Em novembro, o CAGED registrou criação líquida de 85,9 mil vagas formais, resultado vindo melhor do que o esperado pelo consenso de mercado (79,1 mil, Broadcast+), e mais em linha com a nossa expectativa para o mês de um saldo positivo de 82,7 mil. O desempenho representa uma desaceleração tanto em relação ao mês anterior – cujo saldo, após revisões, foi de 93,7 mil – quanto ao observado no mesmo período de 2024 (106,1 mil). Na série dessazonalizada, o saldo líquido apresentou um leve aumento na margem saindo de 100,1 mil vagas em outubro para 109,7 mil em novembro, corroborando a nossa expectativa de resiliência do mercado de trabalho mesmo diante de um cenário macroeconômico mais adverso.
Em novembro, apenas dois dos cinco grandes grupamentos de atividade registraram criação líquida de vagas. Os destaques positivos ficaram por conta do comércio, responsável por um saldo positivo de 78,2 mil vagas, e dos serviços, com criação de 75,1 mil, com destaque para o subsetor de informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativos, que sozinho respondeu por 45,7 mil vagas no período. No campo negativo, o maior recuo ocorreu na indústria geral, com fechamento de 27,1 mil vagas, seguido pela agropecuária (-16,6 mil) e pela construção (-23,8 mil).
O resultado do mês foi derivado da combinação entre a admissão de 1,98 milhão e do desligamento de 1,89 milhão de trabalhadores em novembro. Dessa forma, na série com ajustes, houve criação líquida de 1,318 milhão de postos de trabalho no acumulado do ano, desacelerando em relação ao 1,686 mi de vagas criadas no mesmo período do ano anterior, ficando próximo do patamar observado em 2023 de 1,379 milhão, corroborando a tese de que apesar do arrefecimento, o mercado de trabalho segue resiliente.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 3,0% a/a, ao registrar o patamar de R$ 2.310,79 em nov/25, ante R$ 2.242,83 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 2,5% a/a, ficando em R$ 2.416,37, ante R$ 2.356,64 no mesmo período de 2024. A razão entre salário de demissão e de admissão — indicador amplamente utilizado para aferir o grau de aperto do mercado de trabalho — recuou 0,9 p.p. entre outubro e novembro, para 95,6%, revertendo a alta observada no mês anterior, porém permanecendo em um patamar historicamente elevado, sugerindo aperto no mercado de trabalho. A média móvel trimestral desse indicador segue oscilando próximo ao patamar de 96,0% desde jun/25, reforçando a leitura de que o mercado de trabalho segue resiliente, apesar do ambiente macroeconômico mais restritivo.
Além do saldo líquido de vagas em novembro ter surpreendido o mercado, uma analisa mais granular segue corroborando a avaliação de que o mercado de trabalho permanece aquecido e deve manter a sua resiliência ao longo dos próximos meses, mesmo em um ambiente macroeconômico mais desafiador. A taxa de pedidos de desligamento voluntário ficou em 35,8% na sua média móvel de três meses encerrados em novembro, encerrando uma sequência de 3 leituras consecutivas de relativa estabilidade próximo do patamar de 36,7%, contudo permanecendo em um patamar historicamente elevado – sinal típico de um mercado de trabalho apertado. Na mesma direção, a criação média dessazonalizada de vagas em 2025 alcançou 119,9 mil, abaixo dos 153,3 mil observados em 2024, mas muito próxima dos 125,4 mil de 2023, ano marcado por forte dinamismo do mercado de trabalho. Dessa forma, os dados do CAGED seguem consistentes com as leituras recentes da PNAD, sugerindo que o mercado de trabalho segue resiliente, sendo um fator que deve contribuir para que o processo de desaceleração da economia brasileira ocorra de forma gradual, sem rupturas mais acentuadas. Mantemos, assim, nossa projeção de saldo líquido de 1,45 milhão de empregos formais em 2025.








