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Publicado em 20 de Março às 22:14:57

Decisão de taxa de juros (Copom): Banco Central reduz a taxa Selic para 10,75% a.a.

O Banco Central (BCB) reduziu a Selic em 0,5 p.p. para 10,75% a.a., em função da continuidade do processo de desinflação e da desaceleração da economia no ritmo esperado pelo comitê, dando continuidade ao processo de flexibilização da política monetária, conforme já antecipado na reunião de janeiro. Da mesma forma que a última reunião, a decisão do Comitê foi unânime e ficou em linha com o consenso de mercado (Broadcast+). Entretanto, o comunicado veio com alterações em relação à reunião anterior, sugerindo que o BC adotará uma postura mais cautelosa em função do cenário mais incerto e da consequente necessidade de maior flexibilização. Nesse sentido, em se confirmando o cenário esperado, o Comitê, unanimemente, antevê redução da mesma magnitude na próxima reunião, avaliando que esta é a estratégia mais adequada para garantir que o processo de convergência de inflação ocorra como esperado.

No que tange o cenário externo, o comitê manteve a sinalização de que o ambiente segue volátil, marcado pelos debates em torno do início da flexibilização monetária nas principais economias e da velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada. Isso alterou o trecho do comunicado anterior, que enfatizava os debates em torno de sinais de queda dos núcleos de inflação em diversos países. Nesse contexto, o comitê segue reforçando que os banco centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente marcado por pressões no mercado de trabalho, demandando maior cautela por parte de países emergentes.

No que diz respeito ao cenário doméstico, o Comitê adotou uma postura mais cautelosa em relação ao seu diagnóstico sobre a dinâmica inflacionária atual. Apesar da sinalização de que a inflação ao consumidor manteve sua trajetória de desinflação, a diretoria optou por enfatizar que as medidas de inflação subjacente situaram-se acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes, ao contrário do comunicado anterior, no qual o comitê optou por uma sinalização mais benigna da trajetória inflacionária. Essa alteração adiciona um tom mais duro ao comunicado, reforçando a percepção de que o banco central adotará uma postura mais cautelosa diante das incertezas em torno da dinâmica inflacionária corrente.

Embora o comunicado tenha optado por manter o balanço de riscos da reunião anterior, cabe destacar que o comitê optou por enfatizar que tanto a conjuntura doméstica quanto a internacional estão mais incertas, demandando maior cautela na condução da política monetária. Segundo a diretoria, existem fatores de risco para a inflação que atuam em ambas as direções.   Os riscos altistas estão associados à uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Por outro lado, os riscos de baixa estão ligados à uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

O Comitê reconhece que a conjuntura atual segue sendo marcada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação que apresentam apenas uma reancoragem caracterizada como parcial. Além disso, foi reafirmada a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, reiterando a importância da firme persecução da meta de resultado primário. Vale destacar que o comitê avalia que o cenário-base não se alterou substancialmente, entretanto, devido à elevação da incerteza doméstica e externa, a condução da política monetária demanda uma maior flexibilidade. Este cenário está em consonância com as comunicações anteriores em que o BC enfatizou a necessidade de conduzir a política monetária com serenidade e cautela, a fim de atingir a ancoragem das expectativas em torno de suas metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em maior grau, o de 2025, que se encontra desancorada em 3,5%.

Nossa avaliação é que o comunicado veio mais duro do que o esperado pelo mercado, diante da alteração do forward guidance de duas reuniões à frente para apenas uma no ritmo atual de 50 pontos base, aumentando as chances de que haja uma redução no ritmo de flexibilização monetária a partir da reunião de junho. Entretanto, cabe destacar que o Comitê sinalizou que o cenário-base não se alterou substancialmente, dando a entender que o atual plano de voo ainda pode ser executado. Além disso, vale ressaltar a opção por sinalizar uma elevação da incerteza doméstica no que diz respeito à dinâmica das métricas de inflação subjacente, que demandam uma maior flexibilidade na condução da política monetária. Nesse sentido, acreditamos que a decisão de hoje aponta para uma taxa de juro ao final do ciclo mais alta do que a projetada pelo consenso de mercado (9,00% a.a.). Entretanto, esta estratégia segue consistente com nossas projeções de cortes da Selic em 50 bps nas duas próximas reuniões e um corte final de 25 bps na reunião de julho, atingindo o patamar terminal de 9,5% a.a.

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