Em novembro, houve geração líquida de 135,5 mil postos de trabalho formal, resultado pior que o esperado pelo mercado, que projetava saldo líquido de 147,8 mil (Bloomberg). Houve admissão de 1,75 milhões e demissão de 1,61 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano passado, o saldo foi positivo em 313,8 mil vagas. Vale destacar que a desaceleração pelo terceiro mês consecutivo do saldo líquido de vagas sinaliza a perda de dinâmica da atividade econômica brasileira frente ao ciclo de política monetária restritiva.
Na variação interanual, o saldo líquido foi menor em 178,3 mil vagas (de 313,8 mil para 135,5 mil), principalmente impactado pelo desempenho mais fraco do setor de serviços (-85 mil), com destaque para os serviços de informação, comunicação e atividades financeiras que tiveram um saldo líquido menor em 48,3 mil postos de trabalho; do comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-35,1 mil); e da construção (-28,1 mil).
Em novembro, o resultado do Caged foi puxado principalmente pelo setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com a criação de 106 mil vagas líquidas, beneficiadas pelas contratações de final de ano; e pelo setor de serviços, que teve saldo líquido de 92,2 mil vagas. Embora o setor de serviços tenha apresentado contração no saldo líquido de empregos criados em relação ao mesmo mês do ano anterior, os sucessivos resultados positivos nos últimos meses vêm mostrando o protagonismo do setor na expansão do mercado de trabalho no período pós-pandemia.
Entre os destaques no setor de serviços nesse mês podemos citar: atividades profissionais, administrativas & de informação (52,4 mil); alojamento e alimentação (21,5 mil); e transporte, armazenagem e correio (11 mil). Na ponta negativa podemos destacar o fechamento de 25,7 mil vagas na indústria, com destaque para o saldo líquido negativo em 26,6 mil vagas na indústria de transformação. Ainda na ponta negativa, podemos destacar o saldo líquido negativo da agricultura, pecuária, produção florestal e pesca de 18,2 mil.
No ano, foram geradas 2,466 milhões de vagas, ante 3,070 milhões no mesmo período do ano passado. Nesse ano, o setor de serviços correspondeu por 52,3% de todas as vagas criadas, a indústria de transformação (13,8%), o comércio (15,2%), a construção civil (11,4%) e a agropecuária por (4,1%).
No acumulado em 12 meses, entre os maiores grupos econômicos, é possível perceber uma desaceleração disseminada no saldo acumulado de empregos formais. O setor industrial e o comércio já vêm apresentando perda de dinamismo há alguns meses, diante do contexto macroeconômico mais adverso e da normalização do perfil de consumo no pós-pandemia que beneficia o setor de serviços. Na mesma direção, o setor de serviços segue apresentando perda de dinamismo, com seis recuos consecutivas na criação de vagas de emprego no acumulado em 12 meses, na passagem de outubro para novembro, esta queda foi de 7,1% m/m. Na nossa avaliação, esta desaceleração é natural, afinal o setor já se encontra próximo do nível mais elevado da série histórica e bem acima do patamar observado antes do início da pandemia.
Em relação ao salário de admissão, houve contração real de 1,1% m/m em relação ao mês anterior, porém aumento de 1,9% a/a na variação interanual. Já os salários de demissão variaram 1,0% m/m e 1,8% a/a. No que tange a modernização trabalhista, vemos leve desaceleração na contratação por essas modalidades no acumulado em 12 meses. No trabalho intermitente houve saldo de 84,1 mil e no trabalho parcial de 33,3 mil, porém o número de desligamentos por acordo entre empregador e empregado se estabilizou próximo do patamar mais elevado da série histórica (224,2 em ago/22) em 222,6.