Publicado em 10 de Novembro às 02:26:38
A carteira recomendada de investimento em renda fixa de novembro de 2023 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária, crédito privado e ETFs.
Os dados de inflação e atividade divulgados no mês de outubro reforçaram a dinâmica positiva que temos observado ao longo dos últimos meses, e a curva de juros apresentou uma performance relativa melhor do que as treasuries até a última semana do mês de outubro.
Apesar disso, o tema fiscal reverberou em todos os ativos de renda fixa local após as declarações do presidente e de sua equipe de que a meta fiscal dificilmente será cumprida em seu primeiro ano de vigência. Com isso, a curva ganhou inclinação marginal e teve a pior performance absoluta do ano. Seguimos com preferência pelos ativos indexados ao IPCA com até 6 anos de duration e comprados em títulos prefixados de vencimento até 2 anos, apostando em uma taxa Selic terminal menor do que a precificada hoje pelo mercado.
Desaceleração da atividade econômica. No último mês, a economia enfrentou desafios com desaceleração em vários setores, influenciada por uma política monetária restritiva e deterioração nos indicadores de crédito. No mercado de crédito, observa-se desaceleração nas concessões. Embora haja melhorias leves no perfil de crédito das famílias, o saldo de crédito rotativo continua pressionando os indicadores de crédito livre.
Inflação segue em desaceleração. Apesar da elevação do preço do petróleo, é cada vez mais provável que o IPCA acabará o ano abaixo do teto da meta. O cenário global incerto exige cautela, e espera-se que a taxa Selic encerre o ano em 11,75%, com possibilidade de desaceleração no ritmo de cortes.
Política fiscal segue incerta no Brasil. O Governo Central registrou um superávit de R$ 11,5 bilhões em setembro, interrompendo quatro meses consecutivos de déficits primários. No entanto, as contas públicas continuam em trajetória de deterioração, evidenciada pelo déficit acumulado de R$ 93,4 bilhões no ano. Lula indicou a possibilidade de não cumprir a meta fiscal de déficit zero em 2024, sinalizando uma potencial mudança na meta no próximo ano. Projeta-se um déficit primário de -1,3% e -1,0% do PIB para 2023 e 2024, respectivamente.
FED mantém FFR em 5,25% 5,50%. O FED manteve a taxa de juros no range entre 5,25 a 5,50% ao ano, citando a forte alta do PIB no 3º trimestre, o núcleo de inflação acima da meta e o baixo desemprego. O FED reafirmou como compromisso trazer a inflação de volta a meta de 2%. No entanto, a entidade deixou em aberto a decisão de dezembro, sinalizando a possibilidade de uma nova elevação caso necessário.
Economia chinesa segue com incerteza. O PIB da China no terceiro trimestre superou as expectativas, registrando um crescimento de 4,9% a/a. No entanto, a análise mensal dos indicadores revela sinais de desaceleração, com desempenho mais fraco na indústria, vendas no varejo e investimentos em ativos fixos. O setor imobiliário continua piorando, refletindo a crise que afeta as incorporadoras chinesas.
Para saber mais detalhes da conjuntura macroeconômica, entre aqui.
Ao longo de outubro, o pano de fundo foi a continuidade do movimento de abertura da curva de juros longos nos Estados Unidos, com a treasury de 10 anos atingindo patamares próximos à 5% a.a. antes de voltar a cair rapidamente para próximo de 4.5% a.a. nos primeiros dias de novembro.
O fechamento do juro americano posterior ao discurso de Powell parece ter dado ainda mais convicção para que o BC siga seu plano de voo de cortes de juro próximos àqueles hoje precificados na pesquisa Focus.
A manutenção de um guidance de múltiplas reuniões vai ao encontro do nosso cenário em que o Copom mantém o ritmo de 50 pontos além do período atualmente precificado. Uma eventual piora do IPCA, potencialmente explicada pela deterioração contínua do quadro fiscal, somada à desaceleração da economia, deve tornar o cenário ainda mais complexo.
Com isso, principalmente o juro nominal longo fechou em queda expressiva no inicio do mês, e no acumulado, o índice IRFM, que representa os títulos pré-fixados foi o destaque dos retornos em renda fixa, com mais de 1,36% de ganho.
O índice IDA-DI, que é composto por debêntures indexadas ao CDI segue sua trajetória positiva (1,27% no mês), em decorrência do fechamento dos spreads de crédito, com o mercado de renda fixa voltando a normalidade, com diversas novas emissões.
A inflação implícita, apesar da piora na perspectiva da questão fiscal do país, caiu com relação ao patamar do mês anterior. Na nossa avaliação, essa queda foi mais um movimento técnico do que uma aposta do mercado de uma inflação mais baixa a frente.
Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.
A alocação em ativos indexados ao CDI segue tendo relevância para um portfolio equilibrado. Além disso, a liquidez da classe facilita rotação para a bolsa por exemplo, movimento visto fortemente nestes últimos meses.
Porém, com a projeção de cortes na Selic se fortalecendo ainda esse ano, e talvez no inicio do segundo semestre, a atratividade se reduziu marginalmente, abrindo espaço para maior alocação nos títulos indexados a inflação e nos pré fixados curtos como forma de capturar um fechamento deste trecho da curva de juros.
Aumentamos a exposição aos indexados ao IPCA de vencimento intermediário e mantivemos com menor peso ativos de vencimento mais longo também, pois acreditamos que esse patamar atual do nível de juro real, no médio prazo, deve ser menor, além da melhora no carrego devido as últimas altas tanto na curva de juro nominal quanto na de juro real.
Continuamos gostando dos ativos pré fixados de vencimento curto, por acreditar que mesmo com todos os desafios da parte fiscal, queda no diferencial de juros do Brasil x EUA e possível depreciação do real frente ao dólar, a chance de uma mudança nos rumos das tomadas de decisão do Banco Central a partir do ano que vem pode dar uma boa oportunidade de ganhos.
Efetuamos duas alterações nas carteiras. Retiramos o ETF B5P211, devido a elevação nas NTN-Bs curtas e pelo IPCA projetado estar em um patamar baixo, impactando muito este ativo. A outra alteração foi a entrada da debênture de Raízen no lugar da debênture de PRIO, por uma questão de ajuste de duration da carteira, visando deixa-lá com um prazo médio menor. As mudanças foram táticas, e as trocas não representam uma necessidade de venda dos ativos anteriores da carteira.
*taxas indicativas referentes ao dia 09 de novembro, podendo sofrer variações.
Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:
O Banco Andbank tem seu controlador baseado em Andorra, e esse suporte torna a reserva de força do crédito do banco – cujo IDR está três graus acima do rating soberano brasileiro – permite que sua classificação esteja no patamar mais alto da escala nacional da Fitch, com Perspectiva Estável.
Esse CDB tem rating AAA pela Fitch.
A Raizen (RAIZ4) foi constituída em junho de 2011 como uma joint venture entre a Cosan (50%) e a Shell (50%), incorporando ativos de ambos os acionistas e visão estratégica de longo prazo fundamentada no mercado de biocombustíveis, energia renovável, marketing e serviços.
A estrutura da empresa é verticalmente integrada em todas as etapas da cadeia de valor, desde o plantio, colheita, processamento, armazenamento, logística, distribuição e comercialização do seu amplo portfólio de produtos e serviços que abrangem até o consumidor final.
Essa debênture tem rating AAA pela Fitch.
Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.
Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.
Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.
Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.
Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.
Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.
High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.
High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.
Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.
ROE (Return on Equity): Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.
Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.
CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.
CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário