Publicado em 21 de Março às 08:22:06
A carteira recomendada de investimento em renda fixa de março de 2024 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, por meio de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária, crédito privado e ETFs de renda fixa.
📌 Inscreva-se em nossa Newsletter e receba conteúdos com exclusividade!
O cenário internacional continua influenciando os ativos de renda fixa locais. O mercado agora precifica com cerca de 50% de probabilidade o início do ciclo de cortes na taxa de juros nos EUA em junho, com alguns agentes demonstrando expectativas de apenas dois cortes em 2024, em detrimento dos três cortes esperados no final de 2023. No cenário local, um mês após as mudanças na regulação de ativos isentos de imposto de renda, continuamos a observar a valorização desses papéis na marcação a mercado dos títulos.
Assim, a mudança na expectativa de cortes na taxa de juros americana continua a impactar a curva de juros futuros brasileira, que apresenta alta em seus vencimentos mais longos. No ano, os ativos de renda fixa que melhor performam são os indexados ao CDI, principalmente as debentures privadas, devido ao fechamento dos spreads após as mudanças nas regulações do CMN.
Inflação apresenta alta mensal. O IPCA do mês de fevereiro apresentou alta de 0,83% na comparação mensal, acima das expectativas de 0,78% e acumulando 4,51% nos últimos 12 meses. A maior surpresa foi o grupo de alimentação no domicílio, impactado pelo clima. Além disso, o setor de serviços também apresentou alta, influenciado pelo reajuste anual de cursos regulares que ocorre em fevereiro. Apesar das altas nos núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central, o índice cheio apresentou composição mais favorável.
Vendas no varejo acima das expectativas. O volume de vendas no varejo no mês de janeiro avançou 2,5% m/m, acima das expectativas de 1,7%. Esse crescimento foi a primeira alta estatisticamente significativa no indicador de vendas no varejo desde setembro de 2023. O mercado observa esse dado como um indicador da resiliência da atividade econômica brasileira, o que impacta a decisão do banco central de continuar o ciclo de corte de juros.
Mudanças nas regras de CRI e CRA. Após um mês das mudanças feitas pelo CMN em relação às regulações de CRIs, CRAs, LCIs e LCAs observamos os primeiros efeitos das novas regras. Como esperado, em um primeiro momento, observamos valorização dos papéis isentos de imposto na marcação a mercado. O volume financeiro dos ativos que foram alterados diminuiu em relação ao mês de janeiro, movimento também esperado. Já os volumes de debentures, que são um meio de captação diretamente alternativo para as empresas, aumentou no último mês.
Sinais mistos da economia americana. No último mês a economia americana surpreendeu novamente os agentes do mercado. O núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI) avançou 0,4% m/m, acima das expectativas do mercado. A inflação de serviços continua resiliente, permanecendo em 5% nos últimos 12 meses. Apesar do mercado de trabalho ter apresentado sinais de arrefecimento, com uma surpresa no aumento da taxa de desemprego, os salários ainda rodam com crescimento em patamares acima da meta de 2%. Por fim, a segunda prévia do PIB americano promoveu uma revisão negativa de 0,1 p.p. na métrica trimestral anualizada de crescimento, de 3,3% t/t para 3,2% t/t.
Mercado precifica menos cortes do Fed. Após as divulgações dos dados da economia americana nas últimas semanas, o mercado agora começa a precificar uma menor quantidade de cortes na taxa de juros americana em 2024. Atualmente os agentes precificam com 50% de probabilidade o início do corte de juros nos EUA em junho, mas o que surpreende na última leitura da bloomberg é o aumento na expectativa de apenas dois cortes, em detrimento ao esperado de três cortes em 2024 para redução de 0,75% na taxa de juros americana.
Em março, as expectativas sobre o início do ciclo de cortes nos EUA continuam impactando as curvas de juros globais. Com os dados de inflação ainda resilientes, e um mercado de trabalho ainda aquecido, os agentes do mercado alteraram suas perspectivas para o cenário de juros nos EUA. Com isso, a Treasury de 10 anos apresentou nova alta, e se encontra no patamar de 4,3% a.a. no meio de março.
Os efeitos do cenário local e externo causaram uma abertura na parte mais longa da estrutura a termo da curva futura de juros no Brasil, com ganhos entre 0,1 e 0,18 pp. Observamos no último mês um fechamento dos vértices mais curtos, principalmente na expectativa para julho/24 que fechou cerca de 0,18 pp. Outro fator importante foi o ganho de inclinação da curva no período, que reflete a preocupação com a situação fiscal no Brasil para os próximos anos.
Em termos de retorno, o destaque do mês foi para os ativos pós-fixados, com o índice IMAB-5, composto por títulos públicos federais indexados à inflação, se valorizando 1,2% no mês de março. Vale o destaque também para as debentures indexadas ao CDI, medidas pelo índice IDA-DI, que valorizou 0,78% no período. Esses títulos apresentam valorização na marcação à mercado após as mudanças na regulação dos CRIs, CRAs, LCIs e LCAs.
Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância de uma manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco
A alocação em ativos indexados ao CDI segue tendo relevância para um portfólio equilibrado. Além disso, a liquidez da classe facilita rotação para outras classes de ativos como a bolsa, por exemplo, movimento observado nestes últimos meses. Projetando um CDI médio de 10% para 2024 com uma inflação de 4% (juro real ex-ante), é possível ter um juro real de 6% com baixo risco, que na nossa visão segue atrativo.
Continuamos com nossa visão construtiva dos ativos indexados ao IPCA de vencimento intermediário, ainda observando prêmio no movimento de queda da inflação implícita. Ainda estamos cautelosos com os títulos mais longos, acreditando que o mercado deve focar cada vez mais nos detalhes fiscais, o que configura risco para os ativos de duration mais longos.
Para essa atualização, escolhemos uma mudança tática de ativo, substituindo o LCA do Banco ABC, indexado ao CDI, por um CDB do Banco ABC também indexado ao CDI. Essa mudança não representa um call de venda, e é apenas uma mudança tática. O CDB apresenta atualmente taxas melhores com o mesmo risco e duration similar.
Efetuamos uma alteração na carteira. Retiramos a LCA do Banco ABC e incluímos em seu lugar um CDB do Banco ABC que apresenta melhor taxa, com mesmo nível de risco e duration similar. As mudanças foram táticas, e as trocas não representam uma necessidade de venda dos ativos anteriores.
Melhores investimentos em renda fixa: análise de ativos
Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:
CDB ABC
Banco ABC (ABCB4): é um banco múltiplo de atacado, especializado na concessão de crédito e serviços financeiros para empresas de médio a grande porte e habilitado para operar nas carteiras Comercial, de Investimentos, Financeira, Crédito Imobiliário e Câmbio.
O banco tem histórico consistente de boa rentabilidade, finalizando 2023 com 15,5% de ROE (retorno sobre patrimônio líquido) e lucro líquido de R$ 852m. O índice de Basileia do ABC em dez/23 era de sólidos 14,9%
Esse CDB do banco ABC tem Rating AAA pela Fitch.
CRI Oncoclínicas
Oncoclínicas (ONCO3): é uma prestadora de serviços médico-hospitalares, focada no mercado de oncologia. A companhia conta com 113 unidades que incluem: clínicas ambulatoriais, câncer centers, laboratórios de genômica e anatomia patológica, localizadas em 35 cidades do Brasil. A Oncoclínicas é considerada um dos principais players do mercado oncológico, desenvolvendo novos tratamentos e medicamentos contra o câncer.
Desde seu IPO a companhia passou por um período de expansão orgânica, investindo em câncer centers e parcerias com operadoras de planos de saúde. A tese de investimento da companhia é centrada no envelhecimento populacional brasileiro, além da maior incidência de câncer em populações mais velhas. Como o maior player puramente oncológico, a Oncoclínicas apresenta capacidade de atrair médicos especializados que buscam avançar no tratamento do câncer, o que é um diferencial competitivo.
A companhia passa por um período de rentabilidade crescente, fruto de esforços internos em relação a ineficiências fiscais. Em termos operacionais, observamos expansão da margem bruta e da margem EBITDA nos últimos trimestres. O nível de endividamento de 3,1x no 3T23 é em linha com o observado pelo setor, uma vez que o setor de saúde é considerado de capital intensivo. Mesmo assim a companhia apresenta forte capacidade de geração de caixa, o que deixa preocupação sobre a situação do caixa mais amena.
ETF B5P211
IMA-B 5 é um índice de renda fixa composto por títulos públicos federais indexados à inflação medida pelo IPCA com vencimento até 5 anos. Vale ressaltar que é um índice calculado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).
Os ETFs de Renda Fixa são uma ótima opção para quem deseja investir no mercado de renda fixa de forma diversificada e com baixo custo. Eles oferecem uma série de vantagens em relação aos outros tipos de investimentos, como:
Acesse o relatório e veja a análise completa!
Debênture MetrôRio
A MetrôRio é uma empresa com base no Rio de Janeiro, responsável pelas operações das linhas 1, 2 e 4 do metrô. Sua concessão engloba 58km de linhas, 41 estações, 64 trens e é válida até 2038. Fundada em 1979, a empresa é responsável pelo transporte de mais de 170 milhões de passageiros. Em 2021, o fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala, passou a controlar a MetrôRio.
Acesse o relatório e veja a análise completa!
Tesouro IPCA+ 2029
O Tesouro Direto é um Programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a B3 para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, de forma 100% online. O Tesouro IPCA+ é um título com rentabilidade baseada em uma parte fixa (prefixada) e uma parte atrelada a variação da inflação, medida pelo IPCA. Esse ativo é uma forma de proteção contra inflação, uma vez que remunera seu detentor acima do IPCA. Antigamente, esse título era conhecido como NTN-B.