Filipe Villegas

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Publicado em 08 de Julho às 20:00:00

🧬 GENOMA AÇÕES 2.0 – Julho de 2025

Junho trouxe fortes emoções aos mercados, guiadas por dois temas principais. O primeiro foi a escalada relâmpago do conflito Israel e Irã, seguida por uma distensão igualmente rápida, o que levou o Brent de 65 dólares a 88 dólares e depois de volta a 67 dólares. O segundo foco foi a incerteza sobre quando o Federal Reserve começará a cortar juros, questão que passou a dominar o debate depois que a crise no Oriente Médio perdeu força. Com a tensão geopolítica arrefecida, o mercado voltou sua atenção à política monetária dos Estados Unidos e a um enfraquecimento estrutural do dólar, reacendendo o apetite por ativos de mercados emergentes, com o Brasil em destaque.

🎯 Objetivo

O Genoma Ações foi atualizado! A partir de agora temos um novo modelo de recomendações para atender completamente à demanda dos investidores de ações. Nós expandimos nossa cobertura para mais de 200 empresas negociadas da B3, proporcionando a você uma visão abrangente do mercado.

Nosso método aprimorado combina uma abordagem quantitativa e qualitativa, através de uma técnica conhecida como Análise de Fatores ou Factor Investing. Esta técnica nos permite criar uma lista de recomendações de ações, cada uma com um preço-alvo e um fator de ponderação associado. O objetivo é facilitar o processo de decisão e otimizar a montagem de carteiras de investimentos.

É importante destacar um aspecto crucial do nosso algoritmo do Genoma: ele foi projetado para avaliar o ciclo de fundamentos de uma empresa em conjunto com um modelo de precificação de ativos. No entanto, tais modelos não levam em consideração fatores além dos resultados das empresas e das expectativas futuras do mercado em torno de uma ação.

Lembramos que os preços e recomendações apresentados podem diferir daqueles apresentados no Genial Analisa. Este último faz suas recomendações com base na avaliação de seus analistas, portanto, são distintas e não correlacionadas com as recomendações apresentadas pelo Genoma Ações. Cada um desses trabalhos é único e oferece uma visão diferente, permitindo a você como investidor uma análise mais completa e diversificada.

☑️ Fatores de Estilo

💰 Valor (Value): O fator “valor” se refere ao investimento em ações que são consideradas baratas em relação a certos fundamentos contábeis, como o preço em relação ao lucro, o preço em relação ao valor contábil, o preço em relação às vendas, etc. Este estilo de investimento é baseado na ideia de que essas ações estão subvalorizadas e, portanto, devem proporcionar retornos superiores a longo prazo.

📈 Crescimento (Growth): O fator “crescimento” se refere ao investimento em ações de empresas que estão crescendo a uma taxa acima da média em termos de receitas, lucros, fluxo de caixa, etc. Os investidores em crescimento estão dispostos a pagar um preço premium por ações dessas empresas na expectativa de que o rápido crescimento dos lucros se traduza em retornos de ações superiores.

🚀 Momentum: O fator “momentum” se refere ao investimento em ações que têm mostrado um desempenho superior recente, na esperança de que essa tendência de desempenho continue no futuro. A ideia é que as ações que têm desempenhado bem recentemente continuarão a se sair bem, e as que têm desempenhado mal continuarão a se sair mal.

👑 Qualidade (Quality): O fator “qualidade” se refere ao investimento em ações de empresas de alta qualidade. As métricas para determinar a qualidade variam, mas geralmente incluem coisas como lucratividade, estabilidade dos lucros, eficiência operacional e solidez financeira. A ideia é que essas empresas de alta qualidade são mais propensas a gerar retornos de ações estáveis e superiores a longo prazo.

🐢 Baixo Risco (Low Vol): O fator “baixo risco” se refere ao investimento em ações que têm mostrado menor volatilidade ou risco de queda. A ideia é que essas ações de baixo risco irão, em média, superar as ações de alto risco ao longo do tempo, uma vez que as ações de alto risco estão sujeitas a maiores quedas de preço.

Esses fatores de estilo não são mutuamente exclusivos e podem ser combinados de várias maneiras para criar uma estratégia de investimento diversificada. Além disso, é importante notar que, embora esses fatores tenham proporcionado retornos superiores em média ao longo do tempo, não há garantia de que continuarão a fazê-lo no futuro.

🌎 Cenário Econômico Global

Os Estados Unidos continuam no centro das atenções, ainda que o mercado já comece a enxergar sinais de cansaço na atividade. Os setores de serviços e o mercado de trabalho seguem sólidos, porém indicadores antecedentes como cortes de emprego anunciados e pedidos de seguro-desemprego sugerem perda gradual de fôlego. A inflação mostra alívio, mas o Federal Reserve prefere esperar provas mais consistentes antes de iniciar um ciclo de cortes de juros. Esse ambiente de inflação moderada, crescimento contido e volatilidade baixa tem favorecido a depreciação do dólar e sustentado preços mais altos para ativos de risco.

O enfraquecimento recente do dólar vai além de um ajuste técnico ou do simples reflexo da expectativa de cortes de juros pelo Fed. O movimento tem raízes mais profundas e pode ser entendido a partir de três vetores estruturais que vêm ganhando força.

1- Reposicionamento global: investidores estrangeiros, antes overweight em ativos dos EUA, voltam ao market weight; essa realocação gera forte venda de dólares.

2- Hedge cambial em alta: fundos soberanos, seguradoras e gestores seguem comprados em ações e títulos americanos, mas agora protegem o câmbio; o simples hedge já pressiona a moeda, sem reduzir exposição.

3- Dólar como parte do problema: cresce a percepção de que tarifas não bastam para equilibrar o déficit externo; para viabilizar a reindustrialização, os EUA precisam de um dólar estruturalmente mais fraco, tornando a política cambial instrumento estratégico.

Somados, esses vetores apontam para uma desvalorização sustentada do dólar, com impactos globais sobre fluxos de capital e preços de ativos.

Ainda falando sobre o dólar, junho trouxe uma quebra de correlações clássicas que reforça a robustez da tese de um dólar estruturalmente mais fraco. Em episódios de tensão geopolítica, como o confronto entre Israel e Irã com envolvimento dos Estados Unidos, esperava-se a reação típica de aversão ao risco, isto é, dólar mais forte e queda nos rendimentos das Treasuries. O que ocorreu foi o oposto, o dólar enfraqueceu mesmo em dias de risk-off, enquanto os juros longos americanos subiram.

Esse comportamento desafia o conhecido “dólar smile”, em que a moeda costuma se valorizar tanto em cenários de estresse quanto de crescimento. A inversão dessa dinâmica sugere uma mudança de regime cambial, indicando que fatores estruturais passaram a pesar mais do que o tradicional flight to quality.

BRASIL

Em junho, o Brasil exibiu fundamentos domésticos resilientes e forte sensibilidade ao cenário externo e fiscal. A política monetária sinalizou um ponto de inflexão, pois, mesmo com a Selic em 14,75 % ao ano, o Copom indicou o fim do ciclo de aperto e surpreendeu parte do mercado ao elevá-la para 15 %, preparando o terreno para eventuais cortes a partir do segundo semestre. A curva de juros apresentou bull flattening, com recuos mais acentuados nas taxas longas, refletindo a confiança na condução do Banco Central.

A inflação desacelerou, e o mercado reduziu a projeção do IPCA para 2025 de 5,24 % para 5,20 %, ainda acima do teto da meta, o que mantém a cautela em relação aos núcleos inflacionários. No front corporativo, os resultados do primeiro trimestre de 2025 foram robustos, com margens maiores, crescimento de lucros e resiliência mesmo diante do crédito caro. A B3 reagiu positivamente, puxada por setores cíclicos e sensíveis à queda dos juros, sustentada por valuations descontados e por um fluxo estrangeiro crescente.

O real se fortaleceu, amparado pelo diferencial de juros, termos de troca favoráveis e maior apetite externo. O risco fiscal, porém, segue como principal ponto de atenção, já que o ajuste nas contas públicas depende mais de aumento de arrecadação do que de cortes de gastos, fator que preocupa investidores embora não tenha, até agora, barrado o fluxo positivo para os ativos locais.

Além dos temas macroeconômicos, a possibilidade de alternância de poder voltou ao centro das discussões do mercado, especialmente com a proximidade do ciclo eleitoral de 2026. Esse cenário vem sendo gradualmente precificado nos ativos locais, influenciando o Ibovespa e as small caps, que tendem a reagir de maneira mais sensível a mudanças no ambiente político. Projeções recentes indicam que, em caso de vitória de uma administração mais pró-negócios, o prêmio de risco poderia cair e liberar espaço para múltiplos maiores, favorecendo setores ligados ao consumo doméstico e infraestrutura.

Ibovespa está caro ou barato?

O Ibovespa negocia atualmente a 8 vezes o lucro projetado para os próximos 12 meses, patamar ainda bem abaixo da média histórica de 10,6 vezes, o que reforça a atratividade relativa da bolsa brasileira. Entre os principais grupos de ações, as exportadoras se destacam com múltiplo de 6,9 vezes, um desconto de 30 % em relação à média histórica de 9,9 vezes, reflexo de fatores externos que seguem pressionando esse segmento.

Nas small caps, o P / L projetado está em 10,2 vezes, cerca de 27 % abaixo da média histórica de 14,0 vezes, evidenciando que as empresas de menor capitalização continuam descontadas, mesmo após a recente recuperação do mercado. No universo de mid e large caps, o múltiplo de 7,8 vezes representa um desconto de 23 % sobre a média de 10,2 vezes, sinal de que há espaço para reprecificação também entre as companhias de maior porte.

🗣️ Comentário do Estrategista: no cenário atual, como investir?

Junho consolidou a percepção de que o dólar fraco e a rotação global de ativos são tendências estruturais em curso, o que coloca o Brasil em posição privilegiada para atrair capital estrangeiro. O movimento acontece porque investidores buscam alternativas mais atrativas e descontadas fora dos Estados Unidos, e o mercado brasileiro reúne condições favoráveis para capturar esse fluxo.

O início do ciclo de queda da Selic deve estimular consumo e investimento, fortalecendo ainda mais a tese positiva para o país. Ao mesmo tempo, as empresas listadas na B3 vêm apresentando resultados sólidos, principalmente aquelas ligadas à economia doméstica e aos setores cíclicos, sustentando margens e ganhos mesmo em um ambiente de crédito ainda caro. Além disso, a bolsa continua negociada a múltiplos abaixo da média histórica, o que abre espaço para realocação de fundos locais e internacionais em busca de valor.

Por fim, a bolsa brasileira segue negociando a múltiplos de preço/lucro abaixo da média histórica, o que, aliado à possibilidade de continuidade do fluxo de estrangeiro, queda da Selic no futuro e alternância de poder, reforçam o potencial de valorização dos ativos locais. Apesar do otimismo, o mercado mantém certa cautela, pois o “play eleitoral” depende de definições sobre candidatos e alianças. A cada sinal de fortalecimento de uma candidatura pró-mercado, o apetite por risco tende a aumentar gradualmente.

📑 Tabela de Recomendações

⚠️ AVISO IMPORTANTE: Os preços-alvo e recomendações estão sujeitos a alterações com base em informações e fatos relevantes divulgados pelas empresas, assim como os resultados da temporada de balanços. O Genoma é um modelo quantitativo de precificação de ações. É importante ressaltar que este modelo não leva em consideração fatos que não estejam estritamente correlacionados com os resultados corporativos apresentados pelas empresas. Além disso, não considera outras variáveis externas, baseando-se exclusivamente nos resultados corporativos e nas expectativas da equipe do Genial Analisa e do mercado em geral. Investidores devem estar cientes de que decisões de investimento devem ser tomadas com base em uma análise abrangente, considerando diversos fatores, incluindo, mas não se limitando, ao contexto macroeconômico, condições do setor e perfil de risco individual.

👤 Perfil de Investidor

ConservadorO investidor considerado conservador é aquele que prefere não correr riscos na valorização do dinheiro que decidiu aplicar.
ModeradoO investidor moderado é aquele que aplica uma parte dos seus recursos em investimentos com maior risco com o objetivo de obter retornos financeiros acima da média no longo prazo, sem abrir mão de ter parte do seu patrimônio em investimentos mais conservadores.
Arrojado/AgressivoArrojado ou Agressivo é aquele investidor que aceita com tranquilidade os riscos de variação em seus rendimentos/retornos ou até mesmo alterações em seu capital investido inicialmente afim de ter um retorno acima da média no longo prazo.

🚦 Recomendações de Fatores de Estilo para cada Perfil de Investidor

ConservadorLOWVOL e DYIELD
ModeradoVALUE e QUALITY + (classes do conservador)
Arrojado/AgressivoGROWTH e MOMENTUM + (classes do conservador/moderado)

🔂 Recorrência

Este relatório tem a finalidade de fornecer uma atualização sobre o cenário macroeconômico e corporativo, levando em consideração os dados trimestrais recentemente divulgados pelas empresas e mudanças das expectativas do mercado. No entanto, gostaríamos de informar uma mudança importante no cronograma de publicação: a partir de fevereiro 2024, este relatório será atualizado mensalmente. Vale ressaltar que esses prazos estão sujeitos a alterações. Mudanças nas condições de mercado ou no calendário de divulgação de balanços corporativos podem exigir ajustes em nossa programação.

💭 Explicando nosso quadro de recomendações (Glossário)

EMPRESANome da Empresa
TICKERCódigo Bolsa
PE (25)Múltiplo Preço/lucro que representa o número de anos necessários para se obter o valor pago pela ação por intermédio dos lucros distribuídos. Quanto menor, mais descontado o preço da ação. Expectativa para este ano, 2025.
PE (26)Múltiplo Preço/lucro que representa o número de anos necessários para se obter o valor pago pela ação por intermédio dos lucros distribuídos. Quanto menor, mais descontado o preço da ação. Expectativa para ano que vem, 2026.
PBMúltiplo P/VPA é do que preço da ação dividido pelo seu valor patrimonial. Ou seja, o valor do Patrimônio Líquido (PL) por ação. Quanto menor, mais descontado o preço da ação.
EV/EBTIDAEV/EBITDA (Valor da Empresa dividido pelo Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) é um múltiplo financeiro utilizado para avaliar o valor de uma empresa. Ele compara o valor total da empresa (incluindo dívida e capital próprio) ao seu lucro operacional ajustado (EBITDA).
BETAO beta de uma ação indica se ela é mais ou menos volátil do que o mercado como um todo. Quanto menor o indicador, menor deve ser a oscilação em períodos de depressão ou euforia dos mercados. Investidores mais conservadores devem buscar por ações com beta menor, por outro lado os mais agressivos devem buscar por ações com beta maior.
SETORSetor de atuação da empresa.
FATORRefere-se a uma estratégia de investimento em que as ações são escolhidos com base em atributos que estão associados a retornos superiores.
RECOMENDAÇÃORecomendação de COMPRA, MANTER ou VENDA
PREÇO-ALVOPreço-Alvo para os próximos 12 meses.
UPSIDEPotencial de retorno até o preço-alvo.
Acesse o disclaimer.

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