Em novembro, houve criação líquida de 130,1 mil postos de trabalho formal, resultado pior do que a mediana das expectativas, cujo consenso era de criação de 150,0 mil vagas (Broadcast+). O resultado no mês decorreu da combinação entre a admissão de 1,9 milhão e demissão de 1,7 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, após ajustes, o saldo foi positivo em 127,8 mil vagas, expansão de 17,7% a/a do saldo líquido de vagas. O resultado do mês reforça a visão de que o mercado de trabalho segue aquecido, mesmo diante de um cenário macroeconômico que tem apresentado sinais mais claros de perda de ritmo da economia, em linha com os efeitos esperados da política monetária contracionista. No ano, o saldo líquido é de 1,91 milhão de vagas, ante 2,47 milhões no mesmo período do ano anterior.
Em novembro, apenas os setores de Serviços (92,6 mil), com destaque para as atividades ligadas à Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (62,5 mil), e de comércio (88,7 mil) apresentaram criação de vagas. Por outro lado, Industria (-12,9 mil), Construção (-17,3 mil) e Agropecuária (-21,0 mil) registraram fechamento de postos de trabalho.
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas recuou 0,4% m/m na passagem de outubro para novembro (diminuição de 5,4 mil postos de trabalho), retomando a trajetória de desaceleração que vem sendo observada desde abril de 2023, em linha com a desaceleração dos indicadores de atividade setoriais nos últimos meses.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em novembro de 2023 houve saldo positivo de 35,1 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 272,1 mil admissões e 237,1 mil desligamentos.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 1,4% a/a, ao marcar R$ 2.021,73 em novembro, ante R$ 1.993,75 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 2,2% a/a, ficando em R$ 2.132,88, ante R$ 2.086,43 em novembro de 2022.
Apesar da redução do ritmo de criação de vagas, que passou de 2,47 milhões entre janeiro e novembro de 2022, para 1,90 milhão para o mesmo período em 2023, o mercado de trabalho segue resiliente mesmo em um ambiente marcado por uma política monetária restritiva. Vale destacar que, parte do bom desempenho no saldo de emprego formal realizado até agora está relacionado com o setor de serviços, sugerindo um aumento na defasagem entre a desaceleração dos setores da economia e o desempenho do mercado de trabalho brasileiro. Entretanto, seguimos com a avaliação de que o mercado de trabalho deve perder dinamismo nas próximas leituras, ficando mais em linha com o atual ciclo de política monetária restritiva. Assim, projetamos 1,5 milhão de saldo de emprego formal para 2023.