Em setembro, houve criação líquida de 213,0 mil postos de trabalho formal, vindo significativamente melhor do que o esperado pelo consenso de mercado (169,0 mil, Broadcast+), porém mais próximo da nossa projeção para o mês de saldo líquido de 185,0 mil. O desempenho no mês representa uma melhora em relação ao número, após ajustes, do mês imediatamente anterior (151,0 mil), porém significativamente pior do que o saldo observado no mesmo período do ano passado (239,1 mil). Na série com ajuste sazonal, nossa estimativa aponta para a interrupção da trajetória de arrefecimento que vinha sendo observada no saldo líquido de empregos ao sair de 79,0 mil em agosto para 86,5 mil em setembro, indicando que o processo de desaceleração do mercado de trabalho ocorrerá de maneira gradual.
Em setembro, todos os 5 grupamentos de atividade registram saldos líquidos positivos. Os principais destaques ficaram por conta dos desempenhos dos setores de serviços (+106,6 mil), em função principalmente do saldo positivo de 52,9 mil vagas criadas no subsetor de informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas; na indústria geral (+43,1 mil); e no comércio (+36,3 mil). As demais altas ficaram por conta dos setores da construção (+23,9 mil) e agropecuária (+3,2 mil). Esse padrão também foi observado entre as unidades da federação, visto que todas UFs registraram saldo líquidos no mês, com as maiores gerações ficando por conta dos estados de São Paulo (49,1 mil), Rio de Janeiro (16,0 mil) e Pernambuco (15,6 mil).
O resultado do mês foi derivado da combinação entre a admissão de 2,292 milhões e do desligamento de 2,079 milhões de trabalhadores em setembro. Dessa forma, na série com ajustes, houve criação líquida de 1,717 milhão de postos de trabalho no acumulado do ano, desacelerando em relação ao 1,995 mi de vagas criadas no mesmo período do ano anterior, porém segue sendo superior ao saldo registrado em 2023 de 1,598 mi, corroborando a tese de que apesar do arrefecimento, o mercado de trabalho brasileiro segue resiliente. No acumulado em 12 meses, observa-se o mesmo padrão, com as 1,852 mi de vagas criadas até o período findo em set/24 dando lugar à 1,400 mi no acumulado até set/25.
Em relação ao salário médio de admissão, houve variação real de 0,8% a/a, ao registrar o patamar de R$ 2.286,34 em set/25, ante R$ 2.268,99 no mesmo mês do ano anterior. Já o salário médio de demissão variou 1,8% a/a, ficando em R$ 2.395,70, ante R$ 2.352,23 no mesmo período de 2024. Vale destacar que a razão entre o salário de demissão e admissão, métrica utilizada para medir o aperto no mercado de trabalho, recuou 1,0 p.p. para 95,4%, interrompendo uma sequência de duas altas consecutivas, porém ainda se encontrando em um patamar historicamente elevado e com uma média móvel de três meses praticamente estável em cerca de 96%, corroborando a perspectiva de que o mercado de trabalho segue resiliente, mesmo diante de um cenário macroeconômico mais adverso.
Apesar de o saldo líquido de vagas criadas ter vindo abaixo do número registrado para o mesmo período do ano anterior, uma análise mais detalhada segue reforçando a nossa avaliação de que o mercado de trabalho ainda se encontra aquecido, com sinais de que manterá a resiliência ao longo dos próximos meses, mesmo diante de um cenário macroeconômico mais desafiador. Na série com ajuste sazonal, foram criados 86,5 mil vagas em setembro, de modo que, a média de vagas criadas no ano foi de 123,1 mil – resultado inferior à média mensal de 140,4 mil de 2024, mas muito próximo do número de 2023 (126,1 mil), ano marcado por um forte desempenho do mercado de trabalho. Dessa forma, entendemos que os dados do Caged estão em linha com as leituras mais recentes da PNAD, sugerindo que o processo de desaceleração da economia brasileira deve ocorrer de maneira bastante gradual. Mantemos, assim, nossa projeção de que o saldo líquido de empregos formais em 2025 será de 1,45 milhão.








