabouço fiscal sendo divulgado, os ganhos dos titulos pré fixados de vencimento intermediário (até 5 anos), foi bem expressivo.

Com o cenário com um pouco mais de visibilidade, e com o patamar da inflação implicita ainda muito elevado, mesmo se a meta de inflação for alterada para 4%, elevamos a exposição ao pré fixado no trecho intermediário da curva nominal.

Indexados a inflação

Mantivemos nossa exposição em indexados a inflação, reflexo da melhora do cenário de carrego de IPCA e das taxas ainda elevadas como ponto de entrada. Como consequência da instabilidade com relação a politica econômica, mantivemos as durations até no máximo a NTN-B com vencimento em 2045.

Investimento em renda fixa para maio 2023

Nenhuma alteração foi efetuada na carteira de maio, pelo cenário em comparação ao mês anterior não ter sofrido grande alteração.

*taxas indicativas referentes ao dia 08 de maio, podendo sofrer variações.

Melhores investimentos em renda fixa: análise de ativos

Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:

(BPAC11) Banco BTG Pactual

O BTG Pactual é um banco de investimento e gestor de ativos e fortunas, com posição dominante no Brasil, tendo estabelecido uma bem-sucedida plataforma internacional de investimentos e distribuição.

O banco atua nas seguintes áreas: banco de investimento, crédito corporativo, corretora, gestão de ativos, wealth management e participações societárias em empresas. Além de sua posição consolidada no mercado brasileiro, a BTG possui operações no Chile, Peru, Colômbia, Argentina, EUA e Europa.

Tem um sólido histórico de entrega de boa rentabilidade com solidez de capital. No 3T22, o BTG Pactual rodou com um ROE ajustado de 20,2% e índice de Basiléia de 15,2%.

(ABCB4)Banco ABC

O Banco ABC Brasil é um banco múltiplo que opera nas carteiras comercial, financeira, de investimento, de câmbio e de crédito imobiliário.

O foco são as empresas de médio e grande portes, sendo que sua principal linha de negócios é a intermediação financeira de operações com análise e aceitação de riscos de crédito. No entanto, também há atendimento a pessoas físicas.

O banco é controlado pelo Arab Banking Corporation. Com quase 1000 colaboradores, o banco terminou o 3T22 com um ROE de 14,8% e um índice de Basiléia de 15,4%.

B5P211

O B5P211 é um ETF criado pelo Itaú, que replica o índice IMA-B5 índice calculado pela Anbima, formado por uma carteira teórica composta por títulos públicos indexados à inflação, as NTN-Bs, com prazos inferiores a cinco anos de vencimento e controle de prazo médio de repactuação da carteira de, no mínimo, dois anos.

O IMA-B 5 tem uma metodologia de rebalanceamento dos títulos que torna esse índice um investimento muito atrativo. Em seu funcionamento, é como se os recursos vindos de vencimentos ou pagamentos de juros fossem automaticamente reinvestidos numa taxa mais elevada, em um título público indexado ao IPCA com prazo de até 5 anos.

Consequentemente, o comportamento do prazo médio (duration) do IMA-B 5 é muito mais previsível. Já no caso do IMA-B, o comportamento é mais difícil de se prever e tem correlação muito alta com os movimentos nas curvas de juros, tanto de DI futuro, quanto dos preços das NTN-Bs.

Saiba mais sobre esse índice aqui.

LFTS11

O ETF LFTS11 (índice Teva Tesouro Selic) é um fundo de índice listado na B3 que acompanha a performance de títulos públicos pós fixados ligados a Selic, o tesouro Selic, da plataforma do tesouro direto.

O índice é composto por títulos Tesouro Selic com prazo acima de 2 anos, que possuem performance aderente ao CDI. 

grande vantagem deste ETF é o imposto de renda de no máximo 15%, independente do prazo que o titulo for mantido em carteira, o que o torna um excelente ativo para deixar o “caixa” rentabilizando.

Os custos também são bastante vantajosos, 0,19% a.a., mais baixo que o custo da custódia do Tesouro Direto, que é de 0,20% a.a. para investimentos acima de 10 mil reais.

JBS (JBSS3)

JBS é a maior empresa de proteína animal e segunda maior de alimentos do mundo, tem presença nos seis continentes e dezenas de marcas renomadas ao redor do mundo. O foco do seu negócio é o processamento e distribuição de carne de frango, boi e porco, além de produtos plant-based.

No 4T22, a JBS teve uma redução a/a no EBITDA. A disponibilidade de caixa fechou o mesmo período a 1,6x dívida de curto prazo. A relação Dívida Líquida/EBITDA encerrou o último trimestre do ano passado acima do trimestre anterior, em 2,3x. Devido às dificuldades enfrentadas pela JBS durante o ano passado, a companhia teve uma redução na sua liquidez, embora continue apresentando resiliência nos resultados.

Copel (CPLE6)

A Copel distribui, transmite e comercializa energia elétrica para diversos estados e conta com 53 usinas próprias (incluindo eólicas, térmicas e hidrelétricas), além de participação em empreendimentos de geração de energia.

Com bons resultados no último trimestre de 2022, impulsionados por G&T (Geração e Transmissão) a companhia apresentou um EBITDA de R$ 754m e uma relação Dívida Líquida/EBITDA de 2,5x, representando um aumento tanto t/t quanto a/a. Devido ao crescimento de geração distribuída, a divisão de geração de energia da Copel não acompanhou o crescimento das outras áreas, mas não colocou em risco o desempenho da empresa.

Glossário

Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.

Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.

Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.

Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.

Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.

Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.

Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.

High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.

High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.

Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.

ROE (Return on Equity):  Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.

Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.

CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.

CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica