Em agosto, houve criação líquida de 232,5 mil postos de trabalho formais, ligeiramente abaixo da mediana das expectativas (241,0 mil, Broadcast+). O resultado do mês refletiu a combinação entre a admissão de 2,2 milhões e a demissão de 2,0 milhões de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, após os ajustes pelas declarações fora do prazo, a diferença entre admissões e demissões foi positiva em 219,7 mil postos de trabalho, de modo que houve uma expansão de 5,8% a/a no saldo líquido de vagas abertas.
Os números mais recentes apontaram para saldos líquidos positivos disseminados entre os grupamentos de atividade, sinalizando que o desempenho da economia se mostra robusto nesse início de segundo semestre e dá continuidade à visão de resiliência do mercado de trabalho, que deve atuar como um dos principais fatores que impulsionará o consumo em 2024. Apesar da política monetária atual estar em um patamar contracionista, a manutenção de um ritmo elevado de criação de postos de trabalho configura um importante fator de risco altista para a inflação nos próximos meses, sendo um dos fatores que serão acompanhados de perto pelo BC para determinar a condução da política monetária nas próximas reuniões.
Em junho, os principais destaques foram: Serviços (118,4 mil), sendo influenciado pela criação de postos de trabalho formal nos subsetores de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (40,5 mil), Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (39,0 mil); Comércio (47,8 mil) e Indústria geral (51,6 mil).
No acumulado em doze meses, o saldo total de vagas avançou 0,7% m/m na passagem de julho para agosto (saindo de 1,77 para 1,78 milhão). Cabe destacar que em relação ao mesmo mês do ano anterior houve expansão de 5,9% a/a nessa métrica, sinalizando que o mercado de trabalho se mostra robusto mesmo quando comparado ao ano passado que foi marcado por um significativo avanço do saldo líquido de postos de trabalho formal criados no ano.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 1,9% a/a, ao registrar o patamar de R$ 2.156,86 em julho ante R$ 2.116,42 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 1,85% a/a, ficando em R$ 2.244,45 ante R$ 2.203,67 em julho de 2023.
Em suma, o resultado do mês de agosto corrobora a nossa percepção de aquecimento do mercado de trabalho após registrar robustos saldos positivos de vagas criadas ao longo do primeiro semestre do ano. Nesse sentido, os dados seguem apontando que a economia brasileira se encontra aquecida, sobretudo nos setores mais ligados ao consumo doméstico das famílias como o varejo e serviços. Se, por um lado, esses números adicionam um viés positivo para o crescimento e para o desempenho do mercado de trabalho nos próximos meses, por outro, mostram um fator de risco relevante para a convergência da inflação em direção à meta. Nesse contexto, revisamos a nossa projeção de criação de vagas de emprego formal no ano para 1,8 milhão, ante 1,7 milhão anteriormente.