Em janeiro, houve criação líquida de 137,3 mil postos de trabalho formais, vindo significativamente melhor do que o consenso de mercado (50,5 mil, Broadcast+) e do que a nossa projeção (25,1 mil) para o primeiro mês do ano. Apesar do resultado ter sido o mais fraco quando comparado ao mesmo período de 2024, cabe destacar que o número superou o saldo observado em 2023, ano marcado por uma robustez do mercado de trabalho. Na nossa avaliação, apesar dos números do final do ano passado apontarem para a desaceleração da economia, os dados de janeiro corroboram a nossa avaliação de que este processo, que deve se estender ao longo de 2025, será gradual contribuindo para um desempenho moderado da economia mesmo diante do significativo nível de contração da política monetária.
O resultado no mês foi derivado da combinação entre a admissão de 2,27 mi de admissões e de 2,13 mi de desligamentos de trabalhadores no mês. Em relação ao mesmo período do ano anterior, após ajustes feitos por conta das declarações fora do prazo, a diferença entre os saldos foi -35,9 mil postos de trabalho, de modo que, houve um recuo de 20,7% a/a na criação líquida de vagas de trabalho formal. Embora tenhamos observado uma queda no saldo líquido de vagas na comparação interanual, cabe destacar que houve expansão de 7,6% a/a e de 10,1% a/a no número de admissões e demissões, respectivamente, sugerindo que o mercado de trabalho segue aquecido, principalmente em um contexto marcado por um elevado nível de pedidos de demissão voluntárias.
Na nossa avaliação, o resultado de janeiro vai ao encontro da nossa expectativa de que a economia passará por um processo de desaceleração bastante gradual que deve fazer com que a atividade econômica ainda se mantenha robusta apesar do nível de contração da política monetária. Este fato é corroborado pelo dado ajustado sazonalmente que saiu de 30,2 mil em dez/24 para 147,9 mil em jan/25, o maior saldo líquido mensal desde mar/24 (236,7 mil). Se, por um lado, o desempenho mais robusto do mercado de trabalho contribui para a atividade econômica e para a dinâmica das contas públicas através de uma perspectiva mais positiva para a arrecadação, por outro, se mostra um importante fator de risco inflacionário para o BC, demandando maior cautela na condução do atual ciclo de política monetária. Por fim, com o resultado para o mês de janeiro, revisamos a nossa projeção para o saldo líquido de postos de trabalho formal a serem criados em 2025 de 1,15 mi para 1,25 mi.
Em janeiro, 4 dos 5 grupamentos de atividade registraram saldos líquidos positivos. Os principais destaque foram: Indústria (70,4 mil), com destaque para a indústria de transformação (68,4 mil); serviços (45,2 mil), refletindo crescimentos disseminados nas atividades que compõem o grupo que mais do que compensaram a destruição líquida de 10,3 mil postos de trabalho em alojamento e alimentação; construção (38,4 mil); e agropecuária (35,8 mil). Em contrapartida, o setor varejista registrou uma destruição líquida de -52,4 mil de vagas de trabalho, em linha com a sazonalidade negativa do período.
No acumulado em doze meses, o saldo total de vagas, ajustado por declarações fora do prazo, recuou 2,1% m/m na passagem de dezembro para janeiro, dando continuidade a sequência de 3 recuos nesta métrica observados nos meses imediatamente anteriores. Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve alta de 7,2% a/a, ficando abaixo dos 15,7% a/a registrados em dezembro.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 2,0% a/a, ao registrar o patamar de R$ 2.251,33 em janeiro, ante R$ 2.206,74 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 1,5% a/a, ficando em R$ 2.265,01, ante R$ 2.232,02 em janeiro de 2024. Cabe destacar que a razão entre o salário de admissão e demissão, métrica utilizada para medir o aperto no mercado de trabalho, avançou 0,5 p.p. em relação à jan/24, se encontrando no patamar mais elevado desde jan/22, corroborando a nossa percepção de que apesar da política monetária contracionista o mercado de trabalho segue robusto.





