Em março, houve criação líquida de 71,6 mil postos de trabalho formais, vindo pior do que o piso das estimativas de mercado de 97,0 mil para o mês e do que o consenso de mercado que tinha como projeção mediana a criação de 200 mil postos de trabalho no período (Broadcast+). De acordo com as nossas estimativas, o saldo com ajuste sazonal foi de 256,8 mil criados no mês de fevereiro para 73,9 mil em março. Apesar da forte desaceleração na comparação mensal, cabe destacar que na média móvel de 3 meses da série com ajuste sazonal, o saldo saiu de 134,1 mil em fevereiro para 169,8 mil em março, ficando acima da média observada para esta métrica em 2024 de 148,4 mil. Dessa forma, mesmo diante da desaceleração na margem — reflexo do efeito calendário do Carnaval, que antecipou para fevereiro grande parte das movimentações habitualmente registradas em março — avaliamos que os dados do Caged continuam indicando resiliência do mercado de trabalho neste início de 2025.
O resultado no mês foi derivado da combinação entre a admissão de 2,23 mi e do desligamento de 2,16 mi de trabalhadores no mês. Em relação ao mesmo período anterior, após ajustes feitos por conta das declarações fora do prazo, a diferença entre saldos foi de 173,8 mil postos de trabalho (-70,8% a/a), refletindo a redução de 2,2% a/a no número de admissões e aumento de 6,0% a/a no número de demissões. No acumulado do primeiro trimestre do ano, houve a criação líquida de 654,5 mil postos de trabalho, desacelerando em relação aos 726,0 mil postos criados no mesmo período do ano anterior, mas mais próximo da média de 672,5 mil vagas registradas entre 2021-24 para o mesmo intervalo, sugerindo que o mercado de trabalho segue resiliente em 2025.
Em resumo, apesar do número de março ter vindo significativamente pior do que o esperado pelo mercado, este ainda segue corroborando a nossa expectativa de que o processo de arrefecimento da economia será bastante gradual ao longo do ano, permitindo que o mercado de trabalho siga bastante robusto, mesmo diante de uma política monetária significativamente contracionista. Ressaltamos que o fato de o Carnaval, celebrado integralmente em março, favoreceu a criação de empregos recorde em fevereiro que acabou resultando em um desempenho mais fraco em março. Dessa forma, como forma de evitar as distorções de calendário, avaliamos que a melhor forma de analisar os dados é agregando esses dois meses. Nesse sentido, chegamos à conclusão de que o mercado de trabalho apresentou um desempenho bastante robusto ao longo dos primeiros meses de 2025, constituindo, por um lado, um suporte ao nível de atividade econômica, mas, por outro, um importante fator de risco inflacionário.
Em março, quatro dos cinco grupamentos de atividade registraram saldos líquidos positivos. Os principais destaques foram: Serviços (52,5 mil), se beneficiando dos saldos positivos nas atividades da administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (32,5 mil), e o Comércio (-10,3 mil).
No acumulado em doze meses, o saldo total de vagas, ajustado por declarações fora do prazo, recuou 9,7% m/m na passagem de fevereiro para março, retornando para o território contracionista após a alta de 7,8% m/m no mês imediatamente anterior. Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve recuo de 1,8% a/a, sendo esta a primeira leitura negativa desde maio de 2024.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 1,3% a/a, ao registrar o patamar de R$ 2.225,17 em mar/25, ante R$ 2.195,92 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 0,1% a/a, ficando em R$ 2.303,48, ante R$ 2.301,63 em março de 2024. Cabe destacar que a razão entre o salário de admissão e demissão, métrica utilizada para medir o aperto no mercado de trabalho, ainda se encontra em um patamar historicamente elevado, corroborando a avaliação de que o mercado de trabalho se encontra aquecido.





