Em novembro, houve a criação líquida de 106,6 mil postos de trabalho formais, vindo pior do que o consenso de mercado que tinha como projeção mediana a abertura de 125 mil e do que a nossa projeção de 120 mil postos de trabalho abertos no mês. O resultado no mês foi reflexo da combinação entre a admissão de 1,98 mi e demissão de 1,87 mi de trabalhadores no mês. No mesmo período do ano anterior, após ajustes pelas declarações fora do prazo, a diferença entre admissões e demissões foi positiva em 121,4 mil postos de trabalho, de modo que, houve um recuo de 12,1% a/a no saldo líquido de vagas abertas.
Em linha com a divulgação do mês de outubro, os dados de novembro corroboram o cenário de arrefecimento, ainda que gradual, no ritmo de abertura de postos de trabalho formal no último trimestre de 2024. Entretanto, avaliamos que os dados divulgados não alteram a percepção de resiliência do mercado de trabalho, visto que ganhos ainda disseminados podem ser observados nos dados do varejo e de serviços, mas indicam que os próximos meses não devem repetir a dinâmica observada até o terceiro trimestre de forte expansão do emprego formal. Nesse contexto, interpretamos que os dados das últimas duas divulgações vão de encontro com a nossa percepção de que o mercado de trabalho passará por um ajuste gradual nos próximos meses, ficando em linha com o processo de retomada do aperto monetário pelo BC que deverá fazer com que a atividade arrefeça nos próximos trimestres.
Dessa forma, esperamos que a manutenção de um ritmo de certa forma robusto de abertura de postos de trabalho e a manutenção da ocupação em um nível bastante elevado seguirão impondo um risco altista para a inflação nos próximos meses, de modo que, o mercado de trabalho será acompanhado de perto pelo BC para determinar a condução da política monetária nas próximas reuniões.
Em novembro, os principais destaques foram: Serviços (67,7 mil), sendo influenciado pela criação de postos de trabalho formal nos subsetores de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (40,1 mil), e Alojamento e alimentação (17,4 mil); e Comércio (94,6 mil). Os destaques negativos ficaram por conta da Construção (-30,1 mil); e Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-18,9 mil), refletindo a sazonalidade negativa do período.
▪ No acumulado em doze meses, o saldo total de vagas, ajustado por declarações fora do prazo, recuou 0,8% m/m na passagem de outubro para novembro, dando continuidade ao recuo de 3,0% m/m registrados no mês imediatamente anterior. Cabe destacar que em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve alta de 22,2% a/a, ligeiramente abaixo dos 22,7% a/a registrados em outubro, sugerindo que o mercado de trabalho permanece robusto mesmo quando comparado ao ano passado que foi marcado por um significativo avanço do saldo líquido de postos de trabalho formal.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 1,3% a/a, ao registrar o patamar de R$ 2.152,89 em novembro, ante R$ 2.125,55 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 0,9% a/a, ficando em R$ 2.262,13, ante R$ 2.242,41 em novembro de 2023. Cabe destacar que a razão entre o salário de admissão e demissão, métrica utilizada para medir o aperto no mercado de trabalho, recuou 1,7 p.p. para 95,2%, se encontrando em um patamar ainda bastante elevado para padrões históricos, corroborando a percepção de robustez do mercado de trabalho apesar do saldo líquido ter desapontado no mês.
Em suma, apesar do número aquém da expectativa mediana de mercado, o resultado de novembro não altera a nossa avaliação de que o mercado de trabalho segue aquecido após ter registrado robustos saldos positivos de vagas criadas ao longo dos meses anteriores. Nesse sentido, os dados sugerem que a economia brasileira deve apresentar um gradual processo de arrefecimento nos próximos meses, ficando em linha com o ciclo de retomada do aperto monetário e de uma menor expectativa de impulso fiscal no próximo ano. Se por um lado, essa percepção de resiliência do mercado de trabalho adiciona um viés positivo para o crescimento, por outro, é um fator de risco inflacionário relevante. Dessa forma, avaliamos que os dados divulgados no período entre reuniões, incluindo o saldo do Caged, corroboram com a nossa expectativa de que o saldo de emprego formal do ano seja de 1,8 milhão e de 1,4 milhão para o próximo ano.