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Publicado em 28 de Julho às 14:32:15

Crédito (Jun/25): Concessões desaceleram frente a cenário econômico mais adverso

Em junho, o saldo de crédito avançou 10,7% a/a, desacelerando em relação ao ritmo observado em maio (11,8% a/a), de modo que, o volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) totalizou R$ 6,7 trilhões. Esse resultado é derivado das expansões de 11,9% a/a no saldo da carteira de pessoas físicas e de 8,8% a/a no saldo das pessoas jurídicas. Em relação às modalidades de crédito, houve alta de 9,7% a/a na carteira de crédito livre e de 12,0% a/a na carteira de crédito direcionado.

Em relação às concessões, na série com ajuste sazonal, houve contração de 3,1% m/m na passagem de maio para junho, dando continuidade à queda de 2,3% m/m observada no mês imediatamente anterior. Com este resultado, a média móvel trimestral saiu de 0,8% em maio para -0,5% em junho, sugerindo uma tendência de perda de dinamismo nas concessões, em linha com o cenário macroeconômico mais adverso e aumento da incerteza. Cabe destacar que o desempenho no mês foi derivado da combinação entre os recuos de 3,2% m/m nas concessões de crédito livre e de -1,5% m/m no crédito direcionado, ambas dando continuidade aos recuos de -0,6% m/m e -7,4% m/m, respectivamente, observados no mês imediatamente anterior.

Para as pessoas físicas, as concessões livres, em termos reais, registraram expansão de 5,8% a/a, acelerando em relação aos 1,2% a/a registrados no mês imediatamente anterior. Apesar da aceleração, a média móvel de 3 meses saiu de um ritmo de crescimento de 4,3% para 3,8%, desacelerando pelo quinto mês consecutivo, sugerindo uma perda de dinamismo das concessões frente ao ciclo de aperto monetário. Em termos reais, os principais destaques ficaram por conta dos desempenhos observados nas concessões de crédito consignado aos trabalhadores do setor privado (57,8% a/a), em linha com a entrada em vigor da MP 1292/25 do consignado privado para celetistas; crédito pessoal não consignado (17,4% a/a); cartão de crédito à vista (8,1% a/a); e cheque especial (11,6% a/a). Na ponta negativa, as principais baixas foram observadas nas concessões de crédito consignado para beneficiários do INSS (-63,6% a/a); crédito consignado para servidores públicos (-8,0% a/a); e crédito renegociado (-9,3% a/a).

Já no crédito livre para as pessoas jurídicas, as concessões, registraram recuo de 2,4% a/a, após avançarem 13,7% a/a em maio, de modo que, a sua média móvel trimestral saiu de um crescimento de 7,9% para 6,6%, sugerindo continuidade do processo de arrefecimento das concessões de crédito livre para as empresas. Os principais destaques positivos ficaram por conta das altas observadas nas concessões de outras modalidades de crédito livre (148,9% a/a); cartão de crédito total (26,5% a/a); de capital de giro (25,8% a/a); de conta garantida (13,7% a/a); no cheque especial (10,7% a/a); e vendor (72,7% a/a). Em contrapartida, os principais recuos foram nas concessões de crédito compror (-27,1% a/a); desconto de duplicatas (-27,0% a/a); financiamento de exportações (-15,8% a/a); e aquisição de veículos (-7,2% a/a).

A taxa média de juros das operações de crédito recuou 0,1 p.p. na passagem de maio para junho, atingindo o nível de 31,5% a.a., retornando para o mesmo nível observado em abril, após atingir o patamar mais elevado desde mai/23 no mês imediatamente anterior. Esse movimento foi derivado da queda de 0,1 p.p. na taxa média de juros para operações contratadas com pessoas jurídicas (21,2% a.a.) e a estabilidade na taxa de juro cobrada sobre a carteira das famílias (36,3% a.a.).

No contexto de taxa de juros e inflação ambas em elevação, as taxas de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) seguem se sustentando em um patamar historicamente elevado. No crédito livre, a elevação vista no segmento das pessoas físicas (+0,2 p.p., para 6,3%) contrastou a estabilidade observada na inadimplência das pessoas jurídicas (3,1%). No que diz respeito ao endividamento das famílias, esta registrou alta de 0,1 p.p. na margem e de 1,4 p.p. em 12 meses para 49,0%. Na mesma direção, o comprometimento da renda avançou 0,4 p.p. e 1,9 p.p. em 12 meses, alcançando o nível de 27,8%, o maior nível desde mai/23.

De maneira geral, os números de junho seguem apontando para os efeitos da deterioração do cenário macroeconômico sobre o mercado de crédito, que deve contribuir para que a economia brasileira passe por um processo gradual de arrefecimento ao longo do ano. Diversas métricas sugerem que o atual ciclo de política monetária, alterações nas regras tributárias (IOF) e a piora das perspectivas futuras para a economia, capturadas pelas sondagens de diversos setores, pesam sobre as novas concessões de crédito. Por outro lado, a resiliência acima do esperado do mercado de trabalho, marcado por uma população ocupada de carteira assinada em patamar recorde, aumenta o número de trabalhadores elegíveis para o novo programa de governo de crédito para celetistas, somado as políticas de estímulo ao crédito que devem ser anunciadas nos próximos meses podem contribuir para que a desaceleração esperada para o mercado de crédito esse ano seja mais lenta.

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