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Publicado em 13 de Março às 14:53:58

Crédito (Jan/24): Ciclo de juros é risco para inadimplência nos próximos meses

Em janeiro, o saldo de crédito avançou 11,7% a/a em relação ao mesmo período do ano anterior, de modo que, o volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) totalizou R$ 6,4 tri. Este resultado é derivado das expansões de 12,7% a/a no saldo da carteira de pessoas físicas e 10,2% a/a no das pessoas jurídicas. Em relação às modalidades de crédito, houve alta de 11,5% a/a na carteira de crédito livre e de 12,1% a/a na de crédito direcionado. Em termos reais, a expansão da carteira total foi de 6,8% a/a, acelerando em relação ao mês imediatamente anterior (6,3% a/a), decorrente das acelerações observadas tanto na carteira das pessoas físicas quanto jurídicas no período, beneficiadas por uma inflação mais baixa decorrente do pagamento do bônus de Itaipu no mês de janeiro.

Em relação às concessões, houve expansão de 0,4% m/m, desacelerando em relação à expansão de 0,8% m/m registrada no mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, refletindo a combinação entre o avanço de 0,6% m/m nas concessões da modalidade de crédito livre ter mais do que compensado a queda de 1,7% m/m no crédito direcionado. Em relação às concessões no crédito livre, a expansão no mês foi derivada do desempenho misto entre a alta de 1,6% m/m para pessoas físicas e o recuo de 5,7% m/m para as empresas. Porém, quando analisamos a métrica da média móvel de 3 meses da variação interanual em valores reais, as concessões livres registraram desaceleração pelo quarto mês consecutivo tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, sinalizando uma tendência de arrefecimento para o mercado de crédito.

Para as pessoas físicas, em termos reais, houve avanço de 7,8% a/a no saldo da carteira de crédito livre em relação ao mesmo período do ano anterior, ante alta de 7,4% a/a no mês de dezembro. Por sua vez, as concessões registraram alta de 1,0% a/a na mesma métrica, desacelerando significativamente em relação aos 10,9% a/a observados em dez/24. Os principais destaques negativos no mês ficaram por conta das modalidades de crédito pessoal consignado (-16,0% a/a), refletindo o forte recuo no crédito concedido aos beneficiários do INSS (-19,1% a/a), e do crédito renegociado (-29,1% a/a). Na ponta oposta, os destaques positivos ficaram por conta da expansão do crédito pessoal não consignado (19,9% a/a), cartão de crédito parcelado (5,4% a/a) e do cheque especial (3,9% a/a).

Já no crédito livre para as pessoas jurídicas, houve expansão de 4,9% a/a no saldo em termos reais, ante alta de 4,4% a/a no mês imediatamente anterior. No que diz respeito às concessões, a expansão na mesma métrica foi de 9,5% a/a, também aquém do número de dez/24 de alta de 11,7% a/a. Em relação as concessões, os principais destaques ficaram por conta das altas observadas no arrendamento mercantil de veículos (185,6% a/a), nos descontos de duplicatas (41,7% a/a) e no financiamento de importações (116,0% a/a). Na ponta negativa, os destaques foram os recuos no arrendamento mercantil de outros bens (-55,8% a/a), compror (-35,7% a/a) e na modalidade de cartão de crédito rotativo e parcelado (-34,3% a/a).

A taxa média de juros das operações de crédito avançou 1,2 p.p. na passagem de dezembro para janeiro, atingindo nível de 28,9% a.a., o maior patamar registrado desde out/23. Esse movimento foi determinado pela alta de 2,1 p.p. na taxa média de juros para operações contratadas com pessoas jurídicas (21,5% a.a.) e a alta de 0,7 p.p. na taxa de juro cobrada sobre a carteira das famílias (33,8% a.a.).

No contexto de taxa de juros e inflação ambas em elevação, as taxas de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) seguem se sustentando em um patamar historicamente elevado. No crédito livre, houve avanço de 0,3 p.p. na inadimplência das pessoas jurídicas para 2,8%, enquanto a inadimplência das pessoas físicas se expandiu na mesma magnitude para 5,5%. No que diz respeito ao endividamento das famílias, este ficou estável na passagem de nov/24 para dez/24 em 48,3% Por sua vez, o comprometimento da renda apresentou alta de 0,5 p.p. no mês, alcançando o nível de 26,8% da renda e elevou-se 0,9 p.p. em relação ao mesmo período do ano anterior, interrompendo uma sequência de 15 quedas nesta métrica.

De maneira geral, os números de janeiro seguem corroborando a expectativa de que o mercado de crédito apresente um resultado ainda robusto no ano, contribuindo para uma desaceleração gradual da economia ao longo dos próximos meses. Entretanto, cabe destacar os efeitos já observáveis da retomada do ciclo do aperto monetário sobre os indicadores de crédito, sobretudo na elevação da inadimplência e do comprometimento da renda com o serviço da dívida que podem impactar de maneira mais significativa a economia. Para o curto prazo, avaliamos que a resiliência do mercado de trabalho deve seguir beneficiando as concessões de crédito livre para as pessoas físicas, dando um suporte adicional para que o consumo siga exercendo um papel de destaque no crescimento de 2025.

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