O Banco Central (BCB) elevou, de forma unânime, a Selic em 1,0 p.p. Dessa forma, a Selic atingiu 11,75% a.a. Além disso, o comitê antevê outro ajuste de mesma magnitude na próxima reunião (3 e 4 de maio).
No cenário doméstico, o comunicado destacou que a atividade econômica surpreendeu positivamente no último trimestre de 2021, com o resultado positivo para o PIB. Por outro lado, a inflação ao consumidor permanece surpreendendo negativamente, tanto nos itens mais voláteis quanto nos núcleos. Além disso, o comunicado destaca que apesar do resultado positivo para as contas públicas, o risco fiscal ainda permanece elevado, colocando pressão sobre expectativas para inflação.
O Comitê destacou que existem fatores de riscos em ambas as direções: por um lado, uma desaceleração do preço das commodities, ainda que parcial, produziria uma trajetória abaixo do cenário base para inflação do Banco Central. Entretanto, prolongamentos das políticas fiscais, piorando a trajetória da política fiscal, podem elevar os prêmios de risco do país.
Em relação ao cenário externo, o comitê destacou que o ambiente se deteriorou consideravelmente. O conflito no leste europeu levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza sobre o cenário econômico global. Além disso, salientou que o choque de oferta tem potencial de criar fortes pressões inflacionárias adicionais.
O comunicado enfatizou que o horizonte relevante para política monetária é o ano corrente, porém, principalmente o ano de 2023. O Copom destacou que sua atuação visa combater os efeitos secundários do atual choque em diversas commodities, que se manifestam de forma atrasada na inflação. Além disso, caso o choque seja mais persistente ou mais longo que o projetado, o Banco Central estará pronto para alongar o ciclo de alta da taxa de juros, com objetivo não só de consolidar o processo de desinflação como também de ancorar as expectativas em torno de suas metas.
No cenário base do Banco Central, a projeção para inflação é de 7,1% em 2022 e 3,4% em 2023, com juros se elevando para 12,75% nesse ano e reduzindo para 8,75% em 2023. Entretanto, diante da grande incerteza com relação ao preço do petróleo no mercado internacional, o comitê decidiu criar um cenário alternativo para projeção. Caso o preço do petróleo se mantenha em US$100/ barril até o final de 2022, aumentando 2% a.a. a partir de 2023, as projeções de inflação mudam para 6,3% em 2022 e 3,1% em 2023.