Em janeiro, houve criação líquida de 83,3 mil postos de trabalho formal, resultado melhor que o esperado pelo mercado, cujo consenso era de 70 mil vagas (Broadcast+). Houve 1,87 milhão de admissões e 1,79 milhão de demissões de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, o saldo foi positivo em 167,3 mil vagas, sinalizando a continuidade da trajetória de arrefecimento do mercado de trabalho que vem sendo observada nos últimos meses.
Em janeiro, quatro dos cinco grandes grupos de atividade registraram saldos positivos. Em linha com nosso cenário, o mês segue apontando para perda de dinamismo do setor de serviços, que foi o principal motor da criação de postos de trabalho em 2022. Este apresentou significativa desaceleração com a criação de 40,7 mil postos de trabalho em jan/23, ante criação de 102 mil vagas no mesmo mês do ano anterior. Os demais saldos positivos ficaram por conta dos setores: Construção (+39,0 mil); Indústria Geral (+34,0 mil); Agropecuária (+23,1 mil).
O grupo com o pior resultado foi o Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, que apresentou saldo líquido de -53,5 mil vagas, refletindo os efeitos negativos da sazonalidade no período que sucede as festividades de final de ano. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o resultado veio levemente melhor, haja vista o saldo líquido negativo de -60,1 mil em jan/22.
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas contraiu 3,6% m/m na passagem de dez/22 para jan/23, o oitavo mês consecutivo de contração desta métrica, refletindo a desaceleração de cinco dos oito subgrupos pesquisados. O destaque vai para o arrefecimento do setor de serviços que teve queda de 6,1% m/m no saldo de criação líquida de vagas de trabalho ao sair de 1,11 milhão para 1,04 milhão no mês de janeiro. Este resultado reflete o impacto da política monetária contracionista sobre a economia e o estágio avançado do processo de recuperação do setor de serviços, que reduz o volume de contratações do segmento, ficando em linha com o nosso cenário. Acreditamos que os próximos meses serão marcados pela manutenção desta trajetória de desaceleração do saldo total no acumulado em 12 meses, diante da perspectiva de menor crescimento da atividade econômica ao longo de 2023.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em janeiro de 2023 houve saldo positivo de 16,44 mil empregos em trabalho intermitente, resultado de 267.114 admissões e 250.666 desligamentos. Até o mês passado, o governo federal divulgava de maneira mais detalhada algumas dessas modalidades, mas dessa vez foram consolidadas em “regimes não típicos de trabalho”.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variações reais de 4,62% m/m e -0,43% a/a, ao marcar R$ 2.012,78 em janeiro. Já o salário médio de demissão variou -0,64% m/m e 2,89% a/a, ficando em R$ 2.034,98. Em relação à média do ano anterior, o salário real médio de admissão do ano avançou 3,1%, enquanto o de demissão avançou 1,3%.