Em julho, houve criação líquida de 142,7 mil postos de trabalho formal, resultado melhor do que o esperado pelo mercado, cujo consenso era de criação de 137,7 mil vagas (Broadcast+). O resultado no mês decorreu da combinação entre a admissão de 1,88 milhão e demissão de 1,74 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, o saldo foi positivo em 225,1 mil vagas, redução de 36,6% do saldo líquido de vagas. O resultado de julho reforça a visão de que o mercado de trabalho segue resiliente, mesmo diante de um cenário econômico marcado por uma política monetária significativamente contracionista, com destaque para o setor de serviços que vem liderando esse processo. No ano, o saldo líquido de emprego formal é positivo em 1,2 milhão de vagas, ante 1,6 milhão no mesmo período do ano anterior.
Em julho, todos os grandes grupos de atividade registraram saldos positivos. Vale destacar que o bom desempenho segue sendo liderado pelo setor de Serviços (56,3 mil), com destaque para as atividades ligadas à Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (27,2 mil). Além disso, o bom desempenho no mês também foi reflexo dos resultados observados na Construção, que adicionou 25,4 mil vagas, e Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, que contribuíram com 26,7 mil postos de trabalho no mês. Vale destacar que estes setores devem se beneficiar nas próximas leituras diante da melhora das expectativas dos empresários em função do início do ciclo de corte de juros e a retomada de obras públicas nos próximos meses.
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas recuou 4,6% na passagem de junho para julho (queda de 76,2 mil postos de trabalho), dando continuidade à trajetória de desaceleração que vem sendo observada desde abr/23. Os principais destaques vão para a Indústria, que recuou 17,2% (-29,2 mil) em relação o mês imediatamente anterior, diante do recuo de 19,8% do saldo em 12 meses da indústria de transformação. Além disso, vale destacar também o desempenho do setor de Serviços (-2,7% e -25,6 mil), que vem desacelerando nesta métrica desde jun/22, diante do esgotamento do processo de recuperação do setor no período pós pandemia.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em julho de 2023 houve saldo positivo de 12,1 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 252,7 mil admissões e 240,6 mil desligamentos.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variações reais de 1,0% m/m e 1,9 % a/a, ao marcar R$ 2.032,56 em julho, ante R$ 2.013,23 em junho. Já o salário médio de demissão variou -1,3% m/m e 2,8% a/a, ficando em R$ 2.116,37, ante R$ 2.143,43 no mês imediatamente anterior.
A redução do ritmo da criação de vagas, que passou de 1,6 milhão, entre janeiro e julho de 2022, para 1,2 milhão para o mesmo período em 2023 e a desaceleração da métrica do saldo de vagas criadas em 12 meses corroboram com a nossa visão de desaceleração do mercado de trabalho, em linha com o atual ciclo de política monetária. Entretanto, ressaltamos que o ritmo de arrefecimento do mercado de trabalho vem sendo mais lento do que o antecipado, com os primeiros meses do ano sendo marcados por surpresas significativamente positivas no que diz respeito ao saldo de emprego formal realizado, sobretudo em fevereiro e março. Embora o bom desempenho do mercado de trabalho no ano tenha como destaque a performance do setor de Serviços, sinais de arrefecimento do setor já podem ser observados nos dados, refletindo o esgotamento do processo de recuperação do setor, que já se encontra no patamar próximo ao recorde da série histórica (PMS) e os efeitos contracionistas do atual ciclo de política monetária. Para o ano, projetamos a criação líquida de 1,3 milhão de postos de trabalho, desacelerando em relação aos 2,0 milhões gerados em 2022.
