Em setembro, houve geração líquida de 278,1 mil postos de trabalho formal, resultado melhor que o esperado pelo mercado, que projetava saldo líquido de 275 mil (Bloomberg). Houve admissão de 1,92 milhões e demissão de 1,64 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano passado, o saldo foi positivo em 317 mil vagas.
Na variação interanual, o saldo líquido foi menor em 38.9 mil vagas (de 317 mil para 278,1 mil), principalmente impactado pelo desempenho mais fraco do setor de serviços (-25 mil), e da indústria de transformação (-18,7 mil).
O resultado de setembro foi puxado novamente pelo setor de serviços, com 122,6 mil vagas líquidas geradas. Historicamente o setor de serviços representa 40% das vagas líquidas criadas na economia, entretanto, no período recente, o patamar é de cerca de 52% do total, mostrando o protagonismo do setor na recuperação do mercado de trabalho no período pós-pandemia.
Entre os destaques no setor de serviços nesse mês podemos citar: atividades profissionais, administrativas & de informação (59,2 mil), administração pública, educação e saúde (21,6 mil), alojamento & alimentação (18,1 mil) e transportes (15,9 mil). Além disso, os demais setores econômicos também apresentam bom desempenho no mês. A indústria apresentou saldo líquido de 56,9 mil, o comércio gerou 58 mil vagas, a construção civil teve saldo líquido de 31,2 mil e a agropecuária de 9,5 mil. Na série com ajuste sazonal, é possível identificar desaceleração em praticamente todos os setores econômicos, com exceção do agropecuário que vem em tendência de crescimento, beneficiado pela expectativa de um bom desempenho do setor em 2023.
No ano, foram geradas 2,147 milhão de vagas, ante 2,541 milhões no mesmo período do ano passado. Nesse ano, o setor de serviços correspondeu por 51,1% de todas as vagas criadas, a indústria de transformação (16,4%), a construção civil (13,5%), o comércio (8%) e a agropecuária por (5,6%).
No acumulado em 12 meses, entre os maiores grupos econômicos, é possível perceber uma desaceleração disseminada no saldo acumulado de empregos formais. O setor industrial e o comércio já vêm apresentando perda de dinamismo há alguns meses, diante do contexto macroeconômico mais adverso e da normalização do perfil de consumo no pós-pandemia que beneficia o setor de serviços. Na mesma direção, o setor de serviços, que é o grande destaque da recuperação do emprego formal nos últimos meses, vem mostrando uma perda de fôlego. Na nossa avaliação, esta desaceleração é natural, afinal o setor já se encontra bem acima do nível observado antes do início da crise sanitária, ficando apenas 0,9% abaixo do nível mais alto da série histórica (nov/2014). Já a construção civil retorna à trajetória ascendente, beneficiada pelo aumento dos investimentos e do efeito positivo da sazonalidade eleitoral sob a atividade do setor.
Em relação ao salário de admissão, houve contração real de -0,64% em relação ao mês anterior, porém aumento de 0,38% na variação interanual. Já os salários de demissão variaram 1,7% m/m e 1,5% a/a. No que tange a modernização trabalhista, vemos estabilização na contratação por essas modalidades no acumulado em 12 meses. No trabalho intermitente houve saldo de 87,4 mil e no trabalho parcial de 36,4 mil, porém o número de desligamentos por acordo entre empregador e empregado se estabilizou próximo do patamar mais elevado da série histórica (224,2 em ago/22) em 223,6.