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Publicado em 29 de Junho às 14:28:51

CAGED (mai/23): Criação de 155,3 mil novas vagas decepciona o consenso de mercado

Em maio, houve criação líquida de 155,3 mil postos de trabalho formal, resultado pior que o esperado pelo mercado, cujo consenso era de 188,7 mil vagas (Broadcast+). O resultado de maio decorreu da admissão de 2,0 milhões e 1,84 milhão de demissões de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, o saldo foi positivo em 277,7 mil vagas. Embora o relatório de emprego formal tenha desapontado com um saldo menor do que o esperado pelo mercado, o atual ritmo de expansão de postos de trabalho formal reforça a avaliação de que o mercado de trabalho segue resiliente mesmo diante de um cenário macroeconômico mais adverso. No ano, o saldo líquido de emprego formal é positivo em 865,4 mil postos de trabalho, ante 1,2 milhão no mesmo período do ano anterior.

Em maio, todos os grandes grupos de atividade registraram saldos positivos. Nesse sentido, o bom desempenho segue sendo liderado pelo setor de Serviços (83,9 mil), com destaque para as atividades ligadas à Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (37,7 mil) e à Administração pública (26,1 mil). Além disso, a Construção adicionou 28 mil vagas no mês, setor que deve se beneficiar nas próximas leituras diante da retomada de obras públicas nos próximos meses.

No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas recuou 6,4% na passagem de abril para maio, acelerando a trajetória de queda interrompida em março. Os destaques dessa desaceleração vão para os setores de Serviços, que registrou queda de 3,8% nesta métrica ao sair de 977,4 mil para 940,1 mil; o Comércio com recuo de 8,9% passando de 362,5 mil para 330,3 mil; e a Indústria de Transformação com contração de 17,6% saindo de 205,9 mil para 169,5 mil na passagem de abril para maio.

No que diz respeito à modernização trabalhista, em maio de 2023 houve saldo positivo de 41,9 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 278,2 mil admissões e 236,2 mil desligamentos. Em relação ao salário médio de admissão, houve variações reais de -0,9 % m/m e 1,8 % a/a, ao marcar R$ 2.004,57 em maio. Já o salário médio de demissão variou -0,9 % m/m e 2,5 % a/a, ficando em R$ 2.082,98.

A redução do ritmo da criação de vagas, que passou de 1,1 milhão, entre janeiro e maio de 2022, para 865,4 mil para o mesmo período em 2023, corrobora a nossa visão de desaceleração do mercado de trabalho, em linha com o atual ciclo de política monetária restritiva. Entretanto, o ritmo de arrefecimento do mercado de trabalho vem sendo mais lento do que o antecipado, ao passo em que os últimos meses foram marcados por significativas surpresas positivas no saldo de emprego formal. Esta avaliação é reforçada pela Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) que vem exibindo o mesmo diagnóstico, haja vista a sustentação da taxa de desemprego em um patamar ainda baixo para padrões históricos. Vale ressaltar que o bom desempenho segue sendo liderado pelo setor de serviços, que é o setor mais intensivo em mão de obra ao mesmo tempo em que os preços praticados neste setor apresentam uma maior inércia inflacionária. Avaliamos que diante deste cenário é necessária a manutenção de uma postura firme por parte do BC no que diz respeito à condução da política monetária, com cortes mais moderados do que os precificados pelo mercado nas próximas reuniões. Nossa projeção preliminar para o mês de junho é de criação de 134,9 mil postos de trabalho e de 1,2 milhão para o ano de 2023.

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