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Publicado em 27 de Julho às 18:42:23

CAGED (jun/23): Criação de 157,2 mil vagas frustra expectativas do mercado

Em junho, houve criação líquida de 157,2 mil postos de trabalho formal, resultado pior que o esperado pelo mercado, cujo consenso era de 162,0 mil vagas (Broadcast+). O resultado de junho decorreu da admissão de 1,9 milhão e 1,8 milhão de demissões de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, o saldo foi positivo em 285,0 mil vagas. Embora o relatório de emprego formal tenha desapontado com um saldo menor do que o esperado pelo mercado, o atual ritmo de expansão de postos de trabalho formal reforça a avaliação de que o mercado de trabalho segue resiliente mesmo diante de um cenário macroeconômico mais adverso. No ano, o saldo líquido de emprego formal é positivo em 1,0 milhão postos de trabalho, ante 1,4 milhão no mesmo período do ano anterior.

Em junho, todos os grandes grupos de atividade registraram saldos positivos. Nesse sentido, o bom desempenho segue sendo liderado pelo setor de Serviços (76,4 mil), com destaque para as atividades ligadas à Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (40,0 mil) e à alojamento e alimentação (13,0 mil). Além disso, a Construção adicionou 20,9 mil vagas no mês, setor que deve se beneficiar nas próximas leituras diante da retomada de obras públicas nos próximos meses.

No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas recuou 6,8% na passagem de maio para junho, acelerando a trajetória de queda interrompida em março. Os destaques dessa desaceleração vão para os setores de Serviços, que registrou queda de 5 % nesta métrica ao sair de 980,5 mil para 932,4 mil; a Agricultura, com queda de 10% ao sair de 75,5 mil para 65,5 mil; o comércio com recuo de 8,1% passando de 330,3 mil para 303,7 mil; e a Indústria de Transformação com contração de 4,9% saindo de 190,5 mil para 181,2 mil na passagem de maio para junho.

No que diz respeito à modernização trabalhista, em junho de 2023 houve saldo positivo de 35,9 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 263,0 mil admissões e 227,1 mil desligamentos. Em relação ao salário médio de admissão, houve variações reais de 0,6 % m/m e 1,7 % a/a, ao marcar R$ 2.015,04 em junho. Já o salário médio de demissão variou 3,0 % m/m e 3,9 % a/a, ficando em R$ 2.145,37.

A redução do ritmo da criação de vagas, que passou de 1,4 milhão, entre janeiro e junho de 2022, para 1,0 milhão para o mesmo período em 2023, corrobora a nossa visão de desaceleração do mercado de trabalho, em linha com o atual ciclo de política monetária restritiva. Entretanto, o ritmo de arrefecimento do mercado de trabalho vem sendo mais lento do que o antecipado, ao passo em que os últimos meses foram marcados por significativas surpresas positivas no saldo de emprego formal. Vale ressaltar que a criação de vagas segue sendo liderado pelo setor de serviços, que é o setor mais intensivo em mão de obra ao mesmo tempo em que os preços praticados neste setor apresentam uma maior inércia inflacionária. Avaliamos que diante deste cenário é necessária a manutenção de uma postura firme por parte do BC no que diz respeito à condução da política monetária, com cortes mais moderados do que os precificados pelo mercado nas próximas reuniões.

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