André Fialho

Carteiras Recomendadas > Renda Fixa > Carteira Recomendada > Carteira Recomendada Renda Fixa Setembro 2023

Publicado em 18 de Setembro às 01:37:03

Carteira Recomendada Renda Fixa Setembro 2023

A carteira recomendada de investimento em renda fixa de setembro de 2023 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária, crédito privado e ETFs.

Renda fixa: Ativos indexados ao CDI são os destaques do mês

No mês, os ativos com os melhores retornos foram o Dólar (4,21%), seguido do IDA-DI (1,43%) e do CDI (1,19%). A abertura da curva de juros futuros com a escalada das Treasuries, colaborou para os ativos indexados ao CDI. No ano, o destaque permanece o IMA-B5+, com rentabilidade de 14,8%. Esse resultado é reflexo do início do ciclo de relaxamento da política monetária pelo Banco Central, o que contribuiu para o melhor desempenho de ativos de riscos, com duration (prazo médio) mais longa no caso de ativos de renda fixa.

Cenário local: Aumento da incerteza com relação a política fiscal

Durante o segundo trimestre de 2023, vimos uma surpresa positiva do PIB vindo acima do consenso, com expansão de 0,9%. Com taxa de juros elevada devido ao compromisso do Banco Central de combater a inflação, era de se esperar que houvesse um arrefecimento mais acentuado da atividade.

Vimos um mercado de trabalho também mais resiliente do que o esperado, embora venha enfraquecendo gradativamente – como se pôde ver devido à diminuição do número de vagas criadas. A taxa de desemprego, de acordo com nosso time de macroeconomia, deve terminar 2023 em 8,3%.

Em relação ao IPCA, as últimas duas leituras (julho e agosto) vieram com surpresas altistas, mas a inflação segue em trajetória benigna e com composição um pouco mais positiva. Houve arrefecimento da média dos núcleos e da inflação de serviços. Além disso, IGP-M apresentou deflação pelo 5º mês consecutivo.

Tivemos a confirmação do envio da PLOA 2024 com déficit zero como meta de resultado primário para o próximo ano, reafirmando um grande desafio para o governo no que tange a capacidade arrecadatória do Brasil.

Algumas incertezas referentes ao tema ainda permanecem, principalmente sobre a quantidade de medidas necessárias para o equilíbrio das contas públicas, a perspectiva de aumento de receita derivada de cada uma dessas medidas e a possibilidade de aprovação no congresso.

Os riscos envolvidos, entretanto, não se limitam a quantidade de receita arrecadada para o próximo ano, mas também sobre a possibilidade de contingenciamento de gastos, principalmente em um cenário onde a atividade econômica deve desacelerar e o desemprego deve voltar a subir, gerando uma maior pressão no governo para aumento de gastos. No geral, as incertezas sobre a parte fiscal seguirão altas no curto prazo, dependendo de diversas variáveis.

Cenário Externo: Indicadores de atividade nos EUA continuam surpreendendo positivamente

Nos EUA, vimos os rendimentos das Treasuries de 10 anos saltando de 3,3% para 4,3% em mais ou menos três meses, atingindo patamar visto pela última vez durante a crise de 2008. Ademais, a Fitch reclassificou o rating soberano do país, rebaixando-o de AAA para AA+ com perspectiva estável. Jerome Powell, presidente do Fed, anunciou no simpósio de Jackson Hole que é possível ocorrer mais uma alta de 25 pontos-base na taxa de juros americana.

A economia americana continuou apresentando resiliência durante o mês de agosto, com diversos indicadores de atividade surpreendendo positivamente, porém, apesar disso, esperamos uma desaceleração mais evidente nos próximos trimestres, principalmente em 2024.

O mercado de trabalho, contudo, deu sinais mais claros de arrefecimento, através principalmente do aumento da taxa de desemprego, desaceleração do crescimento salarial e aumento na taxa de participação, o que, em conjunto, devem ajudar na desaceleração da inflação nos próximos meses.

Na Zona do Euro, a economia continua exibindo sinais mistos: o PMI de serviços segue em expansão enquanto a indústria contrai. Durante o simpósio de Jackson Hole, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, demonstrou posição hawkish. A política monetária da Zona, de acordo com o BCE, continuará rodando em patamares necessários para convergir a inflação para a meta.

Na China, o cenário continua adverso e os dados seguem em linha com a visão mais conservadora do nosso time de macroeconomia. O país passa por uma crise imobiliária que vem desde 2021 e impacta vários setores (por exemplo, metais e mineração) ao redor do mundo inclusive no Brasil, além de aumentar o risco de hard-landing. Dados de atividade da China, durante o mês de agosto, surpreenderam negativamente os analistas, que esperavam um crescimento mais acentuado do que o apresentado.

Para saber mais detalhes da conjuntura macroeconômica, entre aqui.

Análise das curvas de juros: Altas nos vencimentos longos por movimento nas treasuries e piora no risco fiscal

Tanto juro nominal quanto juro real longo vem em uma trajetória de elevação de taxa, devido ao aumento no risco fiscal, após dados de resultado do Governo Federal virem piores que o esperado, e com perspectivas desafiadores, tanto na parte de geração de receita quanto no corte de gastos.

Outro fator relevante foi o movimento nas Treasuries, que estão rodando próximo das máximas dos últimos 15 anos, com a taxa do título de 2 anos acima dos 5%, e a de 10 anos em 4,3%, o que gera um ruído em todas as curvas de juros ao redor do mundo.

A inflação implícita, que vinha em trajetória descendente nos últimos meses subiu com relação ao mês anterior, principalmente aos fatores decorrentes dos riscos fiscais iminentes.

Os ativos de melhor retorno no mês foram os indexados ao CDI, representados pelo IDA-DI e pelo próprio CDI, que tiveram alta de 1,43% e 1,19% no mês.

O IDA-DI, que é um índice que reflete uma cesta de debêntures da Anbima, teve retorno de 167% do CDI, mostrando a manutenção do ambiente positivo no mercado de crédito.

O movimento dos spreads segue em queda, os ativos de rating AAA fechando 19bps, AA fechando 10 e A 26bps. Nesse contexto, o mercado foi afetado de forma negativa por nomes como Magazine Luiza, CBD e Aeris. Acreditamos que há ainda espaço para um possível fechamento adicional de spread até o final do ano, porém não acreditamos que será tão rápido como vimos pós-covid.

Investimento em renda fixa: Elevamos posição em juro real e adicionamos pré fixado de vencimento curto

Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.

A alocação em ativos indexados ao CDI segue tendo relevância para um portfolio equilibrado. Além disso, a liquidez da classe facilita rotação para a bolsa por exemplo, movimento visto fortemente nestes últimos meses.

Porém, com a projeção de cortes na Selic se fortalecendo ainda esse ano, e talvez no inicio do segundo semestre, a atratividade se reduziu marginalmente, abrindo espaço para maior alocação nos títulos indexados a inflação.

Mantivemos a exposição aos indexados ao IPCA de vencimento intermediário e incluímos ativos de vencimento mais longo também, pois acreditamos que esse patamar atual do nivel de juro real, no médio prazo, deve ser menor.

Adicionamos este mês ativos pré fixados de vencimento curto, por acreditar que essa ultima alta nos juros futuros curtos não vai ser sustentada, pois o Banco Central deverá colocar a Selic em um nível mais próximo dos 8% até final de 2024, o que gera uma oportunidade interessante para ativos pré fixados.

Investimento em renda fixa para setembro 2023

Efetuamos três alterações nas carteiras. Retiramos a debênture de Ecorodovias, incluímos uma LCA do Banco BTG, e um CDB do Banco Andbank. As mudanças foram táticas, e as trocas não representam uma necessidade de venda dos ativos anteriores da carteira.

*taxas indicativas referentes ao dia 15 de setembro, podendo sofrer variações.

Melhores investimentos em renda fixa: análise de ativos

Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:

B5P211

O B5P211 é um ETF criado pelo Itaú, que replica o índice IMA-B5 índice calculado pela Anbima, formado por uma carteira teórica composta por títulos públicos indexados à inflação, as NTN-Bs, com prazos inferiores a cinco anos de vencimento e controle de prazo médio de repactuação da carteira de, no mínimo, dois anos.

O IMA-B 5 tem uma metodologia de rebalanceamento dos títulos que torna esse índice um investimento muito atrativo. Em seu funcionamento, é como se os recursos vindos de vencimentos ou pagamentos de juros fossem automaticamente reinvestidos numa taxa mais elevada, em um título público indexado ao IPCA com prazo de até 5 anos.

Consequentemente, o comportamento do prazo médio (duration) do IMA-B 5 é muito mais previsível. Já no caso do IMA-B, o comportamento é mais difícil de se prever e tem correlação muito alta com os movimentos nas curvas de juros, tanto de DI futuro, quanto dos preços das NTN-Bs.

Saiba mais sobre esse índice aqui.

Eneva (ENEV3)

A Eneva atua nos setores de exploração e produção de gás natural, geração de energia e soluções em energia no mercado de gás natural e no mercado livre de energia. Seu modelo de negócios integra os processos de exploração do gás natural até a geração de energia termoelétrica, bem como a comercialização de gás e energia.

Atualmente a companhia possui parque operacional com 10 usinas termelétricas (8 a gás e 2 a carvão) e o complexo Solar Futura I, que iniciou sua operação comercial em maio/2023, totalizando uma capacidade de geração de 5,9 GW. Até 2026, deve atingir capacidade de 6,3 GW com a entrada em operação de 3 novas usinas termelétricas, além da possibilidade de expandir com as produções dos parques solares Futura II e Futura III (podem somar 2,3 GW de capacidade instalada ao projeto).

A Eneva reportou EBITDA de R$ 1,2 bilhão no 1T23, contra R$ 474 milhões no 1T23. Já a dívida líquida foi de R$ 17,1 bilhões no 1T23, o que representou um aumento de 3% vs. 4T22, impulsionado principalmente pelos efeitos não caixa de juros acumulados e atualização monetária sobre a dívida bruta, o que mais do que compensou a geração de caixa (após investimentos) de R$ 186 milhões.

Essa debênture tem rating AAA pela Fitch.

Glossário

Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.

Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.

Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.

Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.

Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.

Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.

Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.

High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.

High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.

Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.

ROE (Return on Equity):  Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.

Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.

CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.

CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica