Em dezembro, houve perda líquida de 431,0 mil postos de trabalho formal, resultado pior que o esperado pelo mercado, cujo piso das projeções era de -430 mil vagas (Bloomberg). Houve 1,38 milhões admissões e 1,81 milhão demissões de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, o saldo foi negativo em 293,1 mil vagas, melhor do que o registrado em 2022. Por fim, o acumulado do ano foi positivo em 2,04 milhões, pior do que o registrado em 2021 (criação de 2,78 milhões).
Todos os cinco grandes grupos de atividade tiveram saldo negativo em dezembro. Em linha com nosso cenário, o mês deixou clara a inversão de tendência do setor de serviços. O grupo que foi o principal motor da criação de postos de trabalho em 2022 teve o pior resultado do mês, com saldo de -188,1 mil vagas (ante 92,2 mil em novembro). Dentre os subsetores, as Atividades ligadas à administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foram destaque dentre os resultados ruins (-109,8 mil), seguidas por serviços de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (-42,5 mil).
O segundo grupo com pior resultado foi a indústria geral (-114,2 mil), principalmente na indústria de transformação (-112,9 mil). Assim, a perda de vagas foi generalizada entre os setores da economia em dezembro, com construção (-74,5 mil), agropecuária (-36,9 mil) e comércio (-17,2 mil) também apresentando saldos negativos.
No acumulado do ano os cinco grupos registraram saldos positivos, fechando um ano em que o mercado de trabalho performou uma forte recuperação. O setor de serviços foi coroado como protagonista com saldo acumulado de 1,18 milhão de vagas, cerca de 57,72% do saldo total. Já os setores industrial e comércio já vêm apresentando perda de dinamismo há alguns meses (oito e nove quedas consecutivas, respectivamente), diante do contexto macroeconômico mais adverso e da normalização do perfil de consumo no pós-pandemia que beneficia serviços. No entanto, como já foi exposto, o setor de serviços está em uma trajetória de desaceleração, e já conta com sete meses consecutivos de queda no saldo acumulado em 12 meses.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em dezembro de 2022 houve saldo positivo de 7,5 mil empregos em trabalho intermitente, com destaque para o setor de serviços (4,8 mil) e comércio (2,5 mil). Por outro lado, no mês, foi registrado saldo negativo em 12,2 mil empregos em regime de tempo parcial, sendo que apenas o setor de comércio teve saldo positivo (33), com o pior resultado vindo do setor de serviços (-7,9 mil). No ano, ambos os saldos foram positivos, com 84,2 mil novos postos de trabalho intermitente e 30,7 mil novos empregos em regime de tempo parcial, sendo o setor de serviços, mais uma vez, protagonista em ambos os casos.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variações reais de -0,93% m/m e 0,94% a/a, ao marcar R$ 1.915,16 em dezembro. Já o salário médio de demissão variou 0,78% m/m e 2,45% a/a, ficando em R$ 2.038,7. O salário real médio de admissão do ano ficou em R$ 1.943,8, uma variação de -2,51% em relação à média de 2021, enquanto o de demissão ficou em R$ 2.000,6, ou seja, -3,2% na mesma comparação.