Em dezembro, houve destruição de 430,2 mil postos de trabalho formal, resultado pior do que a mediana das expectativas, cujo consenso era de – 370,0 mil vagas (Broadcast+). O resultado no mês decorreu da combinação entre a admissão de 1,5 milhão e demissão de 1,9 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, após ajustes, o saldo foi negativo em 455,7 mil vagas. Apesar do resultado negativo, analisando os dados dessazonalizados, observa-se que o mercado de trabalho segue aquecido, mesmo diante de um cenário macroeconômico que tem apresentado sinais mais claros de perda de ritmo da economia, em linha com os efeitos esperados da política monetária contracionista. Em 2023, o saldo líquido é de 1,48 milhão de vagas, ante 2,01 milhões no ano anterior.
Em dezembro, todos os setores registraram destruição de vagas, entre eles, Comércio (-7,9 mil vagas), Agropecuária (-53,7 vagas), Construção (-75,6 mil vagas), Indústria (-111,0 mil) e Serviços (-181,9 mil), com destaque para as atividades ligadas à Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (-36,5 mil).
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas avançou 0,1% m/m na passagem de novembro para dezembro, revertendo, ainda que parcialmente, a trajetória de desaceleração que vem sendo observada desde abr/23. Além disso, no acumulado no ano, todos os setores apresentaram saldos positivos, entre eles, Serviços (886,2 mil vagas), Comércio (276,5 mil vagas), Indústria (127,1 mil), Construção (158,9 mil) e Agropecuária (34,8 mil). Nesse sentido, vale destacar a divergência observada entre a desaceleração dos indicadores de atividade setoriais e a criação de empregos, sobretudo do setor de serviços, cujo indicador (PMS) vem apontando desaceleração do setor nas últimas duas leituras.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em dezembro de 2023 houve saldo negativo de 140,3 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 213,3 mil admissões e 353,6 mil desligamentos.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 2,0% a/a, ao marcar R$ 2.026,33 em dezembro, ante R$ 1.986,15 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 2,6% a/a, ficando em R$ 2.169,26, ante R$ 2.114,27 em novembro de 2022.
Apesar da destruição de 430,2 mil vagas, pior do que o esperado pelo mercado, quando analisamos as métricas dessazonalizadas e acumulada em 12 meses, observamos a resiliência do mercado de trabalho mesmo em um ambiente marcado por uma política monetária restritiva. Vale destacar que, este desempenho positivo vem sendo liderado pelo setor de serviços, sugerindo que a atividade econômica deve desacelerar suavemente refletindo os efeitos defasados da política monetária contracionista. Para o próximo ano, avaliamos que a expressiva expansão das políticas de impulso à demanda, aliadas à resiliência do mercado de trabalho devem contribuir para que o consumo seja o principal driver de crescimento do ano, de modo que, a desaceleração projetada para o mercado de trabalho ocorra de maneira lenta, apesar da manutenção da política monetária em território contracionista em 2024. Nesse sentido, projetamos a criação líquida de 1 milhão de vagas de empregos no ano.