Em julho, o saldo das concessões de crédito avançou 0,2% m/m, de modo que, o volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) totalizou R$ 6,0 trilhões no mês. Este resultado é derivado da combinação entre a alta de 0,6% m/m no saldo da carteira de crédito direcionado e a contração de 0,1% m/m do saldo de crédito livre. No que diz respeito ao público, houve alta de 0,9% m/m no saldo de crédito destinado as famílias, ao passo em que houve recuo da mesma magnitude para as empresas.
Em relação às concessões, houve aumento de 3,4% m/m no crédito livre, com destaque para a alta de 10,3% m/m para as pessoas físicas, sobretudo na modalidade de cartão de crédito (7,4% m/m e +R$ 16,3 bi). Por sua vez, houve expansão de 5,6% m/m no crédito direcionado, derivada da expansão de 18,8% m/m das concessões para as famílias, sobretudo no crédito rural a taxas reguladas (108,4% m/m e +R$ 8,8 bi) na passagem de junho para julho.
Para as pessoas físicas, houve avanço de 1,0% m/m no saldo da carteira de crédito livre, ante aumento de 0,7% m/m no mês imediatamente anterior, com destaque para as operações de cartão de crédito à vista (2,1% m/m), financiamento para a aquisição de veículos (1,1% m/m) e outros créditos livres (7,3% m/m). Na métrica interanual, o saldo de crédito livre para as famílias deu continuidade à trajetória de aceleração observada nos últimos 3 meses, ao sair de um ritmo de crescimento de 10,0% a/a em junho para 10,6% a/a em julho.
Já no crédito livre para as pessoas jurídicas, houve recuo de 1,6% m/m, ante alta de 3,2% m/m no mês imediatamente anterior. Os destaques ficaram por conta da redução das carteiras de desconto de duplicatas e outros recebíveis (-16,1% m/m), após aumento sazonal ocorrido no mês anterior, e de capital de giro com prazo superior a 365 dias (-0,7% m/m). Na métrica interanual, houve expansão de 6,1% a/a, ante alta de 5,9% a/a no mês imediatamente anterior.
O volume de crédito com recursos direcionados alcançou R$ 2,5 trilhões em julho, elevação de 0,6% m/m no mês e de 12,7% a/a. Por segmento, as operações contratadas com as empresas avançaram 0,4% m/m e 11,1% a/a. Por sua vez, o crédito direcionado para as pessoas físicas cresceu 0,7% m/m e 13,5% a/a, com destaque para as operações de financiamento imobiliários com taxas reguladas (1,1% m/m e +R$ 11,3 bi), cuja carteira superou o nível de R$ 1,0 trilhão pela primeira vez na série histórica.
A taxa média de juros das operações de crédito avançou 0,1 p.p. na passagem de junho para julho, atingindo o nível de 27,7% a.a., interrompendo uma sequência de 3 quedas consecutivas das taxas nos meses imediatamente anteriores. Esse movimento foi determinado pela alta de 0,4 p.p. nas taxas médias de juros para operações contratadas com pessoas jurídicas (19,0% a.a.), ao passo em que houve queda de 0,1 p.p. nas taxas cobradas sobre a carteira das famílias (31,9% a.a.).
No contexto de taxa de juros e inflação elevadas, as taxas de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) seguem se sustentando em um patamar historicamente elevado. No crédito livre, a inadimplência das famílias manteve-se em 5,50 enquanto para pessoas jurídicas a inadimplência apresentou recuo de 0,2 p.p. para 2,9%. Nesse sentido, o endividamento das famílias recuou para 47,6% em junho, com estabilidade em relação à leitura do mês anterior e queda de 0,9 p.p. em 12 meses, mantendo o nível de set/21. Por sua vez, o comprometimento da renda voltou a subir após dois meses consecutivos de retração, situando-se em 26,0% (+0,2 p.p.) no mês, de modo que, registra queda de 1,8 p.p. em 12 meses.
De maneira geral, os dados continuam mostrando uma melhora do endividamento e da inadimplência em janelas maiores de tempo. Além disso, observa-se avanços bastante disseminados no ritmo de expansão de crédito na métrica em 12 meses, reforçando a percepção de que apesar da interrupção do ciclo de afrouxamento monetário o desempenho do mercado de crédito ainda se mostra bastante robusto. Nesse sentido, avaliamos que a combinação entre a melhora na saúde financeira das famílias e a resiliência do mercado de trabalho devem contribuir para que as concessões de crédito livre para as pessoas físicas apresentem um robusto desempenho em 2024. Isso, em conjunto com a expectativa da queda do comprometimento da renda com o pagamento da dívida, deve contribuir para que o consumo das famílias seja um vetor de crescimento importante ao longo deste ano.