Em março, houve criação líquida de 195,2 mil postos de trabalho formal, resultado melhor que o esperado pelo mercado, cujo consenso era de 96,5 mil vagas (Broadcast+). Além disso, o resultado do mês também superou o teto das projeções de mercado que projetava criação de 162,2 mil postos de trabalho. O resultado de março decorreu da admissão de 2,17 milhões e 1,97 milhão de demissões de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, o saldo foi positivo em 98,8 mil vagas, sinalizando a resiliência do mercado de trabalho mesmo diante de um cenário macroeconômico mais adverso. Dessa forma, o saldo líquido de emprego formal no ano é positivo em 526,2 mil postos de trabalho, ante 619,3 mil no mesmo período do ano anterior.
Em março, com exceção do setor da Agropecuária, todos os grandes grupos de atividade registraram saldos positivos. Na ponta positiva, o bom desempenho foi liderado pelo setor de Serviços (+122,3 mil), com destaque para as atividades ligadas à Administração pública (+44,9 mil) e Informação, Comunicação e Administrativas (+35,5 mil); Construção (+33,6 mil); Indústria (+21 mil), com destaque para as Indústrias de Transformação (+17,9 mil); e o Comércio (+18,6 mil). Na ponta negativa, a Agropecuária teve um saldo negativo próximo da estabilidade com o fechamento de -332 postos de trabalho.
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas avançou 3,2% na passagem de fevereiro para março, rompendo com uma sequência de dez meses consecutivos de contração desta métrica, refletindo a alta de sete dos oito subgrupos pesquisados. O destaque vai o Comércio que registrou alta de 5,3% no saldo de criação líquida de vagas de trabalho ao sair de 346 mil para 364,2 mil e para o setor de Construção Civil (4,6%) ao sair de 187,8 mil para 196,4 mil no mesmo período. Este resultado reflete a alta de 1,0% nas admissões no período ter compensado a elevação de 0,8% no número de demitidos, sinalizando que o mercado de trabalho segue aquecido mesmo diante da desaceleração dos principais setores da economia.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em março de 2023 houve saldo positivo de 36,6 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 305,8 mil admissões e 269,2 mil desligamentos. Em relação ao salário médio de admissão, houve variações reais de -1,5% m/m e 0,3% a/a, ao marcar R$ 1.960,72 em março. Já o salário médio de demissão variou -0,6% m/m e 3,6% a/a, ficando em R$ 2.065,12.
Embora o número de criação de vagas tenha superado o teto das projeções para o mês de março, acreditamos que este resultado não ilustra a dinâmica que o mercado de trabalho apresentará nas próximas leituras. Reforça esta nossa avaliação a desaceleração do número de postos criados no acumulado no ano, que passou de 619,3 mil em 2022 para 526,2 mil em 2023 entre os meses de janeiro e março. Além disso, a análise dos dados dessazonalizados nos revela que houve contração de 7,2% m/m no número de admitidos e queda de 14,6% m/m no saldo de desligamentos na passagem de fevereiro para março, sinalizando que o resultado no mês está associado a um menor número de demissões ao invés de uma recuperação no número de contratações, corroborando com nossa tese de desaceleração do mercado de trabalho. Vale ressaltar que o bom desempenho foi liderado pelo setor de serviços, cuja dinâmica de preços apresenta maior inércia inflacionária, reforçando o argumento que defende a manutenção da postura firme por parte do BC no que diz respeito à condução da política monetária. Nossas projeções apontam para a criação de 920 mil postos de trabalho formal em 2023. Para o mês de abril, nossa projeção preliminar é de criação de 86,7 mil postos de trabalho.