Em fevereiro, houve criação líquida de 306,1 mil postos de trabalho formais, resultado que superou a projeção mediana de mercado de 232,5 mil vagas (Broadcast+). O resultado do mês decorreu da combinação entre a admissão de 2,2 milhões e a demissão de 1,9 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, após ajustes, o saldo líquido foi positivo em 252,5 mil postos de trabalho, de modo que, houve um crescimento de 21,2% a/a no saldo líquido de vagas abertas. Os números divulgados hoje apontam para saldos líquidos positivos disseminados entre os grupamentos de atividade, reforçando a percepção de robustez da economia neste início de ano e dão continuidade à leitura positiva observada em janeiro, período no qual foram criados 168,5 mil postos de trabalho. Por um lado, a resiliência do mercado de trabalho impõe um viés altista para crescimento da economia; por outro, aumenta a incerteza em torno do ciclo de afrouxamento monetário, que tende a ser encerrado antes do que é precificado pelo mercado.
Em fevereiro, todos os cinco grandes grupamentos de atividades econômicas registraram saldos positivos. Os principais destaque foram: Serviços (193,1 mil), sendo influenciada pela criação de postos de trabalho formal nos subsetores de Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+93,8 mil) e nos serviços de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+50,5 mil); Indústria geral (+54,4 mil), refletindo a criação de 51,9 mil vagas nas Indústrias de transformação
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas avançou 4,1% m/m na passagem de janeiro para fevereiro (+1,6 milhão), dando continuidade à sequência positiva que vem sendo observada desde dez/23. Nesta métrica, todos os setores apresentaram saldos positivos, com destaque para o setor de Serviços (931,8 mil), sendo responsável por cerca de 56,8% do saldo positivo nos últimos 12 meses. Além disso, cabe destacar o bom desempenho do Comércio (+306,0 mil), da Construção (+186,9 mil) e da Indústria de transformação (+150,0 mil) no período.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em fevereiro de 2024 houve saldo positivo de 82,1 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 352,5 mil admissões e 270,4 mil desligamentos.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 1,4% a/a, ao marcar R$ 2.082,79 em fevereiro, ante R$ 2.054,50 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 0,8% a/a, ficando em R$ 2.161,42, ante R$ 2.144,01 em fevereiro de 2023.
Os números apresentados hoje reforçam a percepção de aquecimento do mercado de trabalho neste início de ano após registrar robustos saldos positivos de vagas criadas nesses dois primeiros meses. Nesse sentido, os dados corroboram a avaliação de que a economia se encontra aquecida obtida em janeiro, com dados de atividade econômica apontando para um ponto de largada bastante positivo neste início de ano, sobretudo nos setores de varejo e serviços. Se, por um lado, esses números adicionam um viés positivo para o crescimento e para o desempenho do mercado de trabalho nos próximos meses, por outro, este se mostra um fator de risco bem relevante para a convergência da inflação, sobretudo de serviços, em direção à meta. Nesse contexto, avaliamos que a resiliência da atividade econômica deve atuar como um fator limitador para o atual ciclo de cortes de juros que, na nossa avaliação, deve encerrar em 9,5% a.a. na reunião de setembro. Por fim, destacamos que após o resultado de hoje, revisamos nossas projeções de criação de postos de trabalho formais no ano de 1,1 milhão para 1,3 milhão e impõe viés altista para a nossa projeção de crescimento do PIB do ano, que atualmente se encontra em 1,6%.