Em maio, houve criação líquida de 131,8 mil postos de trabalho formais, resultado que veio abaixo do piso das estimativas (164 mil, Broadcast+). O resultado do mês decorreu da combinação entre a admissão de 2,12 milhões e a demissão de 1,98 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, após os ajustes pelas declarações fora do prazo, a diferença entre admissões e demissões foi positiva em 155,7 mil postos de trabalho, de modo que houve uma redução de 15,3% a/a no saldo líquido de vagas abertas.
Os números mais recentes apontaram para saldos líquidos positivos disseminados entre os grupamentos de atividade, reforçando a percepção de robustez da economia neste início de ano e dando continuidade a visão de resiliência do mercado de trabalho. Por outro lado, a desaceleração na geração de vagas é crucial para retirar um pouco da pressão altista sobre as métricas da inflação de serviços (subjacentes e intensivos em trabalho) que são determinantes para a condução da política monetária.
Em maio, os principais destaques foram: Serviços (69,3 mil), sendo influenciado pela criação de postos de trabalho formal nos subsetores de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (30,8 mil), Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (24,2 mil); Construção (18,1 mil) e Indústria geral (18,1 mil).
No acumulado em doze meses, o saldo total de vagas recuou 1,3% m/m na passagem de abril para maio (saindo de 1,75 milhão para 1,73 milhão), interrompendo a sequência positiva que vinha sendo observada desde dezembro. Nesta métrica, todos os setores apresentaram saldos positivos, com destaque para o setor de Serviços (1,0 milhão), sendo responsável por cerca de 57,7% do saldo positivo nos últimos doze meses. Além disso, cabe destacar o bom desempenho do Comércio (315,7 mil), da Indústria Geral (216,2 mil) e da Construção (177,1 mil) no período.
No que diz respeito ao saldo por características individuais, os dados mostraram que os melhores resultados se deram entre os jovens de 18 a 24 anos (98,5 mil), aqueles com ensino médio completo (102 mil) e nos empregos de remuneração de até 1,5 salários-mínimos. Todas as demais faixas salariais apresentaram saldo negativo de geração de vagas. Com isso, os dados de maio apontam na direção de um maior equilíbrio entre os diferentes grupos, uma vez que desde o período da pandemia de covid-19, a faixa salarial mais baixa tinha sido a que havia apresentado a menor recuperação da taxa de participação.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 2,95% a/a, ao registrar R$ 2.132,64 em maio ante R$ 2.071,44 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 2,49% a/a, ficando em R$ 2.205,97 ante R$ 2.152,45 em maio de 2023.
As enchentes no Rio Grande do Sul foram responsáveis por parte da desaceleração no ritmo de geração líquida de vagas de emprego em maio. O estado foi a única unidade da federação com saldo negativo (-22,2 mil). Apesar disso, esse resultado negativo deve ficar restrito ao mês de maio, não afetando as próximas divulgações como tampouco o resultado do ano, para o qual ainda esperamos a criação de 1,8 milhão de postos de trabalho formais. Dessa forma, o mercado de trabalho deve permanecer robusto, ainda que uma desaceleração seja esperada, corroborando a avaliação de que a economia se encontra aquecida. Nesse contexto, avaliamos que a resiliência da atividade econômica, somada com um mercado de trabalho ainda apertado, que não tem perspectiva de dar margem para alívio das principais métricas de inflação, devem atuar como fatores limitantes para a retomada do ciclo de afrouxamento monetário, de modo que a taxa Selic deve encerrar o ano em 10,50% a.a.