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Publicado em 20 de Junho às 10:05:20

Decisão de taxa de juros (Copom): Banco Central mantém a taxa Selic em 10,5% a.a.

O Banco Central (BCB) manteve a Selic inalterada em 10,5% a.a., interrompendo o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em agosto de 2023, refletindo o elevado grau de incerteza global e o cenário doméstico marcado por resiliência da atividade, elevação das projeções de inflação e desancoragem das expectativas. Diferentemente da reunião anterior, a decisão foi unânime e ficou em linha com o consenso de mercado (Broadcast+). O documento reforça que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. Nesse contexto, o Comitê ressalta que eventuais ajustes futuros nas taxas de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação para a meta, dando prosseguimento a instância de condução da política monetária mais dependente dos dados.

Cabe destacar que em relação ao comunicado anterior, foi adicionado um cenário alternativo que considera a manutenção da taxa Selic estacionada em 10,5% a.a. até o final de 2025, gerando projeções de inflação de 4,0% em 2024 e 3,1% em 2025. Se por um lado a inclusão desse trecho sugere que o Comitê avalia não ser necessário elevar a taxa de juros para a inflação convergir para a meta, por outro, aumenta a probabilidade de que a Selic fique estável no atual patamar até o final do próximo ano para que tal objetivo seja cumprido.

No que tange o cenário externo, o Comitê avalia que este se mantém mais adverso, em função da incerteza elevada em torno da flexibilização monetária nos EUA e da velocidade com que se observará a queda da inflação sustentadamente em diversos países. Nesse contexto, o Comitê segue reforçando que os banco centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente marcado por pressões no mercado de trabalho, demandando maior cautela por parte de países emergentes.

No que diz respeito ao cenário doméstico, o Comitê segue avaliando que a atividade econômica e o mercado de trabalho apresentam dinamismo maior do que o esperado. Além disso, apesar da continuidade da trajetória de desinflação do índice cheio do IPCA, a diretoria segue avaliando que medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para inflação em divulgações mais recentes.

Embora o comunicado tenha optado por manter o balanço de riscos da reunião anterior, cabe destacar que o comitê optou por enfatizar que tanto a conjuntura doméstica quanto a internacional seguem mais incertas, exigindo maior cautela na condução da política monetária. Segundo a diretoria, existem fatores de risco para a inflação que atuam em ambas as direções.  Os riscos altistas estão associados à uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Por outro lado, os riscos de baixa estão ligados a uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

O Comitê reconhece que a conjuntura atual segue sendo marcada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e pela ampliação da desancoragem das expectativas de inflação, demandando maior serenidade e moderação na condução da política monetária. Além disso, foi ressaltado que a diretoria segue monitorando com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impacta a política monetária e os ativos financeiros, reafirmando que uma política fiscal crível contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e queda dos prêmios de risco, beneficiando a condução da política monetária.

Nossa avaliação é que o comunicado veio em linha com o esperado pelo mercado, em função da sinalização de necessidade de maior cautela em um contexto de elevadas incertezas domésticas e globais e de maior foco na desancoragem adicional das expectativas de inflação e da elevação das projeções de inflação do BC para determinar a condução da política monetária. O destaque da reunião ficou por conta do consenso entre os diretores no que diz respeito à necessidade de manter a Selic estável em 10,5% a.a. para garantir a convergência da inflação para a meta. A unanimidade deve reverter parcialmente a perda de credibilidade da autarquia, resultante da divergência nos votos da reunião de março, que foi responsável pela elevação do risco de que a futura presidência, indicada pelo atual governo, tenha um perfil mais dovish, isto é, mais leniente com o processo inflacionário. O comunicado de hoje é condizente com a nossa expectativa de que a Selic fique estacionada em 10,5% a.a. até o final de 2025, refletindo a necessidade de manter a política monetária em terreno mais contracionista e por um período maior do que o antecipado.

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