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Publicado em 01 de Fevereiro às 20:17:06

Decisão da taxa de juros (Copom): Banco Central decide manter taxa Selic em 13,75% a.a.

O Banco Central (BCB) decidiu manter, de forma unânime, a taxa Selic em 13,75% a.a., permanecendo no patamar mais elevado desde dezembro de 2016. Apesar da manutenção, o comunicado enfatiza que seguirá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de garantir a convergência da inflação no horizonte relevante, o qual engloba os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024.

 Foi sinalizado que a conjuntura particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se afastando da meta nos horizontes mais longos, requer maior atenção na condução da política monetária. Segundo o Comitê, este cenário é responsável por elevar o custo de desinflação para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse contexto, o Copom reafirmou que conduzirá a política monetária de modo a garantir o cumprimento das metas no horizonte relevante.

Nossa avaliação é que o comunicado veio mais hawkish do que o esperado pelo mercado, mas em linha com o nosso cenário, refletindo uma maior preocupação com o desenvolvimento dos riscos fiscais e seu impacto sobre a desancoragem das expectativas de inflação nos horizontes mais longos. Além disso, a divulgação do cenário alternativo do Banco Central, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo de todo o horizonte relevante, aponta que a convergência da inflação para a meta (3,0%) só ocorrerá no segundo semestre de 2024. Acreditamos que a combinação entre uma maior ênfase dada à deterioração das expectativas e à divulgação do cenário alternativo reduz significativamente o espaço para cortes de juros em 2023. Nesse cenário, entendemos que o BC seguirá comprometido em entregar a convergência da inflação no horizonte relevante, enfatizando que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não ocorra como esperado.

No nosso cenário base, diante dos riscos assimétricos para cima, sobretudo no que diz respeito à trajetória da dívida/PIB e os seus potenciais impactos sobre a trajetória de desinflação da economia brasileira, que se deterioraram significativamente desde a última reunião do Copom, mantemos a projeção de que o BC elevará a taxa de juros, que deve encerrar 2023 em 14,5% a.a.

No que diz respeito ao cenário doméstico, o Comitê apontou que o conjunto de indicadores de atividade mais recentes segue em linha com o cenário de desaceleração esperado pelo Copom. Além disso, apesar da inflação estar apresentando algum grau de arrefecimento, o Copom avalia que tanto a inflação ao consumidor quantos suas diversas medidas de inflação subjacente seguem acima do nível compatível com o cumprimento da meta para a inflação.

O comunicado destacou que existem riscos para o cenário inflacionário em ambas as direções. Os riscos altistas estão associados a maior persistência inflacionária global; a elevada incerteza em relação ao arcabouço fiscal brasileiro, sobretudo dos estímulos fiscais que impliquem em sustentação da demanda agregada; e um hiato do produto mais estreito que o utilizado pelo Comitê em seu cenário de referência, em particular no mercado de trabalho. Por outro lado, os riscos de baixa estão ligados a um arrefecimento dos preços das commodities em moeda local; uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023.

No cenário base do Banco Central, a projeção para inflação passou de 5,0% para 5,6% em 2023 e aumentou de 3,0% para 3,4% em 2024. As projeções para a inflação de preços administrados passaram de 9,1% para 10,6% em 2023 e de 4,2% para 5,0% em 2024. O Comitê reiterou o foco no horizonte de política monetária de seis trimestres à frente (3º tri de 2024), cuja projeção de inflação acumulada em doze meses passou de 3,3% para 3,6%.

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