Em setembro, houve criação líquida de 211,8 mil postos de trabalho formal, resultado melhor do que o esperado pelo mercado, cujo consenso era de criação de 202,1 mil vagas (Broadcast+). O resultado no mês decorreu da combinação entre a admissão de 1,9 milhão e demissão de 1,7 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, o saldo foi positivo em 278,0 mil vagas, redução de 23,8% do saldo líquido de vagas. O resultado de setembro reforça a visão de que o mercado de trabalho segue resiliente com uma leve desaceleração na margem, mesmo diante de um cenário econômico marcado por uma política monetária contracionista, sendo o principal destaque o setor de serviços, que respondeu por cerca de 46,0% do saldo líquido de vagas abertas no mês. No ano, o saldo líquido é de 1,59 milhão de vagas, ante 2,18 milhões no mesmo período do ano anterior.
Em setembro, todos os grandes grupos de atividade registraram saldos positivos. Vale destacar que o bom desempenho segue sendo liderado pelo setor de Serviços (98,2 mil), com destaque para as atividades ligadas à Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (41,7 mil). Além disso, o bom desempenho no mês também foi reflexo dos resultados observados no comércio, que adicionou 43,5 mil vagas, e indústria, que contribuiu com 43,2 mil postos de trabalho no mês.
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas recuou 4,4% na passagem de agosto para setembro (queda de 66,3 mil postos de trabalho), dando continuidade à trajetória de desaceleração que vem sendo observada desde abr/23. Nesta métrica fica clara a trajetória, ainda que lenta, de desaceleração do mercado de trabalho, refletindo os efeitos defasados da política monetária sobre os principais setores da economia. Os destaques vão para os Serviços, o Varejo e a Indústria de Transformação, que na comparação com o mês de agosto, apresentaram recuos de 2,6% (- 22,0 mil), -5,0% (-14,5 mil), 13,2% (-12,2 mil), respectivamente. Todos os principais segmentos vêm apresentando desaceleração nesta métrica, refletindo o esgotamento do processo de recuperação da economia no período pós-pandemia.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em setembro de 2023 houve saldo positivo de 34,9 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 259,34 mil admissões e 224,44 mil desligamentos.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variações reais de -0,40% m/m e 0,69% a/a, ao marcar R$ 2.032,07 em setembro, ante R$ 2.040,14 em agosto. Já o salário médio de demissão variou 0,38% m/m e 1,03% a/a, ficando em R$ 2.132,20, ante R$2.124,23 no mês imediatamente anterior.
Apesar da redução do ritmo de criação de vagas, que passou de 2,2 milhões entre janeiro e setembro de 2022, para 1,6 milhão para o mesmo período em 2023, o mercado de trabalho segue resiliente mesmo em um ambiente marcado por uma política monetária restritiva. Vale destacar que, parte do bom desempenho no saldo de emprego formal realizado até agora está relacionado com o setor de serviços, que na nossa avaliação reflete os efeitos de vetores positivos advindos do reajuste do salário-mínimo, aumento das transferências de renda pelo governo e a moderação do processo inflacionário sobretudo em itens de consumo mais essenciais que impactam positivamente o setor de serviços, que é mais intensivo no uso de mão de obra, contribuindo para a resiliência do mercado de trabalho. Entretanto, vale destacar que na métrica em 12 meses e nos dados dessazonalizados por setor, sinais de desaceleração se mostram mais evidentes, apontando para os efeitos defasados da política monetária sobre a economia, que deve dar continuidade ao processo de arrefecimento do saldo de empregos formais. Por fim, avaliamos que, o resultado no mês de setembro é consistente com a nossa projeção atual de que o saldo de empregos criados em 2023 será de 1,4 milhão.