Publicado em 01 de Julho às 11:07:57
A narrativa de recessão global e estagflação ganhou corpo no mês de junho, levando a uma baixa de diversas classes de ativos, ações, cryptos, commodities. Tal movimento ocorre diante de um investidor que está receoso com o cenário macroeconômico à frente, ao mesmo tempo que busca por alocações mais conservadores. Aqui no Brasil, o noticiário envolvendo maiores gastos públicos pressiona a situação fiscal e interfere na precificação do dólar e nas expectativas sobre a trajetória da Selic no médio e no longo prazo. Ações domésticas, que já apresentavam preços atrativos, passaram por uma nova rodada de reprecificação. Apesar dos preços atrativos, estamos adotando uma postura de recomendação ainda conservadora vislumbrando a proteção do capital alocado em ações.
Inflação: o tema ainda continua no radar do investidor, já que o aumento dos preços globais segue mais persistente do que nunca, disseminado em diversos itens, principalmente os serviços. Essa dinâmica faz com que o mercado mudasse sua opinião sobre a necessidade de atuações dos bancos centrais no mundo desenvolvido para um modelo mais restritivo. O soft landing, que na tradução livre significa pouso suave, para a economia americana e europeia, me parece um sonho cada vez mais distante.
Estados Unidos: além dos dados de inflação que se mostram persistentes, houve uma queda significativa nos indicadores de confiança/sentimento relacionados à economia americana. Notícias de empresas, principalmente com perfil de crescimento, demitindo colaboradores reforça a tese de estarmos passando por um período de ajustes que, obviamente, continuará pressionando os preços dos ativos. Até o momento, acreditamos que o mercado irá reprecificar suas expectativas de lucro para os próximos trimestres, abrindo espaço para baixas adicionais.
China: houve uma surpresa positiva sobre a situação da pandemia, com algumas das principais cidades chinesas não apresentando novos casos, algo que não ocorria desde fevereiro deste ano. A dinâmica de expectativas sobre a economia chinesa é importante tanto para a tese de commodities quanto para a Bolsa brasileira (Ibovespa) e seus quase 50% de representatividade para empresas exportadoras. Neste ano, seguimos na tentativa de identificar o melhor momento para estar com maior alocação em empresas chinesas, mas entendemos que esse processo está sendo muito mais complexo do que o previsto inicialmente; por isso, reforçamos o tom de cautela.
O Ibovespa foi impactado de duas maneiras. A intensificação das narrativas de recessão levou a uma queda das commodities, consequentemente prejudicando as empresas exportadoras. Com uma piora na percepção fiscal, ativos domésticos foram pressionados pelo aumento da aversão ao risco, que trouxe taxas de juros de longo prazo para patamares ainda maiores. A percepção de um cenário mais construtivo ainda parece distante, considerando os desafios atuais. Inflação, recessão, fiscal e eleições seguem ainda como incógnitas para o mercado. Dessa forma, justificam que ainda exista espaço para uma piora antes de alguma sinalização mais positiva. Apesar dos preços em patamares atrativos, seguimos sem apetite para buscar ações com maior potencial de alta e, assim, vamos permanecer com alocações de valor em empresas com menor volatilidade e carteiras diversificadas.
(1) Empresas ligadas a commodities: entre a cruz e a espada, estamos reduzindo nossas posições em commodities diante do movimento de ajuste ocorrido em junho, com manutenção apenas em carteiras que permitam maior diversificação (IBOV10+ e SMALL8+). Apesar do noticiário positivo sobre a China desde o final de maio, não estamos confiantes de que isso se reflita com maior consistência na precificação das commodities e das empresas exportadoras. Optamos por sermos conservadores até entendermos se existe espaço ou não para uma alocação com menor volatilidade.
(2) Empresas ligadas à economia local: com a deterioração da situação fiscal, houve concretização do cenário mais negativo tratado nas cartas apresentadas anteriormente. Assim, até que tenhamos mais confiança para recomendações mais agressivas, iremos buscar oportunidades em empresas cujo comportamento tende a ser menos volátil. Setores perenes e diversificação serão as estratégias que iremos buscar diante do cenário ainda contrário para a precificação das ações domésticas.
(3) Dolarização da carteira: contrariando nossas expectativas, houve valorização do dólar ante o real, influenciada principalmente pelo noticiário local (deterioração do quadro fiscal). Na dúvida, e diante das incertezas, estamos fazendo alguns ajustes em posições dolarizadas que possam trazer uma dinâmica estratégica para nossas carteiras. O dólar, globalmente falando, parece sinalizar uma realização de curto prazo. Contudo, diante das movimentações e dos temas tratados em junho, estamos aumentando marginalmente nossa exposição a empresas dolarizadas.
(4) ETFs e BDRs: para a carteira de ETFs, seguimos com a alocação próximo da atual, com maior exposição a ações brasileiras em fundos que possuem maior diversificação setorial. O ouro segue como nosso “porto seguro”; a China permanece pela atratividade dos preços e pelas sinalizações positivas do governo chinês em relação aos estímulos após o final do lockdown nas principais cidades. Ainda estamos cautelosos quanto às ações americanas e europeias, apesar das expectativas de recuperação dos ativos no curto prazo por questão técnica (repique).
Seguimos com betas menores do que 1 para nossas recomendações, com exceção para a carteira ESG 5+, devido a incerteza do cenário. Todas as trocas que foram feitas buscam portfólios mais diversificados e com volatilidade abaixo da média dos benchmarks
Retornamos para uma alocação com concentração em empresas de maior capitalização (Large e Midcaps), para as estratégias que permitem esse tipo de diversificação. Reduzimos nossa exposição em ações ligadas à commodities e aumentamos em empresas do setor elétrico.
Com um cenário adverso tanto no contexto global quanto local realizamos diversas trocas nas carteiras para readequarmos nosso perfil de risco, ao focarmos nossos esforços na preservação do capital. A dificuldade de entendermos quando o mercado poderia ter um ponto de inflexão reforçou essa necessidade de postura. Apesar do desempenho abaixo da média do benchmark, acreditamos que mais à frente poderemos ter melhores oportunidades para aumentar nossa exposição em teses de investimento com maior potencial de retorno.
Graficamente, nossas carteiras estão com Índices de Força Relativos (IFRs) mais próximos da faixa dos 30 pontos devido a forte queda no mês de junho o que pode abrir espaço para uma recuperação nas primeiras semanas de julho. Estruturalmente, o cenário permanece negativo.
A carteira Ibovespa 10+ apresentou uma baixa de -12,04% no mês de junho. No mesmo período, o Ibovespa obteve um desempenho negativo de -11,50%. No ano de 2022 a carteira apresenta rentabilidade negativa de -6,47% contra uma baixa de -5,99% do Ibovespa. Em relação ao mês de junho, saíram as ações da Equatorial (EQTL3), JHSF (JHSF3), Multilaser (MLAS3), Petro Rio (PRIO3), Santander (SANB11) e Transmissão Paulista (TRPL4). Com Inclusão das ações da Minerva (BEEF3), Braskem (BRKM5), Eztec (EZTC3), Lojas Renner (LREN3), Suzano (SUZB3) e Taesa (TAEE11).
A Carteira Ibovespa 10+ tem por objetivo superar a performance do Ibovespa no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 25 milhões e pertencentes ao IBRA (Ìndice Brasil Amplo) fazem parte do universo de escolhas.
A carteira Ibovespa 5+ apresentou uma baixa de -15,19% no mês de junho. No mesmo período, o Ibovespa obteve um desempenho negativo de -11,50%. No ano de 2022 a carteira apresenta rentabilidade negativa de -26,11% contra uma baixa de -5,99% do Ibovespa. Em relação ao mês de junho, saíram as ações da CBA (CBAV3), Itaú Unibanco (ITUB4), Petro Rio (PRIO3) e Localiza (RENT3). Com Inclusão das ações da Engie (EGIE3), Rumo (RAIL3), Rede D’Or (RDOR3) e Sabesp (SBSP3).
A Carteira Ibovespa 5+ é divulgada mensamente no jornal Valor Econômico, e tem por objetivo superar a performance do Ibovespa no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 5 milhões e pertencentes ao Ibovespa fazem parte do universo de escolhas.
A carteira Small Caps 8+ apresentou uma baixa de -15,22% no mês de junho. No mesmo período, o índice Small (SMLL) obteve um desempenho negativo de -16,33%. No ano de 2022 a carteira apresenta rentabilidade negativa de -11,71% contra uma baixa de -19,69%, no mesmo período, do índice Small (SMLL). Em relação ao mês de junho, saíram as ações da CBA (CBAV3), Ferbasa (FESA4), JHSF (JHSF3), Multilaser (MLAS3) e Simpar (SIMH3). Com Inclusão das ações da Minerva (BEEF3), Grendene (GRND3), Multiplan (MULT3), Tauros (TASA4) e Wiz Seguros (WIZS3).
A Carteira Small Caps 8+ tem por objetivo superar a performance do Índice Small (SMLL) no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações pertencentes ao Índice de Small Caps (SMAL) e com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 3 milhões fazem parte do universo de escolha.
A carteira Micro Caps 5+ apresentou uma baixa de -17,99% no mês de junho. No mesmo período, o índice Small (SMLL) obteve um desempenho negativo de -16,33%. No ano de 2022 a carteira apresenta rentabilidade negativa de -24,40% contra uma baixa de -19,69%, no mesmo período, do índice Small (SMLL). Em relação ao mês de junho, saíram as ações da Allied (ALLD3), Plano & Plano (PLPL3) e SYN PROP (SYNE3). Com Inclusão das ações da BR Partners (BRBI11), Portobello (PTBL3) e Track&Field (TFCO4).
A Carteira Micro Caps 5+ tem por objetivo superar a performance do Índice Small (SMLL) no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas cujo valor de mercado é de até R$ 2 bilhões e com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 1 milhão fazem parte do universo de escolha.
A carteira Dividendos 5+ apresentou uma baixa de -14,02% no mês de junho. No mesmo período, o Índice Dividendos (IDIV) obteve um desempenho negativo de -8,38%. No ano de 2022 a carteira apresenta rentabilidade negativa de -0,08% contra uma alta de 4,58%, no mesmo período, do Índice Dividendos (IDIV). Em relação ao mês de junho, saíram as ações da Gerdau (GGBR4), SYN PROP (SYNE3) e Vale (VALE3). Com Inclusão das ações da CPFL Energia (CPFE3), Energias BR (ENBR3) e Taesa (TAEE11).
A Carteira Dividendos 5+ tem por objetivo superar a performance do Índice Dividendos (IDIV) no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 10 milhões e pertencentes ao Índice de Dividendos (IDIV) fazem parte do universo de seleção.
A carteira ESG 5+ apresentou uma baixa de -18,20% no mês de junho. No mesmo período, o Ibovespa (IBOV) obteve um desempenho negativo de -11,50%. No ano de 2022 a carteira apresenta rentabilidade negativa de -26,74% contra uma baixa de -5,99%, no mesmo período, do Ibovespa (IBOV). Em relação ao mês de junho, saíram as ações da Magazine Luiza (MGLU3), Localiza (RENT3) e Simpar (SIMH3). Com Inclusão das ações da CCR (CCRO3), Pão de Açúcar (PCAR3) e Telefônica Vivo (VIVT3).
A Carteira ESG 5+ tem por objetivo superar a performance do Índice de Sustentabilidade (ISEE) no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 10 milhões e pertencentes ao Índice de Sustentabilidade (ISEE) fazem parte do universo de seleção.
A carteira BDR 5+ apresentou uma alta de 2,76% no mês de junho. No mesmo período, o Índice de BDRs (BDRX) obteve um desempenho positivo de 0,79%. No ano de 2022 a carteira apresenta rentabilidade baixa de -43,45% contra uma baixa de -27,61%, no mesmo período, do Índice de BDRs (BDRx). Em relação ao mês de junho, saíram as ações da Chevron (CHVX34) e Mercado Libre (MELI34). Com Inclusão das ações da Berkshire Hathaway (BERK34) e Walt Disney (DISB34).
Para o mês de julho de 2022, recomendamos compra de iShares Ibovespa (BOVA11), IT Now IDIV (DIVO11), It Now IFNC (FIND11), China (XINA11) e Ouro (GOLD11), com alocação de 20% para cada ativo. No mês de junho de 2022, a Carteira de ETF MACRO recuou -3,27% contra o Ibovespa que apresentou queda de -11,50% no mesmo período.
A Carteira ETF MACRO tem por objetivo superar o desempenho do Ibovespa no longo prazo. Mensalmente, recomendaremos até 5 ETFs, todos com o mesmo peso na carteira. Essa estratégia permite ao investidor se expor em diversos ativos globais, permitindo uma diversificação geográfica em dólar.
Exchange Traded Fund (ETF), é um fundo negociado em Bolsa que representa uma comunhão de recursos destinados à aplicação em uma carteira de ações que busca retornos que correspondam, de forma geral, à performance, antes de taxas e despesas, de um índice de referência. (Fonte: B3)