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Publicado em 27 de Novembro às 18:32:24

CAGED (Out/25): Saldo líquido frustra, mas mercado de trabalho segue forte

Em outubro, o CAGED registrou criação líquida de 85,1 mil vagas formais, resultado inferior ao esperado pelo consenso de mercado (120,0 mil, Broadcast+), embora mais próximo de nossa projeção de 97,5 mil. O desempenho representa uma desaceleração relevante tanto em relação ao mês anterior — cujo saldo, após revisões, alcançou 213,0 mil — quanto ao observado no mesmo período de 2024 (131,6 mil). Na série dessazonalizada, apesar da perda de ritmo na margem, o saldo líquido manteve-se relativamente estável, passando de 87,6 mil vagas em setembro para 81,0 mil em outubro, marcando o terceiro mês consecutivo com criação próxima de 80 mil postos.

Em outubro, apenas dois dos cinco grandes grupamentos de atividade registraram criação líquida de vagas. O destaque positivo veio do setor de serviços, responsável por 82,4 mil novos postos, impulsionado sobretudo pelo subsetor de informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, que sozinho respondeu por 35,5 mil vagas. O comércio varejista também apresentou desempenho favorável, com saldo positivo de 25,6 mil empregos. No campo negativo, o maior recuo ocorreu na indústria geral, com fechamento de 10,1 mil vagas, seguido pela agropecuária (-9,9 mil) e pela construção (-2,9 mil).

O resultado do mês foi derivado da combinação entre a admissão de 2,271 milhões e do desligamento de 2,186 milhões de trabalhadores em outubro. Dessa forma, na série com ajustes, houve criação líquida de 1,800 milhão de postos de trabalho no acumulado do ano, desacelerando em relação ao 2,127 mi de vagas criadas no mesmo período do ano anterior, porém segue sendo superior ao saldo registrado em 2023 de 1,785 mi, corroborando a tese de que apesar do arrefecimento, o mercado de trabalho brasileiro segue resiliente.

Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 2,4% a/a, ao registrar o patamar de R$ 2.304,31 em out/25, ante R$ 2.153,18 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 2,8% a/a, ficando em R$ 2.388,69, ante R$ 2.323,46 no mesmo período de 2024. A razão entre salário de demissão e de admissão — indicador amplamente utilizado para aferir o grau de aperto do mercado de trabalho — aumentou 1,1 p.p. entre setembro e outubro, para 96,5%, revertendo a queda observada no mês anterior e permanecendo em nível historicamente elevado. A média móvel trimestral desse indicador permaneceu praticamente estável em 96,1%, patamar observado desde abril, reforçando a leitura de que o mercado de trabalho segue resiliente, apesar do ambiente macroeconômico mais restritivo.

Apesar de o saldo líquido de vagas em outubro ter ficado abaixo do consenso e inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, uma análise mais granular indica que o mercado de trabalho permanece aquecido e deve manter sua resiliência nos próximos meses, mesmo em um ambiente macroeconômico mais desafiador. A taxa de pedidos de desligamento voluntário apresentou média móvel de 36,7% em outubro, mantendo relativa estabilidade nos últimos três meses e permanecendo em patamar historicamente elevado — sinal típico de mercado de trabalho apertado. Na mesma direção, a criação média dessazonalizada de vagas em 2025 alcançou 119,8 mil, abaixo dos 140,4 mil observados em 2024, mas muito próxima dos 126,1 mil de 2023, ano marcado por forte dinamismo do mercado de trabalho. Dessa forma, os dados do CAGED seguem consistentes com as leituras recentes da PNAD, sugerindo que o processo de desaceleração da economia brasileira deve ocorrer de forma gradual, sem rupturas mais acentuadas. Mantemos, assim, nossa projeção de saldo líquido de 1,45 milhão de empregos formais em 2025.

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