Em junho, houve criação líquida de 201,7 mil postos de trabalho formais, resultado que veio acima das estimativas (165 mil, Broadcast+). O resultado do mês decorreu da combinação entre a admissão de 2,07 milhões e a demissão de 1,87 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, após os ajustes pelas declarações fora do prazo, a diferença entre admissões e demissões foi positiva em 155,7 mil postos de trabalho, de modo que houve uma expansão de aproximadamente 30% a/a no saldo líquido de vagas abertas.
Os números mais recentes apontaram para saldos líquidos positivos disseminados entre os grupamentos de atividade, reforçando a percepção de robustez da economia neste início de ano e dando continuidade a visão de resiliência do mercado de trabalho. Por outro lado, a desaceleração na geração de vagas é crucial para retirar um pouco da pressão altista sobre as métricas da inflação de serviços (subjacentes e intensivos em trabalho) que são determinantes para a condução da política monetária.
Em junho, os principais destaques foram: Serviços (87,7 mil), sendo influenciado pela criação de postos de trabalho formal nos subsetores de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (48,3mil), Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (13,5 mil); Comércio (33,4 mil) e Indústria geral (32,0 mil).
No acumulado em doze meses, o saldo total de vagas avançou 2,6% m/m na passagem de maio para junho (saindo de 1,73 milhão para 1,78), retomando a sequência positiva que foi interrompida na leitura passada. Nesta métrica, todos os setores apresentaram saldos positivos, com destaque para o setor de Serviços (1,0 milhão), sendo responsável por cerca de 56,9% do saldo positivo nos últimos doze meses. Além disso, cabe destacar o bom desempenho do Comércio (328,5 mil), da Indústria Geral (236,1 mil) e da Construção (177,6 mil) no período.
No que diz respeito ao saldo por características individuais, os dados mostraram que os melhores resultados se deram entre os jovens de 18 a 24 anos (118,2 mil), aqueles com ensino médio completo (152,3 mil) e nos empregos de remuneração de até 1,5 salários-mínimos. As demais faixas salariais apresentaram saldos mistos de geração de vagas. Com isso, os dados de maio apontam na direção de um maior equilíbrio entre os diferentes grupos, uma vez que desde o período da pandemia de covid-19, a faixa salarial mais baixa tinha sido a que havia apresentado a menor recuperação da taxa de participação.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 2,07% a/a, ao registrar R$ 2.132,82 em junho ante R$ 2.089,54 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 0,55% a/a, ficando em R$ 2.236,86 ante R$ 2.224,69 em junho de 2023.
Por fim, tal resultado corrobora a percepção de aquecimento do mercado de trabalho após registrar robustos saldos positivos de vagas criadas no primeiro semestre do ano. Nesse sentido, os dados mostram que a economia se encontra aquecida, sobretudo nos setores de varejo e serviços. Se, por um lado, esses números adicionam um viés positivo para o crescimento e para o desempenho do mercado de trabalho nos próximos meses, por outro, mostram um fator de risco relevante para a convergência da inflação em direção à meta. Nesse contexto, avaliamos que a resiliência da atividade econômica deve atuar como um fator limitador a retomada do ciclo de cortes de juros que, na nossa avaliação, deve encerrar em 10,5% a.a. Por fim, projetamos criação de 1,8 milhão de postos de trabalho formais no ano.