Em outubro, houve criação líquida de 190,4 mil postos de trabalho formal, resultado melhor do que a mediana das expectativas, cujo consenso era de criação de 135,0 mil vagas (Broadcast+). O resultado no mês decorreu da combinação entre a admissão de 1,9 milhão e demissão de 1,7 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, após ajustes, o saldo foi positivo em 160,2 mil vagas, expansão de 18,8% a/a do saldo líquido de vagas. O resultado mês reforça a visão de que o mercado de trabalho segue aquecido, mesmo diante de um cenário macroeconômico que tem apresentado sinais mais claros de perda de ritmo da economia, em linha com os efeitos esperados da política monetária contracionista. No ano, o saldo líquido é de 1,78 milhão de vagas, ante 2,34 milhões no mesmo período do ano anterior.
Em outubro, exceto o setor de agropecuária, que registrou fechamento de 1,6 mil vagas, todos os demais grandes grupos de atividade registraram saldos positivos. Vale destacar que o bom desempenho continua sendo liderado pelo setor de Serviços (109,9 mil), com destaque para as atividades ligadas à Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (65,1 mil). Além disso, o bom desempenho no mês também pode ser atribuído ao setor varejista, que foi responsável por adicionar 49,6 mil vagas e a indústria, que contribuiu com 20,9 mil postos de trabalho no mês.
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas avançou 2,1% m/m na passagem de setembro para outubro (aumento de 30,9 mil postos de trabalho), revertendo, ainda que parcialmente, a trajetória de desaceleração que vem sendo observada desde abr/23. Nesse sentido, vale destacar a divergência observada entre a desaceleração dos indicadores de atividade setoriais e a criação de empregos, sobretudo do setor de serviços, cujo indicador (PMS) vem apontando para a contração do setor nas últimas duas leituras.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em outubro de 2023 houve saldo positivo de 39,8 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 270,5 mil admissões e 230,7 mil desligamentos.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 0,8% a/a, ao marcar R$ 2.029,33 em outubro, ante R$ 2.012,99 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 2,5% a/a, ficando em R$ 2.115,81, ante R$ 2.063,46 em outubro de 2022.
Apesar da redução do ritmo de criação de vagas, que passou de 2,34 milhões entre janeiro e outubro de 2022, para 1,78 milhão para o mesmo período em 2023, o mercado de trabalho segue resiliente mesmo em um ambiente marcado por uma política monetária restritiva. Vale destacar que, parte do bom desempenho no saldo de emprego formal realizado até agora está relacionado com o setor de serviços, sugerindo um aumento na defasagem entre a desaceleração dos setores da economia e o desempenho do mercado de trabalho brasileiro. Entretanto, seguimos com a avaliação de que o mercado de trabalho deve perder dinamismo nas próximas leituras, ficando mais em linha com o atual ciclo de política monetária restritiva. Com este resultado, revisamos nossa projeção do saldo de emprego formal de 2023 de 1,4 milhão para 1,5 milhão.