Em agosto, o saldo das concessões de crédito avançou 0,9% m/m, de modo que, o volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) totalizou R$ 6,1 trilhões no mês. Este resultado é derivado dos crescimentos de 1,0% m/m no saldo da carteira de crédito direcionado e de 0,7% m/m do saldo de crédito livre. No que diz respeito ao público, houve alta de 1,0% m/m no saldo de crédito destinado às empresas e de 0,7% m/m às famílias.
Em relação às concessões, houve aumento de 1,0% no mês, derivada da combinação entre a expansão de 1,3% m/m nas operações com pessoas jurídicas, enquanto no segmento de pessoas físicas houve recuo de 0,5% m/m. As concessões no crédito livre recuaram 1,7% m/m, refletindo a combinação entre a alta de 0,5% m/m para as pessoas jurídicas, com destaque para a modalidade de adiantamento de contratos de câmbio – ACC (34,3% m/m e +R$ 4,6 bi), e o recuo de 3,6% m/m nas concessões para as famílias, sobretudo na modalidade de cartão de crédito à vista (-4,6% m/m e -R$ 8,9 bi).
Para as pessoas físicas, houve avanço de 0,8% m/m no saldo da carteira de crédito livre, ante aumento de 1,3% m/m no mês imediatamente anterior, com destaque para o financiamento para aquisição de veículos (1,9% m/m), crédito pessoal não consignado (+1,8% m/m) e o crédito consignado para beneficiários do INSS e para trabalhadores do setor público, com avanços respectivos de 1,1% e 0,7%. Na métrica interanual, o saldo de crédito livre para as famílias reverteu a trajetória de aceleração nos meses imediatamente anteriores ao registrar alta de 10,7% a/a em agosto, ante 11,1% a/a observados em julho.
Já no crédito livre para as pessoas jurídicas, houve avanço de 0,6% m/m, ante recuo de 1,2% m/m registrados no mês imediatamente anterior. Os destaques ficaram por conta das expansões em antecipação de fatura de cartões de crédito (2,4% m/m), adiantamento de contratos de câmbio – ACC (2,0% m/m), desconto de duplicatas e outros recebíveis (+1,3% m/m), e capital de giro com prazo inferior a 365 dias (+4,4% m/m). Na métrica interanual, houve expansão de 7,4% a/a, ante alta de 6,7% a/a no mês imediatamente anterior.
O volume de crédito com recursos direcionados alcançou R$ 2,6 trilhões em agosto, elevação de 0,8% m/m no mês e de 9,3% a/a em doze meses. Por segmento, as operações contratadas com as empresas avançaram 0,4% m/m e 11,1% a/a. Por sua vez, o crédito direcionado para as pessoas físicas cresceu 1,1% m/m e 12,4% a/a, com destaque para as operações de financiamentos com taxas reguladas imobiliários e rurais, com expansões respectivas de 1,2% m/m e 2,7% m/m.
A taxa média de juros das operações de crédito recuou 0,1 p.p. na passagem de julho para agosto, atingindo o nível de 27,7% a.a., dando continuidade a uma sequência de quedas observadas nos dois meses imediatamente anteriores. Esse movimento foi determinado pela alta de 0,1 p.p. na taxa média de juros para operações contratadas com pessoas jurídicas (18,5% a.a.), ao passo em que houve queda de 0,2 p.p. na taxa cobrada sobre a carteira das famílias (32,2% a.a.).
No contexto de taxa de juros e inflação elevadas, as taxas de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) seguem se sustentando em um patamar historicamente elevado. No crédito livre, tanto a inadimplência das famílias quanto das pessoas jurídicas ficaram estáveis em relação ao mês anterior, situando-se em 5,5% e 2,9%, respectivamente. Nesse sentido, o endividamento das famílias avançou para 47,9% em julho, registrando alta de 0,2 p.p. em relação ao mês anterior e recuo de 0,2 p.p. em 12 meses. Por sua vez, o comprometimento da renda registrou nova alta de 0,4 p.p., situando-se em 26,6% no mês, acumulando recuo de 0,9 p.p. em 12 meses.
De maneira geral, os dados continuam mostrando uma melhora do endividamento e da inadimplência em janelas maiores de tempo. Além disso, observa-se avanços bastante disseminados no ritmo de expansão da carteira de crédito na métrica em 12 meses, reforçando a percepção de que apesar da retomada do ciclo de aperto monetário, o desempenho do mercado de crédito no ano ainda deve ser bastante robusto. Nesse sentido, avaliamos que o forte desempenho do mercado de trabalho deve contribuir tanto para uma melhora da saúde financeira das famílias quanto para um robusto desempenho das concessões de crédito livre para as pessoas físicas nos próximos meses, dando suporte para que o consumo siga resiliente ao longo de 2024.