Em janeiro, houve criação líquida de 180,4 mil postos de trabalho formal, resultado que superou o teto das projeções de mercado de 115,5 mil vagas (Broadcast+). O resultado no mês decorreu da combinação entre a admissão de 2,1 milhões e demissão de 1,9 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, após ajustes, o saldo líquido foi positivo em 90,0 mil postos de trabalho. Dessa forma, os números divulgados hoje pelo Ministério do Trabalho corroboram os dados divulgados da PNAD do IBGE que apontam para um mercado de trabalho aquecido, que vem mostrando uma significativa resiliência mesmo diante dos efeitos defasados da política monetária contracionista. Esse diagnóstico impõe um viés altista para o crescimento do ano que, na nossa avaliação, terá como principal driver o consumo das famílias.
Em janeiro, os principais destaques positivos ficaram por conta do setor de Serviços (+80,6 mil), sendo influenciado pela criação de postos de trabalho formal nos subsetores de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+47,4 mil) e Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+27,5 mil); Indústria geral (+67,0 mil), em função da criação de 65,8 mil postos de trabalho na Indústria de transformação; e na Construção (+49,1 mil). A contribuição negativa ficou por conta do setor de Comércio, com destruição de 38,2 mil postos de trabalho no mês.
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas avançou 6,6% m/m na passagem de dezembro para janeiro, dando continuidade à reversão da trajetória de queda que vinha sendo observada até nov/23. Nesta métrica, todos os setores apresentam saldos positivos, com destaque para o setor de Serviços (920,9 mil), sendo responsável por cerca de 58,5% do saldo positivo na métrica em 12 meses. Além disso, cabe destacar o bom desempenho do Comércio (+285,0 mil), da Construção (+174,1 mil) e da Indústria geral (+160,2 mil) no período.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em janeiro de 2024 houve saldo positivo de 37,0 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 301,5 mil admissões e 264,5 mil desligamentos.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 0,8% a/a, ao marcar R$ 2.118,32 em janeiro, ante R$ 2.101,16 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 0,9% a/a, ficando em R$ 2.142,59, ante R$ 2.124,34 em janeiro de 2023.
Os números dessazonalidos do Caged, reforçam a percepção de resiliência do mercado de trabalho, saindo de 159,0 mil para 161,1 mil na passagem de dezembro para janeiro, o segundo mês consecutivo de aceleração do saldo de trabalho formal. Nesse sentido, os dados do mercado de trabalho corroboram os de atividade econômica em janeiro, apontando para um ponto de largada bastante robusto neste início de 2024. Se, por um lado, esses números adicionam um viés positivo para o crescimento e para o desempenho do mercado de trabalho nos próximos meses, por outro, este se mostra um fator de risco bem relevante para a convergência da inflação, sobretudo de serviços, em direção à meta. Nesse contexto, avaliamos que a resiliência da atividade econômica deve atuar como um fator limitador para o atual ciclo de cortes de juros que, na nossa avaliação, deve encerrar em 9,5% a.a. na reunião de julho. Por fim, destacamos que após o resultado de hoje, revisamos nossas projeções de criação de postos de trabalho formais no ano de 1,0 milhão para 1,1 milhão e para PIB do primeiro trimestre de 0,2% t/t para 0,4% t/t, de modo que, o PIB deve apresentar expansão de 1,6% em 2024.