Em dezembro, houve destruição líquida de 535,5 mil postos de trabalho formais, vindo significativamente pior do que o consenso de mercado e abaixo do piso das estimativas de mercado (-487,1 mil, Broadcast+). Este é o saldo mais negativo para o mês desde 2020. Com este resultado, no ano, houve criação líquida de 1,69 mi de vagas de trabalho formal, ficando também abaixo do piso das projeções (1,74 mi, Broadcast+), porém acima do saldo criado em 2023 (1,45 mi). Na nossa avaliação, os números de dezembro corroboram a expectativa de desaceleração da economia, ficando em linha com o esgotamento das políticas de impulso à demanda, deterioração da dinâmica inflacionária e retomada do ciclo de aperto monetário. Entretanto, o saldo total em 2024 sugere que o desempenho do mercado de trabalho foi robusto no período.
O resultado no mês foi derivado da combinação entre a admissão de 1,52 mi de admissões e 2,06 mi de demissões de trabalhadores no mês. Em relação ao mesmo período do ano anterior, após ajustes pelas declarações fora do prazo, a diferença entre os saldos foi negativa em 83,5 mil postos de trabalho, de modo que, houve um aumento de 18,5% a/a na destruição líquida de vagas de trabalho formal.
Em linha com a divulgação dos meses imediatamente anteriores, os dados para o último mês de 2024 corroboram o cenário de arrefecimento do mercado de trabalho formal no 4T24. Entretanto, seguimos avaliando que mercado de trabalho segue robusto, com forte expansão do saldo em relação ao ano de 2023. Na nossa avaliação, os dados dos últimos meses vão ao encontro da nossa expectativa de que a gradual desaceleração do mercado de trabalho projetada para os próximos meses deve contribuir para o arrefecimento da atividade econômica, reduzindo a pressão sobre o atual ciclo de aperto monetário implementado pelo BC. Com este resultado, revisamos a nossa projeção para o saldo líquido de postos de trabalho formal a serem criados em 2025 de 1,40 mi para 1,15 mi.
Em dezembro, todos os 5 grupamentos de atividade registraram contrações. Os principais destaques foram: Serviços com um saldo de -257,7 mil, sendo influenciada pelo fechamento de vagas na Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde e serviços sociais (-133,3 mil) e de Informação, comunicação e atividades financeiras (-66,7 mil); a Indústria geral (-116,4 mil), com destaque para a indústria de transformação (-113,0 mil); e a Construção (-89,7 mil), refletindo a sazonalidade negativa do período.
No acumulado em doze meses, o saldo total de vagas, ajustado por declarações fora do prazo, recuou 4,7% m/m na passagem de novembro para dezembro, dando continuidade ao recuo de acumulado de 3,7% nos dois meses imediatamente anteriores. Cabe destacar que, em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve alta de 16,5% a/a, também abaixo dos 22,5% a/a registrados em novembro, sugerindo que o desempenho do mercado de trabalho brasileiro foi bastante robusto em 2024 mesmo quando comparado ao ano de 2023 que foi marcado por um significativo avanço do saldo líquido de postos de trabalho formal.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 1,6% a/a, ao registrar o patamar de R$ 2.162,32 em dezembro, ante R$ 2.128,90 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 0,5% a/a, ficando em R$ 2.289,58, ante R$ 2.279,07 em dezembro de 2023. Cabe destacar que a razão entre o salário de admissão e demissão, métrica utilizada para medir o aperto no mercado de trabalho, avançou 1,0 p.p. em relação à dez/23, se encontrando em um patamar ainda bastante elevado para padrões históricos, corroborando a percepção de robustez do mercado de trabalho, apesar dos primeiros sinais de desaceleração nos últimos meses.





